[{"jcr:title":"A era da mídia sintética: o conflito entre inovação e regulação"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"A era da mídia sintética: o conflito entre inovação e regulação","jcr:description":"A criação de conteúdos por algoritmos de inteligência artificial pode tornar obsoletos os trabalhos de dubladores, dublês e figurantes"},{"subtitle":"A criação de conteúdos por algoritmos de inteligência artificial pode tornar obsoletos os trabalhos de dubladores, dublês e figurantes","author":"Ernesto Yoshida","title":"A era da mídia sintética: o conflito entre inovação e regulação","content":"A criação de conteúdos por algoritmos de inteligência artificial pode tornar obsoletos os trabalhos de dubladores, dublês e figurantes   Bruno Spiandorin, Francisco Pereira, Julia Habermann, Mariana do Val e Pedro Carneiro   Em meio a recente greve em Hollywood, a pauta da inteligência artificial tem ganhado relevância na mídia internacional. Grupos da indústria cinematográfica estão se manifestando contra o uso de mídia sintética nas produções, dado que essa tecnologia se mostra como uma ferramenta que ameaça substituir o trabalho dos mesmos. Mídia Sintética, ou synthetic media, se refere a criação de conteúdos por algoritmos de inteligência artificial, onde modelos de machine learning reconhecem e analisam padrões de inputs de dados e são capazes de criar conteúdos digitais, como imagens, vídeos, ou áudios a partir de dados pré-existentes. Esses algoritmos são capazes de processar dados disponíveis e gerar representações realistas de pessoas e diálogos que nunca ocorreram na realidade. Essa ferramenta traz riscos para a indústria cinematográfica, uma vez que pode tornar os trabalhos de dubladores, dublês e figurantes, obsoletos. Esse diálogo se traduz de forma ainda mais problemática para o Brasil, uma vez que a indústria local é ofuscada por produções internacionais e não conta com grandes investimentos e incentivos. Ademais, nosso país se mostra ainda mais vulnerável dado a capacidade que essa tecnologia tem de disseminação de fake news e desinformação, por meio da criação de vídeos ou áudios convincentes de figuras públicas disseminando declarações fictícias. Esse já é um problema que está sendo discutido pela PL das Fake News, mas essa nova ferramenta, que não conta com regulações nem no âmbito nacional quanto no internacional, veio para mudar as regras do jogo. Já tivemos uma pequena prévia do potencial de uso dessa IA com a nova propaganda da Volkswagen, que conta com o protagonismo da falecida artista brasileira Elis Regina. A ação se tornou um grande debate entre aqueles que ficaram maravilhados em ver novamente um ícone brasileiro em uma campanha, e aqueles que acharam absurdo o uso da imagem de alguém que não está mais vivo para expressar seus desejos. Essa propaganda evidencia o conflito entre a vulnerabilidade e limitação de inovação desta nova era tecnológica. O limite está em garantir que haja avanços tecnológicos sem comprometer os direitos e a dignidade de indivíduos ou de grupos vulneráveis, como crianças, artistas já falecidos, ou figuras conhecidas, seja por criar um ambiente no qual seus empregos sejam colocados em risco, ou por permitir que suas imagens sejam utilizadas de maneira indevida. A PL 2338, do Senador Rodrigo Pacheco, aprofunda o diálogo da necessidade de uma regulação no âmbito público para IA, além de uma parceria com o setor privado, para garantir a cooperação das empresas e o acatamento das regras. Entretanto, a rápida evolução dessa tecnologia faz com que legislações feitas há um mês já se tornem ultrapassadas. Para alcançarmos este equilíbrio necessitamos de uma autoridade competente que se torne responsável por garantir a regulação dessa dinâmica, garantindo que ela se mantenha atualizada e apropriada à situação do País. Artigo enviado para a Folha de S. Paulo."}]