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Três livros para entender o passado e olhar para o futuro

As indicações são do professor David Kallás, especialista em gestão e estratégia e coordenador dos cursos de pós-graduação lato sensu do Insper

As indicações são do professor David Kallás, especialista em gestão e estratégia e coordenador dos cursos de pós-graduação lato sensu do Insper

 

David Kallás

 

Além de coordenar os cursos de pós-graduação lato sensu do Insper, também atuo em sala de aula como professor de estratégia. Normalmente, se associa estratégia a planejamento estratégico e a olhar para o futuro. Entretanto, aprendemos também que um dos fatores mais importantes é o que chamamos de “path dependency” — ou, em tradução livre, “dependência da trajetória”. Em outras palavras, entender bem o passado e as circunstâncias que nos trouxeram até aqui nos ajuda muito a compreender o porquê de nossa realidade e o que pensar para o futuro.

Dito isso, sugiro alguns livros que remontam à história da humanidade e do Brasil, e que estão entre os preferidos que já li.

 

1. Armas, Germes e Aço: Os destinos das sociedades humanas, de Jared Diamond

Capa do livro Armas, Germes e Aço

 

Instigado por uma pergunta de um papua sobre o porquê de o padrão da civilização ser igual ao dos europeus e não ao dos papuásios, Jared Diamond desenvolve uma surpreendente teoria a respeito dos fatores que moldaram a evolução dos povos. Segundo ele, o destino da humanidade foi influenciado por fatores geográficos e ambientais, como clima, condições naturais e disponibilidade de animais passíveis de domesticação, por exemplo.

Conforme observa a sinopse do site Amazon: “Através de uma viagem de 13 mil anos de história dos continentes, Jared Diamond conclui que a dominação de uma população sobre outra tem fundamentos militares (armas), tecnológicos (aço) ou nas doenças (germes), que dizimaram sociedades, asseguraram conquistas, proporcionaram a expansão dos domínios de determinados povos e, consequentemente, conferiu-lhes grande poder político e econômico”.

 

2. Por Que as Nações Fracassam: As origens do poder, da prosperidade e da pobreza, de Daron Acemoglu e James A. Robinson

Capa do livro Por que as nações fracassam

 

Acemoglu e Robinson questionam, em parte, o argumento de Diamond. Eles utilizam, logo no início do seu livro, o caso das cidades gêmeas de Nogales, separadas por uma fronteira. A cidade que fica no Arizona, EUA, tem renda média três vezes maior que a cidade irmã que fica no México. Diferenças desse tipo são notadas em aspectos como educação, saúde, infraestrutura e outros. Como isso seria possível, dado que ambas as cidades se situam nas mesmas condições geográficas e ambientais? A resposta, segundo os autores, parte do conceito das instituições.

Diz a resenha da Amazon: “As estruturas sociais criadas pelo homem são o que sustenta o sucesso econômico ― e o fracasso ― das nações. Os países só escapam à pobreza quando dispõem de instituições adequadas. (…) Acemoglu e Robinson defendem, ainda, a tese original de que a probabilidade de os países desenvolverem boas instituições é maior quando contam com um sistema político pluralista e aberto, com disputa de cargos, eleitorado amplo e espaço para a emergência de novos líderes”.

Vale salientar que, caso você leia a edição comemorativa de 20 anos de Armas, Germes e Aço, irá se deparar com um posfácio, escrito em 2017 por Diamond, no qual ele tece uma elegante tréplica a Acemoglu e Robinson, num debate enriquecedor.

 

3. A Capital da Solidão, de Roberto Pompeu de Toledo

Capa do livro A capital da solidão

 

Saindo da análise mundial, vale a pena tentar entender os antecedentes locais, sejam geográficos, sejam ambientais ou institucionais, que nos trouxeram ao Brasil de hoje. Tentei não buscar o óbvio, que seria citar as duas trilogias de Laurentino Gomes (1808, 1822 e 1889 — primeira trilogia — e os três volumes de Escravidão — segunda trilogia). Por conta disso, sugiro focarmos especificamente nas condições históricas que moldaram o que é hoje a metrópole de São Paulo.

A Capital da Solidão conta a história de São Paulo, desde os primeiros naufrágios dos portugueses onde o que é hoje Santos e São Vicente, até o final do século XIX. Quando li, fiquei fascinado pela curiosidade empreendedora de quem olhava a Serra do Mar e tentava imaginar o que teria depois daquele paredão. O livro também passa pela fundação da cidade, ainda com os rios originais, as odisseias dos bandeirantes, os “séculos de solidão” e os primeiros sinais de prosperidade, a partir do café e, posteriormente, da criação da primeira faculdade de direito, no Largo São Francisco. Para quem se animar, ainda há um segundo volume, chamado A Capital da Vertigem, que conta a história da cidade no século XX.

 

Em tempo: gostaria de dedicar este texto aos meus amigos do Book Club, em especial ao seu fundador, o Dr. Eduardo Juan Troster.

 

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