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Insper recebe alunos do mestrado em mercado imobiliário da NYU interessados na realidade do setor no Brasil

Os estudantes assistiram a palestras organizadas pelo Laboratório com professores e especialistas sobre temas como o déficit habitacional no país, que atinge uma população equivalente à do estado do Rio de Janeiro

Os estudantes assistiram a palestras organizadas pelo Laboratório com professores e especialistas sobre temas como o déficit habitacional no país, que atinge uma população equivalente à do estado do Rio de Janeiro

Os alunos da NYU durante visita à favela de Heliópolis
Os alunos da NYU durante visita à favela de Heliópolis

 

Bruno Toranzo

 

Os alunos do curso de mestrado em mercado imobiliário da NYU Schack Institute of Real Estate, que fica em Nova York e está entre as mais conceituadas instituições de ensino dos Estados Unidos, estiveram no Insper em maio, em uma escala de sua viagem ao Brasil cujo objetivo foi conhecer a realidade do mercado imobiliário nacional, considerando principalmente as perspectivas das duas maiores metrópoles do país: São Paulo e Rio de Janeiro. No dia 23 de maio, os alunos assistiram, na sede do Insper, na capital paulista, a uma série de palestras — organizadas pelo Núcleo de Habitação & Real Estate do Laboratório Arq.Futuro de Cidades — a cargo de professores da escola e especialistas do setor. No dia seguinte, os alunos visitaram Heliópolis para conhecer a organizada atividade informal imobiliária que existe naquela favela que conta com mais de 100 mil habitantes. Nos dias 24 e 25 de maio, os alunos foram para o Rio de Janeiro e conheceram o centro e a zona portuária da cidade.

“O Núcleo de Habitação & Real Estate é o mais novo dos departamentos do Laboratório e mira a criação de pontes entre as políticas públicas de moradia e o mercado imobiliário. É fundamental construir multidisciplinaridade na prática e conjecturar sobre a complexidade das soluções habitacionais em escala, com continuidade e sustentabilidade de que o Brasil precisa”, diz o arquiteto e urbanista Washington Fajardo, coordenador do núcleo ao lado do cientista social e arquiteto José Police Neto.

Fajardo observa que uma das metas do Núcleo de Habitação & Real Estate é buscar parcerias com outras instituições de ensino e aprender com as melhores práticas internacionais. “Foi nesse sentido que organizamos quatro dias de atividades com o Schack Institute of Real Estate da NYU, em São Paulo e no Rio. A ideia foi oferecer um panorama do desenvolvimento urbano nessas duas cidades e iniciar um diálogo entre as duas escolas.”

Um dos especialistas convidados para dar palestra aos estudantes foi Danilo Igliori, professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). “A construção de soluções de problemas urbanos muito ganha com o compartilhamento de ideias e experiências. Os debates que ocorreram durante a visita de alunos e professores da NYU ao Laboratório ArqFuturo de Cidades foram muito proveitosos neste sentido”, comentou Igliori.

 

Planejamento de longo prazo

As palestras no Insper abordaram diversos temas do mercado imobiliário, como o plano diretor de São Paulo e sua política de urbanismo. Além disso, demonstraram como a capital paulista se organiza para que o mercado imobiliário desenvolva seu planejamento de longo prazo. Essa previsibilidade contribui para que o município receba investimentos de empresas interessadas em construir prédios comerciais e residenciais, especialmente nas regiões mais demandadas, como a da Faria Lima. Houve, também, espaço para a apresentação das expectativas do mercado financeiro em relação ao setor imobiliário, incluindo o cenário de crédito e das taxas de juros. Neste momento de Selic alta, os financiamentos imobiliários ficam muito caros, desmotivando a aquisição de imóveis e enfraquecendo, portanto, a atividade imobiliária.

“O foco das palestras foi mostrar o dinamismo do nosso mercado imobiliário. Sabemos que os Estados Unidos, especialmente Nova York, têm ritmo imobiliário intenso e mostramos que São Paulo tem características semelhantes, representando igualmente uma potência em termos de produção imobiliária”, disse Marcelo Ignatios, consultor em planejamento urbano e também convidado para ser um dos palestrantes.

O déficit habitacional, um problema no Brasil há décadas, também foi tema de palestra. São cerca de 17,4 milhões de habitantes nessa situação, o correspondente à população do estado do Rio de Janeiro, de acordo com a Fundação João Pinheiro. Essas pessoas estão divididas em três categorias: habitação precária, coabitação e ônus excessivo com aluguel. Uma das questões trazidas à tona pelos alunos da NYU foi o motivo de o Brasil não concentrar seus esforços no aluguel voltado para essa população, com o propósito de reduzir o elevado déficit habitacional.

“Existe no Brasil uma questão cultural de defesa do direito à moradia por meio da transferência de propriedade. O caminho nunca foi estimular o acesso por meio do aluguel, ainda que a moradia esteja bem localizada nos centros urbanos. O atendimento à demanda habitacional por meio exclusivo da transferência de propriedade é muito lento, pois estamos falando de altos investimentos por parte do Poder Público, o que torna complexa a resolução em curto prazo”, explica Ignatios.

 

Redução das desigualdades

O encontro com alunos da NYU buscou discutir como a atividade imobiliária contribui para reduzir as desigualdades socioterritoriais. Além de uma política pública bem estruturada voltada para o combate dessas desigualdades, a própria sociedade civil pode atuar. Um bom exemplo é o da UNAS – União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região, uma entidade sem fins lucrativos que surgiu no fim da década de 1970, quando os moradores da localidade se reuniram com o objetivo de lutar pelo direito à moradia e posse da terra.

Desde o início, o conceito de bairro educador norteia o trabalho da UNAS. Para isso, o território de Heliópolis é entendido como um lugar onde todas as pessoas precisam estar inseridas em um processo de educação com base na autonomia, na responsabilidade e na solidariedade, fazendo com que a escola e os projetos sociais sejam centros de liderança na comunidade. A entidade impacta cerca de 9 mil pessoas diretamente por mês, com 55 projetos sociais nas áreas de moradia, educação, cultura, assistência social, esporte, saúde e trabalho, entre outras.

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