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Empreendedores destacam avanços nas startups aceleradas pelo Insper

Desenvolvimento de aplicativo próprio para automatizar operação, mentor que virou sócio e transição de negócio estão entre as evoluções proporcionadas pela aceleradora FOKS

Desenvolvimento de aplicativo próprio para automatizar operação, mentor que virou sócio e transição de negócio estão entre as evoluções proporcionadas pela aceleradora FOKS

 

Bruno Toranzo

 

Passados oito meses desde o lançamento da aceleradora FOKS, voltada para alunos e ex-alunos do Insper, as três startups escolhidas para receber o suporte e a orientação do programa mostram avanços. A Moxen, especializada em live commerce, percebeu a necessidade de automatizar seus processos e desenvolver um aplicativo próprio para escalar o negócio. A Lounge.161, imobiliária focada em apartamentos compactos, recebeu mentoria para estruturar sua máquina de vendas e busca investir em tecnologia para oferecer projeções aos investidores. A Talura, marketplace de fretes internacionais, adotou o modelo as a service voltado para analytics, aproveitando os dados para oferecer estratégias mais assertivas aos parceiros. Nos três casos, a aceleração visa contribuir para o amadurecimento e a evolução estrutural das startups diante de um mercado cada vez mais exigente.

“A operação consumia todo nosso tempo, e essa preocupação tirava nosso sono, pois não iríamos a lugar algum fazendo dessa forma. Tudo era muito manual e exigia nossa atenção ou esforço integral”, relembra Felipe Ruiz, fundador da Moxen. “Percebemos, por meio do auxílio da aceleradora, que precisaríamos tomar a decisão de diminuir momentaneamente a operação, dar menos foco para ela, a fim de primeiro desenvolver o produto, o aplicativo, que tornasse os processos automatizados, permitindo depois disso que o negócio possa escalar e aumentar nossa margem de lucro.”

A empresa vende produtos voltados para o público geek, especialmente cartas de jogo, por meio de leilões realizados online. Antes da aceleração, esses leilões eram feitos por meio de serviço de streaming de vídeo transmitido pelo aplicativo Telegram. Esse modelo de comércio eletrônico é baseado em influenciadores digitais, que, usando sua credibilidade nas redes sociais, estimulam a compra de determinado produto. A estrutura ou dinâmica da Moxen, utilizando aplicativos de terceiros, foi substituída por um app próprio que começou a ser desenvolvido em dezembro do ano passado.

“As primeiras lives no aplicativo foram feitas em janeiro. Antes disso, criamos um grupo no WhatsApp e chamamos nossos melhores clientes compradores, que receberam acesso antecipado ao app em uma versão ainda muito inicial”, comenta Ruiz. “A versão beta do aplicativo foi lançada no fim de fevereiro, quando passamos a fazer todas as nossas lives de leilão por lá. Ainda não está nas lojas do Android e da Apple porque continuamos melhorando o app.”

Como vantagens da automatização dos processos, ele observa que tanto a aquisição de usuários como a operação financeira e a execução de leilões evoluíram bastante. O pagamento dos produtos arrematados nos leilões poderá ser feito por meio do cartão de crédito, e o Pix será uma opção logo na sequência. Houve avanço, também, na questão de analytics, com a geração de dados que fornecem inteligência sobre o negócio. “O app disponibiliza um painel com gráficos que analisam o que está acontecendo em tempo real, mostrando a saúde financeira da operação, como taxa de crescimento em cada categoria de produto, além do índice de erro do aplicativo, entre outras informações relevantes. Não tínhamos nada disso no Telegram”, diz.

Sobre os leilões, eles podem ser feitos agora de forma simultânea, já que o sistema registra automaticamente as vendas concretizadas e quem arrematou os produtos. “A cobrança era manual anteriormente, assim como o registro das operações, exigindo que acompanhássemos cada um dos leilões para anotar as informações em uma planilha. Sem contar que tínhamos de obter o comprovante dos pagamentos para verificar a entrada do dinheiro.”

Felipe Ruiz, da Moxen
Felipe Ruiz, fundador da Moxen

 

Mentor que virou sócio

Cada startup acelerada pela FOKS recebe o acompanhamento de um mentor, que pode ser um fundador de startup já estabelecida ou um profissional que não fundou esse tipo de empresa, mas conta com conhecimento técnico que pode contribuir para a evolução do negócio. Esses mentores de mercado fazem parte da rede de ex-alunos do Insper. A Lounge.161, primeira imobiliária especializada em apartamentos compactos com foco em venda para investidores, recebeu a mentoria de Leonardo Francuci, que se interessou pelo negócio a ponto de virar sócio. “Sua contribuição está sendo muito relevante para nós, assim como foi a da Paula Rathsam, da Plugify, que nos ajudou a estruturar a parte financeira da startup”, destaca Enzo Pravatta, aluno do curso de Economia do Insper e fundador da empresa. Esses mentores, na avaliação dele, foram decisivos para o amadurecimento da gestão. “A aceleração não foi destinada para o resultado financeiro da startup, mas para a parte estrutural dela”, completa.

O principal desafio foi estruturar a máquina de vendas, definindo aspectos como priorização de canais, estratégias de conversão e métricas de crescimento. A FOKS, por meio dos encontros de aceleração, identificou uma sazonalidade nas vendas da Lounge.161 porque, em um mês bom de fechamento de negócios, a startup precisava na sequência dedicar toda sua equipe para a parte administrativa dessas operações, o que envolve, entre outras atividades, relacionamento próximo com os clientes. Como resultado, a empresa nesse período de viabilizar as vendas não conseguia fazer novas, comprometendo o trabalho de prospecção.

“Já estamos pensando no próximo passo. Nosso objetivo agora é investir em tecnologia para que o investidor consiga visualizar na nossa plataforma a projeção do custo do apartamento, incluindo IPTU e decoração, e de quanto ele vai receber no futuro em caso de aluguel ou venda”, diz Pravatta. “Esses dados em modelos preditivos estarão na internet, no nosso site, à disposição dos investidores, permitindo autonomia e melhores decisões de investimento.”

Enzo Pravatta, da Lounge.161
Enzo Pravatta, fundador da Lounge.161

 

Transição de negócio

A Talura, por meio do programa de aceleração FOKS, alterou o rumo do negócio. O marketplace de fretes internacionais resolveu abraçar o modelo as a service, com foco em analytics para fornecedores e parceiros de logística internacional. A intermediação entre embarcadores e fornecedores de frete continua sendo feita, oferecendo opções para quem precisa exportar ou importar. A diferença agora é que toda essa base de dados, como principais produtos importados ou exportados em determinado estado, pode também ser acessada pelas empresas que assinam a plataforma para que elas possam traçar estratégias e planejamentos mais assertivos. O objetivo inclusive é priorizar essa inteligência de dados oferecida ao mercado.

“A mentoria do Pedro Carvalho, da Cayena, foi decisiva para essa evolução no nosso modelo de negócio. Com o Pedro, estruturamos melhor nossos KPIs e identificamos os segmentos mais lucrativos, abrindo a possibilidade de atuação com o modelo as a service”, diz Arthur Lee, sócio da Talura. “Este ano se mostra mais desafiador para as startups no Brasil e no mundo, exigindo mudanças por parte delas, já que os fundos de venture capital estão olhando somente para aquelas com modelo de negócio mais rentável e que já tenha sido provado no mercado.”

Arthur Lee, da Talura
Arthur Lee, fundador da Talura

 

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