Realizar busca
test

Tech Week Insper abre com debate sobre o potencial da inteligência artificial

No primeiro dia do evento, participantes destacaram que a demanda pela tecnologia vai exigir conhecimentos sólidos em programação dos futuros cientistas da computação

No primeiro dia do evento, participantes destacaram que a demanda pela tecnologia vai exigir conhecimentos sólidos em programação dos futuros cientistas da computação

 

Leandro Steiw

 

Alguns meses depois da explosão de curiosidade sobre o ChatGPT, já é possível vislumbrar com mais clareza os potenciais da tecnologia de inteligência artificial (IA) generativa. E não são poucos. Principalmente, porque a versão conhecida do público deve evoluir para ferramentas mais poderosas no futuro. Essa foi uma das unanimidades da roda de conversa sobre inteligência artificial no primeiro dia da Tech Week Insper, na tarde de segunda-feira, 15 de maio.

Participaram do evento Marcel Saraiva, gerente nacional de vendas enterprise da indústria de tecnologia Nvidia, e Gabriel Fróes e Vanessa Weber, bacharéis em Ciência da Computação e empresários e criadores de conteúdo no canal Código Fonte TV. A mediação foi do jornalista Pedro Burgos, programador e coordenador do Programa Avançado em Comunicação e Jornalismo do Insper.

Eles lembraram que as pesquisas com inteligência artificial remontam à década de 1950 e que a tecnologia já fazia parte de muitos serviços e aplicativos usados cotidianamente nos últimos anos. A novidade, portanto, é a interface que permite a interação direta por meio de diálogos.

Dessa característica devem vir as principais mudanças no mercado de trabalho. “Há estimativas de que isso vai transformar diversas profissões”, disse Burgos. “A minha profissão de professor, por exemplo, vai mudar, porque a forma como as pessoas aprendem e tiram dúvidas vai mudar e o tipo de trabalho que podemos fazer, valendo nota, tem que mudar.”

Na profissão de programador, não será diferente. Vanessa acredita que é o início de uma revolução, que modificará a internet inclusive. “Usamos o ChatGPT para ajudar na criação de conteúdo e para tirar dúvidas, porque é muito mais fácil perguntar do que fazer uma busca no Google”, afirmou. “Mas vejo que até em coisas simples, como ajudar meu filho numa tarefa de casa, já se está partindo para o ChatGPT.”

Desde o primeiro vídeo sobre o Copilot (ferramenta de IA desenvolvida pelo GitHub e pela OpenAI) que fizeram para o Código Fonte TV, as falhas do modelo foram diminuindo. “E estamos na beiradinha do lançamento da nova versão, que vai trazer ainda mais novidades”, disse Vanessa. “É uma ferramenta de produtividade. Uma pesquisa do GitHub diz que a sensação de produtividade de quem está usando o GitHub Copilot chega a 80% de melhora.”

Para Fróes, a IA generativa vai mudar o paradigma e o jeito com que os programadores lidam com os códigos. A versão mais recente do GitHub consegue gerar o tradicional jogo da cobrinha em 15 minutos, desde que não se peça nada mais complexo. O bom programador, portanto, deverá saber fazer as perguntas certas às ferramentas de IA e reconhecer os erros que ela comete. Uma opinião que aponta na direção da ascensão do chamado engenheiro de prompt.

Saraiva falou sobre a importância de o cientista da computação e do cientista de dados estarem atentos às mudanças, conhecerem as demandas do mercado e saberem programar. Por mais que se usem as soluções de inteligência artificial, o programador é que saberá qual a linha de código a mexer para solucionar os problemas. “Saber qual parafuso certo a apertar é um conhecimento que vamos levar independentemente da ferramenta”, comparou Saraiva.

No balanço mais atualizado, a área de inteligência artificial foi responsável por quase 70% do número de vendas da Nvidia — os demais 30% foram games. “No ano passado, estaríamos falando de metaverso na inteligência artificial”, disse Saraiva. “Agora, virou a chave e é ChatGPT. E as empresas entram numa loucura de usar essas tecnologias, não importa como. De um lado, há empresas tentando usar essas tecnologias de qualquer jeito. De outro, gente buscando desenvolver, criar e oferecer serviços. Essa parte está bombando.”

 

Qual é o limite?

A evolução da tecnologia vai impor novos desafios éticos, políticos e econômicos para a humanidade. Algumas experiências já mostraram como produtos de inteligência artificial sem supervisão humana descambaram para o discurso de ódio. E, nessa onda, as discussões sobre regulamentação serão inevitáveis. Para Saraiva, algum tipo de regulação será necessário, como já ocorre no mercado de hardware com as leis de comércio exterior.

A Nvidia, por exemplo, não pode vender sua GPU mais poderosa, a H100, para a China e a Rússia, por restrição dos Estados Unidos. Para compensar, foi criada uma versão do produto limitada à regulamentação americana, que a China acabou comprando em maior quantidade. Regular softwares, no entanto, é mais difícil, porque os desenvolvedores são, muitas vezes, empresas pequenas que trabalham com soluções muito baratas, afirmou Saraiva.

Segundo Burgos, ninguém tem todas as respostas ainda. “Cada governo vai definir os seus limites”, disse. E muitos desses limites vão impedir a extinção das atividades de certas profissões — algumas das quais, com a tecnologia atual, já poderiam ser executadas por inteligência artificial.

 


A Tech Week Insper prossegue até sábado, 20 de maio. Veja a programação completa neste link.

Este website usa Cookies

Saiba como o Insper trata os seus dados pessoais em nosso Aviso de Privacidade, disponível no Portal da Privacidade.

Aviso de Privacidade

Definições Cookies

Uso de Cookies

Saiba como o Insper trata os seus dados pessoais em nosso Aviso de Privacidade, disponível no Portal da Privacidade.

Aviso de Privacidade