Dois livros e um documentário imperdíveis, segundo a professora Flavia Piazza

 

A lista a seguir — com dois livros e um documentário — foi indicada por Flavia Piazza, coordenadora do curso de graduação em Administração do Insper e que atua em disciplinas na Graduação e Educação Executiva. Ela tem experiência na área de negócios, com ênfase em empreendedorismo e comportamento organizacional. As obras recomendadas pela professora Flavia não têm relação direta com sua área de atuação profissional —podem interessar a qualquer pessoa que aprecie entretenimento de boa qualidade.

Limonov, a primeira obra sugerida pela professora Flavia, é um livro do escritor Emmanuel Carrère sobre a vida do russo Eduard Limonov, escritor, poeta, ativista político e líder do Partido Nacional Bolchevique da Rússia e que se tornou conhecido por suas opiniões controversas e por suas tentativas de derrubar o governo russo.

Eu sei por que o pássaro canta na gaiola é o primeiro livro autobiográfico de Maya Angelou, escritora, poetisa e ativista de direitos civis nos Estados Unidos. Neste livro, Maya relata sua infância difícil e os desafios que enfrentou como mulher negra no sul dos Estados Unidos em tempos de segregação racial. Maya publicou vários livros de poesia, romances e peças de teatro e trabalhou também como atriz.

Tarja Branca – A revolução que faltava é um documentário dirigido por Cacau Rhoden que mostra apluralidade do ato de brincar e sua conexão com o comportamento humano contemporâneo. Com depoimentos de adultos de diversas gerações, origens e profissões, o filme traz reflexões sobre a importância das brincadeiras infantis para a formação social, intelectual e afetiva das pessoas.

Saiba mais a seguir.

 

Limonov

Editora Alfaguara (1ª edição, 2013), 344 páginas.

Limonov é um eletrizante livro sobre a vida do escritor Eduard Limonov (1943-2020), uma das figuras mais controversas da Rússia. O autor, o francês Emmanuel Carrère, descreve a vida de Limonov como um verdadeiro romance de aventura, desde sua infância triste até suas tentativas de ganhar respeito da elite intelectual literária da Rússia, passando por sua imigração para os Estados Unidos e a França e seu retorno à Rússia como líder de um grupo de jovens desesperados. O livro desafia as narrativas que tendem a esconder a violência, a anarquia e a brutalidade da segunda metade do século 20.

Para obter informações precisas sobre Limonov, Carrère teve encontros diários durante duas semanas com o próprio personagem. Limonov se considerava um herói, mas é tido como um traidor por muitos russos. Carrère não julga o personagem e apresenta sua vida cheia de peripécias como um verdadeiro romance de aventuras.

Flavia Piazza: “É um livro de não ficção com narrativa de romance. Relata a vida de um tratante/revolucionário russo com detalhamento histórico interessantíssimo. O livro me mostrou um outro ponto de vista para a história da Revolução Russa. Parte da história se passa na Ucrânia, hoje envolvida em guerra com a Rússia.”

 

Eu sei por que o pássaro canta na gaiola

Editora Astral Cultural (1ª edição, 2018), 336 páginas.

Este livro é o primeiro de sete obras autobiográficas escritas pela americana Maya Angelou (1928-2014), cujo nome verdadeiro era Marguerite Ann Johnson. Publicado originalmente em 1969, o livro narra a história da infância e do amadurecimento de Maya no segregado sul dos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940.

O livro começa com Maya e seu irmão Bailey sendo enviados para morar com a avó em Stamps, Arkansas, após o divórcio dos pais. Lá eles enfrentam o racismo e a pobreza, mas encontram consolo no amor de sua avó e na unida comunidade afro-americana.

A vida de Maya dá muitas reviravoltas enquanto ela se muda para várias cidades e tenta encontrar seu lugar no mundo. Ela é vítima de abuso sexual ainda jovem e luta contra o trauma por muitos anos. Ao longo do livro, Maya reflete sobre as lutas e os triunfos de sua vida e a importância da resiliência e do amor-próprio diante da adversidade.

Flavia Piazza: “Uma história forte sobre racismo e abuso, contada de forma sensível e emocionante. Mostra como a literatura pode ser um instrumento de expressão da liberdade. O livro me emocionou muito com sua força aliada à sensibilidade para contar histórias tão duras de racismo e abuso.”

 

Tarja Branca – A revolução que faltava

Documentário dirigido por Cacau Rhoden (2014, 1h 20min)

Este documentário explora a importância do brincar em diferentes fases da vida e os impactos dessa escolha na vida social. O filme investiga as memórias da infância dos adultos e reflete sobre como o brincar — uma ação fundamental para a natureza humana — pode estar interligado com o comportamento humano contemporâneo e seu “espírito lúdico”. A narrativa se compões de três partes: a necessidade de brincadeiras para as crianças, a importância de proporcionar aos adultos momentos de descontração e diversão e a representação da cultura popular brasileira.

O documentário apresenta entrevistas com vários adultos de diferentes formações e profissões, discutindo suas experiências e perspectivas sobre o brincar. São personagens interessantes como músicos, atores, psicanalistas, escritores, DJs e artistas plásticos, entre outros. Em síntese, o filme apresenta momentos de reflexão valiosos e destaca a importância de manter o espírito lúdico ao longo da vida.

Veja o trailer aqui.

Flavia Piazza: “É um documentário sobre a importância das brincadeiras na infância para a vida adulta. Reflete sobre o ouvir e o compartilhar e seu impacto na criatividade, tão relevante para todas as profissões atuais. O filme mostra como criatividade é algo que precisamos cultivar desde a infância. E criatividade é fator essencial para o empreendedorismo, minha área de atuação.”