A inteligência artificial é uma das protagonistas das mudanças observadas no campo para produzir mais com menor custo

 

Anderson Nacaxe*

 

Sabemos que o Brasil é uma grande potência quando o assunto é produção de grãos e temos o privilégio de ser o segundo maior exportador do mundo nessa área. O agronegócio corresponde a aproximadamente 30% do PIB brasileiro e é um setor essencial para o desenvolvimento econômico do país. Nesse mercado em constante expansão, aumentar a eficiência e automatizar alguns processos são fundamentais para produzir mais com menor custo.

Recentemente, estive na maior feira de agronegócio do país, a Agrishow 2023, realizada no início de maio em Ribeirão Preto, no interior paulista. Um dos principais assuntos da feira foram os benefícios que estão surgindo com a disseminação da tecnologia no campo. A inteligência artificial é uma das protagonistas dessa mudança. Com ela integrada aos computadores, às colheitadeiras e a outros equipamentos, os produtores rurais têm conseguido reduzir o custo de produção e aumentar a produtividade.

Uma das principais tendências que pude notar na Agrishow 2023 é a utilização da tecnologia como principal aliada para atividades no campo. Em grande parte dos casos são alternativas que têm como objetivo gerar mais assertividade no dia a dia do produtor para que ele produza com máxima eficiência. Uma das principais tecnologias apresentadas no evento está ligada ao machine learning, que utiliza bancos de dados e monitoramento de computadores e máquinas, na maioria das vezes em tempo real, para a geração de análises do status atual e futuro da produção. Além dele, podemos mencionar a internet das coisas, que utiliza tecnologia embarcada em máquinas, como sensores de solo, para transmitir informações de campo em tempo real. Essa é uma ferramenta que tem influenciado diretamente nas tomadas de decisão, que se tornaram mais assertivas e inteligentes, já que as informações são geradas por sensores e por máquinas.

Não poderíamos deixar de citar a ascensão das tecnologias chamadas de preditivas, que apresentam soluções e utilizam dados para identificar problemas, como pragas, antes que eles surjam. São ferramentas que, literalmente, podem orientar os produtores onde investir mais ou onde investir menos.

Em resumo, a Agrishow evidenciou tecnologias que estão sendo aplicadas em diversos setores do agronegócio, como a mudança das transações financeiras dos produtores. Na Agrotoken, por exemplo, estamos criando uma nova camada de tecnologia no agro, provendo uma infraestrutura de digitalização do grão físico, tornando-o um meio de pagamento muito mais eficiente, que serve também de garantia para operações financeiras estruturadas, como empréstimos e obtenção de crédito mais acessível.

O que levamos para a feira e estamos implementando no Brasil há mais de um ano busca unir os três principais setores da economia brasileira em parceria com grandes distribuidoras de máquinas agrícolas e bancos industriais. O pagamento de maquinários por grãos de soja e milho com a facilidade do token, a nova moeda digital do agro, já é uma realidade.

O fato é que, com a tecnologia, é possível facilitar a integração entre os agentes de uma cadeia produtiva com o produtor de commodities que sustenta a economia.  A moeda digital, neste caso, não só protege, mas também assegura que os ativos dos produtores rurais transformados em tokens não entrem no looping de desvalorização da moeda. Esses tokens podem ser gerados apenas por produtores rurais, e a partir de documentação. É o mundo digital conectado com um dos maiores setores que movimentam o país.

 

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* Anderson Nacaxe, alumnus do Insper, é economista com pós-graduação em Engenharia Financeira e MBA em Finanças. É country manager da Agrotoken no Brasil.