[{"jcr:title":"A tecnologia desafia os estereótipos e as nossas certezas"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"A tecnologia desafia os estereótipos e as nossas certezas","jcr:description":"Será que o novo cenário de tecnologia privilegia nativos digitais ou pessoas que leem muito, visitam exposições e se permitem olhar para vida com curiosidade, disposição e abertura ao novo?"},{"subtitle":"Será que o novo cenário de tecnologia privilegia nativos digitais ou pessoas que leem muito, visitam exposições e se permitem olhar para vida com curiosidade, disposição e abertura ao novo?","author":"Ernesto Yoshida","title":"A tecnologia desafia os estereótipos e as nossas certezas","content":"Será que o novo cenário de tecnologia privilegia nativos digitais ou pessoas que leem muito, visitam exposições e se permitem olhar para vida com curiosidade, disposição e abertura ao novo?       Renata Frischer Vilenky *   Já ouvi e li, por diversas vezes, que os idosos sofrem com a engenharia social porque não são nativos digitais e, por isso, têm muita dificuldade de se relacionar com o mundo atual. De qual idoso estamos falando? Quando uma pessoa sucumbe às fraudes e às falcatruas de nosso país, é porque tem mais idade? Antes de entrarmos no mérito deste artigo, quero convidar o leitor a entender suas referências e avaliar se hoje, quando fala sobre qualquer situação e se sente capaz de rotular — jovem ou idoso, nativo digital ou analfabeto digital, culto ou ignorante, letrado ou não —, tem plena convicção de que seu espectro de visão e conhecimento abrange as diferentes características populacionais no Brasil e no mundo. Pense por apenas 3 minutos e veja se não precisa desafiar a conhecer mais sobre o país e o mundo. Agora que você já fez essa breve reflexão, vamos falar sobre um novo perfil profissional que está aparecendo e recebeu o nome de [engenheiro de prompt](https://www.insper.edu.br/noticias/com-o-chatgpt-a-engenharia-de-prompt-desponta-como-uma-nova-profissao/) . Esse profissional começou a surgir agora, na era das inteligências artificiais generativas, e o nome remete à lembrança do prompt do sistema DOS, um sinal gráfico que aparece no computador esperando que um comando seja enviado para processamento e devolução de uma resposta. Se olharmos como os novos softwares que usam IA estão trabalhando, temos uma linha onde digitamos o contexto desejado para escrever um texto, ou a descrição da imagem que queremos criar, ou ainda que tipo de documento ou vídeo queremos construir. Se as especificações não forem detalhadas, muito provavelmente o resultado será diferente do esperado. E esse modelo atual me lembra um dos maiores ruídos que tínhamos, e ainda temos, em entrega de projetos de tecnologia: o cliente interno, ao receber a entrega de um sistema, diz que o resultado é diferente do esperado, e o profissional de TI diz que o cliente recebeu exatamente o que pediu e, se não está lá, é porque não foi solicitado. Que mundo interessante este, não é? O conflito antigo entre as áreas de tecnologia das empresas e os clientes internos ou externos agora migrou para a maior coqueluche de mercado — a interação com as inteligências artificiais. A grande diferença é que agora não adianta reclamar porque, se você não souber pedir corretamente, não receberá o que quer e não poderá reclamar ou culpar ninguém a não ser você mesmo. Novos tempos! Mas o que vem se discutindo neste novo mundo é um ponto ainda pouco explorado que vai além de você saber fazer boas perguntas. Este cenário de especificações detalhadas exige conhecimento, leitura, repertório e, como diria o publicitário Walter Longo, você precisa entender a diferença entre confrontar, afrontar e enfrentar para assegurar que está se comunicando corretamente e produzirá o resultado esperado. Ao longo dos anos, é cada vez menor o público que lê, que frequenta espaços culturais diversos, que se expõe a diferentes experiências, que estuda assuntos em profundidade e, portanto, o repertório, o vocabulário e as referências tendem a reduzir nessas gerações, criando vantagem competitiva para as pessoas mais velhas que tinham e têm esse hábito em sua vida, ou pessoas que foram educadas com o hábito da leitura e cultura. Assim, será que o novo desenho do cenário de tecnologia privilegia nativos digitais ou pessoas que leem muito, visitam exposições, acessam diferentes formas de cultura, conversam e trocam com outras pessoas, escutam diferentes músicas e se permitem olhar para vida com curiosidade, disposição e abertura ao novo, permitindo que seu aprendizado, evolução e mudança ocorram de forma fluida cotidianamente? Será que para esse novo cenário, já presente em nossas vidas, idade é um fator restritivo ou, mais do que nunca, mentalidade, preconceito, superficialidade e outros atributos de característica individual é que contribuem ou prejudicam carreiras e convivências neste novo século? Com todas as mudanças pelas quais estamos passando, fazer previsões de morte e vida de profissões, como tem acontecido com frequência, ou definir o fim da humanidade tende a se tornar brincadeira ou mais um desafio do escape 360. Isso porque existem tantas possibilidades e tudo está tão aberto, que cabe a cada um de nós escolher e decidir como quer viver e quais os limites que queremos nos impor de forma positiva. É claro que as mudanças estão batendo à nossa porta todos os dias, mas é de acordo com nossas escolhas que nossa vida se desenhará. Do que precisamos tomar muito cuidado é querermos tanto criar rótulos e julgamentos para definirmos o futuro, que começaremos a estragar nosso presente e criar realmente a perspectiva ruim de que tanto falamos. Existe um [TED](https://www.ted.com/talks/angela_lee_duckworth_grit_the_power_of_passion_and_perseverance/transcript?language=pt) da psicóloga americana Angela Lee Duckworth sobre a garra como um dos fatores de sucesso. Se resumirmos de forma simples seus estudos e publicações, ela diz que se você tem um objetivo claro e sabe que, para conquistá-lo, precisará de dedicação, e que se trata de uma jornada e não de um evento — você buscará incansavelmente formas de alcançá-lo e se preparará cada vez mais para fazê-lo acontecer. Esse processo mental que exige disciplina, determinação, paixão e perseverança não tem a ver com idade ou qualquer outro rótulo. Tem a ver com disposição e foco em aprender, entusiasmo em conhecer e saber aplicar, curiosidade em abrir cada vez mais portas e janelas diferentes que lhe permitam ganhar novas referências e o ajudem a construir um pensamento crítico, sistêmico e analítico robusto que orientarão melhores decisões, melhores explicações e, consequentemente, melhores soluções. Se você acha que tudo isso é balela, teste qualquer software de inteligência artificial generativa e peça para criar uma imagem de Monet, por exemplo, com as referências que possui. Depois estude a arte de Monet e peça novamente para criar uma imagem do pintor. Veja as diferenças importantes no resultado e avalie a importância de conhecimento, repertório e leitura para sua vida. Bem-vindo ao século 21!   * Renata Frischer Vilenky  é  alumna  Insper do MBA de Administração da turma de 2008, coordenadora do Grupo Alumni de Tecnologia e membro da Academia Europeia da Alta Gestão. É conselheira de estratégia e inovação e mentora de projetos de inclusão social no Instituto Reciclar e na ONG Gerando Falcões. É autora dos e-books  Artificial: Uma Oportunidade para Você Aprender  e  Startup: Transforme Problemas em Oportunidades de Negócio , ambos publicados pela Expressa Editora."}]