Jéssica de Araújo, Beatriz de Freitas e Ellen da Silva classificaram o seu aplicativo de ensino de Física em concurso nacional de ideias para dispositivos móveis
Leandro Steiw
O Programa de Bolsas ofereceu a três alunas do Insper acesso à parte dos requisitos para a participação na terceira etapa do 11º Campus Mobile, um concurso nacional de ideias e soluções para dispositivos móveis. No ano passado, Beatriz Rodrigues de Freitas, Ellen Coutinho Lião da Silva e Jéssica Lendaw Silva de Araújo encontraram-se no curso de Engenharia de Computação e criaram o Fisy, um aplicativo de ensino de Física para estudantes do Ensino Médio. “Foi muito bacana conhecer jovens de todo o Brasil com projetos voltados ao desenvolvimento nacional”, afirma Ellen. No Campus Mobile, elas participaram de oficinas de apresentação e modelo de negócios na Universidade de São Paulo e no Instituto Claro.
Beatriz foi criada em Juazeiro do Norte, no Ceará. “Desde pequena, meus pais investiram na minha educação e na dos meus irmãos, não apenas nos colocando na melhor escola em que podiam, mas também nos incentivando a buscar novos desafios e a aproveitar ao máximo as oportunidades de adquirir conhecimento”, conta. “Por isso, e por cada vez mais enxergar o mundo de possibilidades que uma boa educação poderia me proporcionar, sempre me dediquei à escola e busquei novas atividades que contribuíssem para o meu desenvolvimento.”
Com esse raciocínio, Beatriz participava das Olimpíadas Científicas, competições estudantis de ciências exatas e humanas, às quais atribui grande parcela do seu crescimento pessoal e intelectual. Os bons resultados nas disputas resultaram no convite para cursar o ensino médio na turma ITA, que prepara para a seleção do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em um colégio de Fortaleza. “Pude aprender com professores incríveis”, diz a estudante. “As olimpíadas também me permitiram conhecer alguns lugares do Brasil e outros alunos entusiasmados que não buscavam apenas resultados nas competições, mas se preocupavam em fazer a diferença para outras pessoas.”
A equipe de Beatriz, Ellen e Jéssica formou-se com esse pensamento, inspirado por diversas pessoas ao redor, sobre a importância da educação e de projetos que abrissem as mesmas oportunidades a outros estudantes brasileiros. As três decidiram participar do Campus Mobile para finalizar o desenvolvimento de um aplicativo — iniciado na disciplina Co-Design de Aplicativos com outros quatro colegas da Engenharia — que auxilia no ensino de Física para alunos de escola pública. É uma matéria fundamental para quem, como elas, pretende seguir essa carreira.
Ellen recorda as dificuldades que teve durante essa fase da escola, assim como muitos de seus colegas. “Física era o meu grande desafio: eu aprendia pelos vídeos do YouTube, mas em um ritmo bastante lento”, conta. “Não me sentia produtiva no momento de resolver exercícios, porque me sentia perdida e sem saber por onde começar. Foram muitas resoluções assistidas, lives de professores, mas, pela minha velocidade, boa parte da matéria programada se acumulava. Esse ponto me afetava emocionalmente, e dessa experiência partiu a ideia do projeto que inscrevemos no Campus Mobile.”
Morando em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, os pais de Ellen se empenharam em conversar com as duas filhas sobre a importância de entrar na faculdade e se dedicar para chegar lá. “A crença no poder transformador da educação me foi ensinado desde a infância”, diz Ellen. “Meus pais não tiveram a oportunidade de fazer um curso complementar, mas se esforçaram muito para fornecer essa base para mim e minha irmã. Hoje eles trabalham com aplicativos de transporte e meu pai segue o ‘legado familiar’, sendo autônomo com serviços de mecânica.”
Até então, conta Ellen, o caminho para alcançar o objetivo dos estudos significava dividir o dia em duas seções: o trabalho e a faculdade — com o segundo preenchendo significativamente o salário que receberia. “Foi na escola que aprendi que essa situação poderia ser diferente”, afirma. “Estudei integralmente pelo ensino público e passei o ensino médio na Escola Estadual Programa de Ensino Integral Padre Eustáquio, em Poá. Me desenvolvi muito nessa escola e, acima de tudo, na disciplina Projeto de Vida, que é integrada ao programa, aprendi que todo objetivo, inclusive a graduação, pode ser alcançado com boas doses de planejamento.”
A perspectiva de entrar na universidade como bolsista foi alimentando o sonho, reforçado por uma preparação séria para o vestibular: iniciativas voluntárias e gratuitas, vídeos no YouTube, muita prática de redação, questões e simulados. “Expresso também meu grande agradecimento para a Oficina de Apoio Insper e ao projeto Escola Pública Presente, porque ambos me trouxeram aprendizagens valiosas para toda a vida”, diz Ellen. “Sinto que represento um grupo de alunos com alto significado, o que me motiva e emociona.”
Assim como Beatriz, Jéssica também estudou em um preparatório para o ITA, num cursinho na capital cearense. “Eu sou de Aracaju, Sergipe, mas foi quando estudei em Fortaleza que conheci o Insper”, conta Jéssica. “Por meio de amigos, ouvi falar da instituição e me interessei em saber mais sobre ela. Quando consegui a bolsa de estudos no Insper, me senti realizada e agradecida por ter essa oportunidade incrível de estudar em uma instituição tão renomada.”
A metodologia de ensino focada em desenvolver as habilidades dos estudantes inspira o aprendizado de Jéssica. “O estilo das aulas ‘mão na massa’ me faz sentir como se já estivesse trabalhando na área”, diz a aluna. “Estou no começo do curso de Engenharia de Computação e tenho descoberto muitas coisas novas que gosto por meio das disciplinas e oportunidades oferecidas pela escola.”
Jéssica prossegue: “Conheci pessoas incríveis no Insper, desde alunos até funcionários da instituição, que me proporcionaram muitos aprendizados nesse primeiro ano de curso. Os professores estão sempre dispostos a tirar dúvidas e a desafiar os alunos a irem além do que é proposto em sala de aula. Isso foi essencial para que a Ellen, a Beatriz e eu decidíssemos participar do Campus Mobile e levar nosso projeto de aplicativo de Física para além da sala de aula. Minha intenção é inspirar e ajudar outros estudantes que tenham histórias parecidas com a minha, e mostrar que a educação transforma vidas e que é possível alcançar seus sonhos, independentemente de onde você venha”.
O relacionamento franco com os professores faz a diferença. “Em outros projetos dos quais participei, senti falta de apoio de profissionais mais experientes, uma vez que os projetos eram desenvolvidos apenas por alunos do ensino médio”, explica Beatriz. “No Campus Mobile, antes mesmo de a segunda fase ter iniciado, já acreditava que receberíamos todo o amparo necessário para atingirmos os nossos objetivos. Além do suporte dos profissionais da competição, tivemos o apoio e o incentivo de professores maravilhosos do Insper desde a primeira fase. Os mesmos professores que nos apresentaram o projeto em sala de aula e aproveitavam todas as aulas até o final das inscrições para nos encorajar a participar.”
Esse entendimento vem amadurecendo desde que Beatriz decidiu fazer o vestibular do Insper. “Pesquisando sobre a faculdade, tive a certeza de que teria todo o necessário para me tornar uma profissional de excelência na minha área”, afirma. “Fiz apenas um ano da minha graduação em Engenharia de Computação, mas, mais do que ter acesso à infraestrutura e a ótimos profissionais, no Insper me encantei ainda mais pela área que escolhi. Isso porque a faculdade não apenas oferece o necessário. É um lugar sempre em desenvolvimento, que traz acontecimentos do mundo real para o mais perto possível de nós.”
A acolhida inicial tem o mesmo efeito em Ellen. Ela recorda que, durante o vestibular, aplicado online por causa dos protocolos de proteção contra a covid-19, frequentou bastante o Help Desk para resolver problemas com teclado, microfone, câmera e conexão à internet. “O atendimento foi muito atencioso”, diz. “Praticamente todos os detalhes possíveis fraquejaram nesse momento tão importante. Houve resiliência. Me lembro de conseguir um notebook emprestado e de remarcar a redação, por causa daqueles problemas técnicos, cerca de três vezes. Ao final, ler meu nome na lista de aprovados complementado à notícia da bolsa integral me encheu de gratidão.”
Pronta para começar o terceiro período da graduação, Ellen reflete sobre a relação com a Física, que era tão conturbada e mudou desde que começou a jornada no Insper. “Foi primordial ter o apoio das mentorias dos professores para ser aprovada em Física do Movimento, uma disciplina desafiadora do segundo semestre”, afirma. “É uma grande corrida. Eu me dedico muito para chegar ao nível básico da classe. Cada dia é uma enorme realização, pois sempre me supero um pouquinho.”
As bolsistas Beatriz, Ellen e Jéssica se conheceram em sala de aula, compartilham o desejo de se tornarem engenheiras e nutrem o propósito de contribuir para a melhoria da educação no país. “Por poder conhecer e aproveitar esse novo mundo de possibilidades e desafios, sou grata não só ao Insper, mas especialmente ao programa de bolsas”, diz Beatriz. “Em um futuro próximo, espero poder fazer a diferença para outras pessoas utilizando todo o aprendizado adquirido nessas novas experiências.”
O programa de bolsas do Insper, criado em 2004, abre as portas para estudantes como Beatriz, Ellen e Jéssica. “Quero expressar aqui minha gratidão ao programa de bolsas, pois sem ele eu não teria a chance de estudar em uma instituição tão excelente”, afirma Jéssica. “Estou muito animada com as possibilidades e as oportunidades que o Insper tem a me oferecer e estou ansiosa para ver até onde minha jornada acadêmica vai me levar.”
Ellen acrescenta: “O Insper é composto por profissionais e alunos sensacionais. Conheci as minhas parceiras do Campus Mobile na sala de aula, assim como instrutores incríveis. É nítido que o Insper fornece tudo e mais um pouco para que quem passe pelo instituto seja transformado. Vindo de Jundiapeba, distrito de Mogi das Cruzes, para o centro de São Paulo, tenho participado de convívios diversos e noto claramente essa transformação”.