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Reabilitação urbana é tema de curso de curta duração

O objetivo é permitir ao aluno avaliar a viabilidade de empreendimentos em áreas históricas abandonadas, considerando aspectos econômicos, legais e socioambientais

O objetivo é permitir ao aluno avaliar a viabilidade de empreendimentos em áreas históricas abandonadas, considerando aspectos econômicos, legais e socioambientais

Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro
Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro: o desafio de reabilitar a área central da cidade

 

Bruno Toranzo

 

Tema de extraordinária relevância na contemporaneidade, a reabilitação urbana consiste em um processo integrado entre governo e iniciativa privada para a recuperação de uma área de determinada cidade por meio de múltiplas intervenções que levam em conta aspectos sociais, econômicos e físicos no sentido de seu parque imobiliário. O objetivo é tornar atrativa e dinâmica a região reabilitada, criando boas condições operacionais e de habitabilidade.

“Não se trata somente de um processo de reabilitação física, ou seja, de recuperação de antigas edificações ou construção de novas, mas de algo que implique toda circunstância socioambiental. No mundo inteiro, as grandes cidades vêm sofrendo, principalmente nas antigas áreas centrais, industriais ou portuárias, o fenômeno da obsolescência causado por um conjunto de elementos de diferentes ordens: econômica, legal e socioambiental”, observa o arquiteto Samuel Kruchin, um dos professores e organizadores, ao lado da também arquiteta Cristiane Gonçalves, do curso  de curta duração Reabilitação Urbana: Investimentos e Oportunidades, promovido pelo Laboratório Arq.Futuro de Cidades e que será realizado de 8 de maio a 7 de junho.

O governo de Buenos Aires, por exemplo, foi bem-sucedido na tarefa de promover a reabilitação do bairro de Puerto Madero a partir de uma nova lógica socioeconômica. A proposta foi preservar os galpões portuários da região por meio da sua recuperação como um modo de reconhecer seu valor histórico e arquitetônico, que simboliza a identidade local. O mesmo ocorreu em Londres e está acontecendo em Hamburgo.

Na capital argentina, foram encontrados novos propósitos de uso para as áreas em questão — voltados para serviços diversos, como restaurantes e escritórios ou salas comerciais. A restauração desses edifícios com novas e modernas intervenções, como a icônica Puente de la Mujer, resultou em um polo gastronômico, comercial e empresarial, deixando para trás a degradação do local, que afastava a população.

“O curso identificará esse conjunto de fatores que determina a obsolescência de uma área urbana e, por meio de estudos de caso, apresentará formas possíveis de reabilitação para que ela ganhe dinâmicas contemporâneas para uma nova inserção urbana. O que fica evidente é a importância da ação privada associada à esfera pública”, diz Kruchin.

Uma das questões levantadas pelo curso é se uma ação isolada em um ou dois edifícios, independentemente de sua magnitude ou importância arquitetônica, pode produzir um processo de reversão desse processo de obsolescência, além de explorar as principais maneiras de atrair investimento privado com tal propósito. Citando como exemplos os casos da Sala São Paulo e da Pinacoteca do Estado, localizadas no centro da capital paulista, Kruchin responde negativamente. “As quadras contíguas a essas edificações estão degradadas. Há naquela região uma questão de natureza socioambiental não resolvida, o que demonstra que a reabilitação urbana é um processo mais complexo, que envolve as ordens econômica, legal e socioambiental”, afirma o arquiteto.

Kruchin pontua que o Rio de Janeiro enfrenta desafio semelhante em sua área central, o que levou a intervenções, como a construção do Museu do Amanhã e do Porto Maravilha, entre outras ações. “A Copa do Mundo e as Olimpíadas trouxeram ou impulsionaram novos investimentos em diversas áreas da cidade, incluindo o centro, porém, apesar de muitos avanços, não houve até aqui a reabilitação com a magnitude esperada”, diz o especialista.

A reversão da obsolescência encontra na legislação um dos pontos de apoio, como os planos diretores, desenvolvidos pelos municípios. Em São Paulo, o Plano Diretor Estratégico (PDE) está em revisão pela prefeitura e deve ser enviado à Câmara Municipal até 31 de março, conforme prazo estabelecido no fim do ano passado.

“Há, no entanto, outras legislações que se sobrepõem ao plano diretor, como a de preservação do patrimônio arquitetônico, por exemplo”, explica Kruchin. “Em algumas cidades como Manaus, São Luís ou São Paulo, essa sobreposição de legislações (municipais, estaduais e federais) pode trazer para o investimento privado entraves ao processo. Falaremos também sobre isso no curso.”

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