A inteligência artificial, popularizada em ferramentas como o ChatGPT, poderá tornar mais eficientes as atividades no campo da pesquisa em Administração, mas há efeitos potencialmente nocivos dessas tecnologias que deveriam ser discutidos e monitorados.

Em editorial publicado no RAUSP Management Journal, os pesquisadores Giuliana Isabella (Insper), Marcos Inácio Severo de Almeida (Universidade Federal de Goiás) e Jose Afonso Mazzon (USP) mapeiam os usos potenciais e efetivos de algumas aplicações de IA no trabalho acadêmico, em especial no campo da Administração.

Segundo a base de citações Scopus, de 2010 a 2022 quase 4 mil artigos científicos na área de Administração continham no resumo a palavra-chave AI, sigla de inteligência artificial em inglês. As publicações cresceram com a popularização dos modelos de chat generativo, que resultam em textos e imagens similares aos elaborados por humanos.

No rol de aplicações que podem beneficiar tarefas acadêmicas destacado por Giuliana, Marcos e Jose, há ferramentas que auxiliam pesquisadores a encontrar temas relevantes para investigação; analisam e extraem padrões e ajudam a identificar tendências; produzem resumos dos trabalhos; e sugerem caminhos de programação computacional. O editorial apresenta algumas dessas ferramentas.

O questionamento fica em relação ao poder da IA em pré-selecionar ou mesmo avaliar artigos. Uma discussão relevante, pois pode levar a ciência a uma limitação, já que o sistema de alguma forma padroniza respostas.

A revisão por pares, pela qual passam artigos submetidos a periódicos científicos, pode ser facilitada por aplicações de IA que, por exemplo, auxiliam os editores a encontrar artigos semelhantes ao oferecido e a analisar o volume e a qualidade das citações. No entanto, pode trazer vieses.

O trio de pesquisadores reitera que a inteligência artificial veio para ficar, a questão é como usar.

Leia o artigo: One-way road: the impact of artificial intelligence on the development of knowledge in management.