Censo da Educação Superior aponta que 64% dos novos alunos nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática no país em 2022 eram de ensino a distância
Bernardo Vianna
Divulgado em outubro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC), o Censo da Educação Superior 2022 reuniu dados de 2.595 instituições de ensino, entre 2.283 privadas e 312 públicas, de todo o Brasil. Nessa edição do levantamento, o número de matrículas em cursos de graduação se aproximou da marca de 10 milhões, um aumento de 5% em relação ao ano anterior — a maior taxa desde 2015.
Chamam a atenção os dados sobre estudantes matriculados em cursos de graduação a distância (EaD). Esse número tem crescido substancialmente nos últimos anos, ultrapassando a marca de 3 milhões de novos alunos em 2022. De acordo com o censo, 3.219 municípios brasileiros registraram matrículas na modalidade EaD em 2022. Se a tendência se mantiver, o total de estudantes matriculados em cursos a distância deve, já em 2023, superar o de alunos em cursos presenciais.
A situação se repete quando se observam somente os cursos do grupo conhecido como STEM, sigla em inglês que se refere às áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática. Do total de novos alunos recebidos por esses cursos em 2022, 64% eram da modalidade a distância. No mesmo ano, 32% dos formados nas áreas STEM eram de cursos a distância.
De acordo com o presidente do Inep, Manuel Palacios, entender o cenário educacional apresentado pelo censo é essencial para o desenho das políticas públicas voltadas para a educação superior no país. “Os dados dizem respeito aos processos de transição do ensino médio ao ensino superior, falam do perfil das instituições que oferecem vagas de graduação no país e, por fim, trazem dados que lidam com as questões relativas à equidade”, destacou.
No quesito equidade racial, os cursos STEM não diferem do que se observa no conjunto de cursos superiores no Brasil. Embora um percentual maior de estudantes tenha passado a declarar como se define em termos de cor e raça, o que pode ser considerado um avanço, a população preta e parda ainda está sub-representada em comparação com sua distribuição na população brasileira. Cabe notar, ainda, que o percentual de ingressantes pretos e pardos é maior que o de concluintes, o que pode ser explicado pelo maior desafio em manter os estudos até a conclusão do curso.
Já em relação à equidade de gênero, os cursos STEM destoam bastante dos demais cursos superiores. Em 2022, apenas 23% dos estudantes que se matricularam nesses cursos se identificaram como do gênero feminino, grupo que corresponde a 60% dos ingressantes em cursos superiores em geral. A maior disparidade observada foi nos cursos de Computação e de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), nos quais apenas 15% dos concluintes de 2022 se identificaram como do gênero feminino.