Alunos da graduação do Insper aprendem a desenvolver ferramentas de automação de processos físicos e de negócios para ajudar empresas na transformação digital
Bruno Toranzo
A maioria dos líderes empresariais brasileiros está apostando em investimentos em tecnologia neste ano e pretende manter os aportes nos primeiros meses de 2024, o que inclui soluções como inteligência artificial, automação e nuvem híbrida, de acordo com estudo da IBM. O índice de intenção de investimentos de 78% registrado no Brasil é superior ao de países como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido. Inteligência artificial e automação fazem parte da grade curricular do curso de Engenharia Mecatrônica e têm criado muitas oportunidades de trabalho para os profissionais da área.
“Há uma tendência hoje de automatizar ao máximo as operações. A automação envolve tanto os processos físicos ou tangíveis, como máquinas industriais e carros, quanto os intangíveis, que são os processos de negócio voltados para reduzir o custo, aumentar a eficiência e melhorar, por exemplo, o atendimento ao cliente”, diz Vinicius Licks, coordenador do curso de Engenharia Mecatrônica do Insper, que foi acreditado recentemente pela ABET. A acreditação é um selo de qualidade que atesta os programas universitários que atendem aos padrões exigidos para formar profissionais preparados para ingressar em áreas técnicas inovadoras e inseridas em tecnologias emergentes.
A percepção sobre a relevância da automação foi identificada em levantamento da consultoria Bain & Company e da fabricante de software UiPath. A maioria dos executivos seniores entrevistados disse que suas empresas já investem em automação orientada por inteligência artificial. Sete em cada dez afirmaram que essa tecnologia é “muito importante” ou “essencial” para atingir os objetivos estratégicos da organização. “A transformação digital está em alta. A adoção de ferramentas de automação de processos físicos e de negócios no setor de serviços permite às empresas criarem modelos de negócios diferentes por meio dessa transformação”, diz Licks. “Esse fenômeno vem ocorrendo inclusive na agricultura brasileira, que, para atingir níveis maiores de produtividade, tem automatizado suas atividades. Por exemplo, com tratores e colheitadeiras autônomos que trabalham dia e noite.”
Os alunos do curso de graduação em Mecatrônica aprendem a usar IA e machine learning para automatizar os processos, de acordo com diferentes propósitos. Um exemplo é prever se um cliente vai pagar o boleto do cartão ou o empréstimo solicitado por meio da análise de seu risco de crédito, que vem se tornando mais precisa com o avanço da automatização.
“O curso busca fornecer as ferramentas para que os alunos tenham um conhecimento aprofundado sobre automação, incluindo os saberes da física. A ideia é capacitar os futuros profissionais a decidirem se será usado motor, robô, válvula ou outro dispositivo em determinado processo”, diz Licks. O profissional de Mecatrônica atua entre as áreas da Engenharia Mecânica e de Computação. Por isso, na visão do professor, ele se torna um engenheiro generalista, reunindo competências diversas. “Os alunos aprendem um pouco de tudo dessas áreas, motivo pelo qual o engenheiro mecatrônico tem acesso a um leque maior de oportunidades.”
Ainda que a transformação digital proporcionada principalmente por IA e machine learning esteja aquecida, há também áreas tradicionais que já existiam antes desse movimento no mercado. “A parte de robótica, sobretudo programação e operação de robôs, como drones, braços robóticos e veículos autônomos, e a automação de coisas físicas disponíveis nas fábricas, entre elas a automobilística, ainda criam muitas vagas de emprego todos os anos”, destaca o docente.
Os aspectos práticos são muito relevantes no curso de Engenharia Mecatrônica, razão pela qual são trabalhados desde o início na graduação do Insper. A infraestrutura de laboratórios e o currículo voltado para projetos fazem com que os alunos, desde o primeiro dia do curso, convivam com os desafios da profissão.
“O próprio aluno opera os equipamentos, o que não costuma ocorrer em outras instituições de ensino”, diz Licks. “Além disso, nossa metodologia trabalha ao mesmo tempo a teoria e a prática, não dividindo o curso nesses dois momentos. Entendemos que a teoria precisa ser aplicada para ser plenamente assimilada pelos alunos.”