Pequenas e médias empresas, como as startups, buscam a integração com diferentes redes para ganhar competitividade e reduzir gastos com o desenvolvimento de produtos ou serviços

Bruno Toranzo
A integração com diferentes redes pode ser a solução para que pequenas e médias empresas (PMEs), como startups, tenham maior competitividade e reduzam gastos com o desenvolvimento de produtos ou serviços. As redes de parceria de negócio, que fazem parte da inovação aberta, permitem acessar mercados que não poderiam ser alcançados se a PME estivesse sozinha. Ao proporcionar troca de conhecimento com empresas maiores, por meio do compartilhamento de tecnologias e informações, o modelo, além de promover o desenvolvimento, minimiza o risco dos projetos. Essa foi uma das conclusões do estudo “Inovação aberta em pequenas e médias empresas”, desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP).
“Desde o início das atividades da fintech, buscamos parcerias de inovação aberta com empresas maiores. Para viabilizar nossas operações de cartão corporativo, temos a Visa como parceira. Não teríamos como oferecer esse serviço se não fosse dessa forma”, diz Rodrigo Tognini, CEO da Conta Simples, empresa que transacionou em agosto mais de 1 bilhão de reais em cartões corporativos, Ted, Pix e pagamentos de contas. “Uma das formas de fazer essa integração é por meio de APIs, que permitem criar um sistema único com a participação de diferentes players, como bancos, empresas de software e de meios de pagamento, oferecendo serviço completo de atendimento aos nossos clientes, que são PMEs.”
O uso de API (Application Programming Interface) é cada vez mais comum no mundo conectado e tecnológico de hoje. Esse recurso de programação possibilita que plataformas diferentes, de empresas distintas, se comuniquem por meio de protocolos previamente definidos. Os desenvolvedores criam softwares e aplicativos que conversam entre si, o que resulta no compartilhamento de informações entre esses sistemas. O Open Finance, criado pelo Banco Central, é uma inovação do sistema financeiro que está fundamentada em APIs. O cliente consente em compartilhar seus dados para que possa acessar, por meio de um sistema apenas, produtos e serviços financeiros ofertados por diversas instituições.
O estudo da USP demonstrou, também, que a inovação aberta em PMEs somente é possível se houver uma cultura interna que reconheça seus benefícios e estimule os colaboradores a adotar esse comportamento. O engajamento da liderança é indispensável nesse processo, o que deve ocorrer no dia a dia, com a adoção do trabalho colaborativo e decisões voltadas para o estímulo da inovação aberta.
“A capacidade de aprender diariamente faz diferença no meu negócio, que está ligado à tecnologia. A inovação acontece a todo momento, exigindo que estejamos atentos aos novos sistemas ou recursos que podem se conectar para aumentar a eficiência dos processos”, afirma Tognini. “Por isso, adotamos na Conta Simples o chamado lifelong learning, que estimula a curiosidade contínua, o questionamento intenso.”
Nesse contexto de aprendizagem ao longo da vida, a graduação é apenas o primeiro passo. O diploma não é o fim, mas o começo. Isso porque o profissional está inserido em uma jornada de desenvolvimento que se estenderá durante toda a sua carreira. O lifelong learning permite reconhecer e até mesmo se antecipar às transformações do mercado, que são cada vez mais frequentes.
O conceito está, portanto, muito ligado à inovação aberta, já que não há como inovar no universo corporativo sem perceber as novas demandas da sociedade. Mais do que isso: é preciso que as empresas estejam preparadas para atender a essas necessidades da forma como os consumidores esperam — a distância e com agilidade, por exemplo, duas características que se intensificaram com a pandemia e que continuarão em alta no mundo pós-pandêmico.