[{"jcr:title":"As distorções e os desafios da informalidade no mercado de trabalho"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"As distorções e os desafios da informalidade no mercado de trabalho","jcr:description":"Conferência no Insper contou com a presença de David Card, Prêmio Nobel de Economia em 2021, e de Penny Goldberg, ex-economista-chefe do Banco Mundial"},{"subtitle":"Conferência no Insper contou com a presença de David Card, Prêmio Nobel de Economia em 2021, e de Penny Goldberg, ex-economista-chefe do Banco Mundial","author":"Ernesto Yoshida","title":"As distorções e os desafios da informalidade no mercado de trabalho","content":"Conferência no Insper contou com a presença de David Card (segundo da esq. para a dir.), Prêmio Nobel de Economia em 2021, e de Penny Goldberg, ex-economista-chefe do Banco Mundial   Tiago Cordeiro   A informalidade é um dos aspectos mais importantes do mercado de trabalho, em especial nos países em desenvolvimento — e em todas as nações da América Latina. Essa prática tem consequências dramáticas sobre a capacidade de crescimento das economias locais e sobre a qualidade de vida dos trabalhadores, na medida em que tende a agravar desigualdades sociais. Mas a informalidade, do ponto de vista dos empreendedores e dos profissionais, não é de todo prejudicial. Algumas de suas características, como a capacidade de adaptação a mudanças no cenário macro e microeconômico, ajudam a entender por que as organizações à margem do mercado se mostram resilientes. Foi nesse contexto que o Insper realizou em São Paulo, no último dia 20 de setembro, a conferência “Informality and Wage Setting Policies in Latin America”. O evento contou com a presença de um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia em 2021, David Card, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley e diretor do Center for Labor Economics, e de Penny Goldberg, professora de economia e assuntos globais na Universidade Yale e que atuou como economista-chefe do Banco Mundial de 2018 a 2020. O evento foi uma correalização do Insper com o [Georgetown Americas Institute](https://americas.georgetown.edu/) , a [Georgetown University Global Economic Challenges Network](https://secure-web.cisco.com/16AMAYOgfskFrf4-Ul0-MZIMvc5cxsgGA0WdLLK_upFMXEW7tfTUcYZyQHuY9CZsIlxYWIy-KktPgltvzdosxsOFf62azCfGzp1WoZiHyNr8KdEwx3O0fNLoibiHFMqmM37YOlkCMcPsLNvsFVVakZuFQpTrFjkY8iPgpSiDIlDmWsCNodOc36YKR1i97sByzsWqDxpWv12FjuP4tEzXaIXMBFkexCUtyuzh6p13jlzdf_OjWfJN9n2C-DRF1WSr-D5K1jhrC8bLnNpAAq4u6EQdy6shtOW9JQbkNb-j9NKrXfPbu9jYRP0BAHGgwV26itzxsaBemnysk19BWjEf1H7qJ2m0Soi8Fy_kNUKO9OWF_wcGDmx92obaAr-WvjnJgIjI4JbSLZUPDSWo7m0dDFhLKucobK5aCYq5-y10OGW0/https%3A%2F%2Fglobal.georgetown.edu%2Ftopics%2Fglobal-economic-challenges-network) , o [Centre for Microdata Methods and Practice (Cemmap)](https://secure-web.cisco.com/16AMAYOgfskFrf4-Ul0-MZIMvc5cxsgGA0WdLLK_upFMXEW7tfTUcYZyQHuY9CZsIlxYWIy-KktPgltvzdosxsOFf62azCfGzp1WoZiHyNr8KdEwx3O0fNLoibiHFMqmM37YOlkCMcPsLNvsFVVakZuFQpTrFjkY8iPgpSiDIlDmWsCNodOc36YKR1i97sByzsWqDxpWv12FjuP4tEzXaIXMBFkexCUtyuzh6p13jlzdf_OjWfJN9n2C-DRF1WSr-D5K1jhrC8bLnNpAAq4u6EQdy6shtOW9JQbkNb-j9NKrXfPbu9jYRP0BAHGgwV26itzxsaBemnysk19BWjEf1H7qJ2m0Soi8Fy_kNUKO9OWF_wcGDmx92obaAr-WvjnJgIjI4JbSLZUPDSWo7m0dDFhLKucobK5aCYq5-y10OGW0/https%3A%2F%2Fglobal.georgetown.edu%2Ftopics%2Fglobal-economic-challenges-network) e a [Econometric Society](https://secure-web.cisco.com/13yGvghqZrL0tWbgsIAQb508zPMhfd5YKv20otHpKLgswxc8sQN6Xkmg3skYMw5L4CZeqY8BOnfNeajBlujAoPSZODNLu82uZsSmxycCI81DfDWMZ-EHuEG62rtLAZyS2ANq5GM_fpLgU2xZO1rOG6-Syv2D17JAXPR6LiXyjKOnDHfDsaG0truDR4GEJUFxB0zSVbWqk4QtB5l_lTs_2CuiOYNXy1PUucpEIGrxAiNFFYBE5MjRaUQ8KVDF1I-cgw_uIdkiocNpEo5TLtu8bzly72Fmm0sJKxRzz_-4rgsT5AQ427YayOMTKh0Q0ccB6WAB9px3Np5Hj9rGxQKKGIzFHjk09VT6h13GO7lwXr9Al5MYNzxWMIbg0j--njAGXXn6M58EHEOtIdjLlOX_v5gzeKIWt3g6niW6FByxwthQ/https%3A%2F%2Fwww.econometricsociety.org%2F) , uma instituição que surgiu na década de 1930 e congrega 7 mil membros de 85 países. A conferência foi transmitida ao vivo e o [conteúdo está disponível](https://www.youtube.com/watch?v=nvEfsrNpERk) na íntegra.   Penny Goldberg, ex-economista-chefe do Banco Mundial Múltiplas distorções “A informalidade ajuda a explicar por que temos baixa produtividade em nossa região”, disse [Sergio Firpo](https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/docentes-pesquisadores/sergio-pinheiro-firpo/) , professor titular da Cátedra Instituto Unibanco no Insper. Ser informal, definiu Penny Goldberg, é ser invisível aos governos e às instituições que analisam diferentes aspectos da economia, como as universidades. “A informalidade é resultado de múltiplas distorções. E é pouco estudada, porque não há dados nem arcabouços conceituais para analisá-la”, afirmou Goldberg. Por se manterem à margem do mercado, os empreendimentos informais raramente crescem. “Eles não morrem, mas não crescem. De um lado, são flexíveis e adaptáveis. De outro, não pagam impostos, o que mantém os colaboradores à margem de todos os mecanismos de proteção social”, observou Goldberg. Apesar da dificuldade de acessar dados, estima-se que, nos países em desenvolvimento, 60% a 70% da força de trabalho atuem nessas condições. No Brasil, 48 em cada 100 trabalhadores atuam na informalidade. Proibir o funcionamento das empresas informais apenas agravaria o quadro social, disse Goldberg, já que é duas vezes mais fácil sair da situação de desemprego para a de informalidade do que passar da ausência de trabalho para uma vaga formal. “O emprego informal tem maior valor para o trabalhador do que para os formuladores de políticas públicas, porque não gera impostos”, reforçou, em sua fala, Brenda Samaniego, professora da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. “A informalidade tem custos e benefícios. Quando ele é muito alta, os custos superam os benefícios”, afirmou, por sua vez, Mauricio Cárdenas, pesquisador da Columbia University e que atuou como ministro das Finanças da Colômbia de 2012 a 2018. No entanto, como defendeu Gabriel Ulyssea, professor do University College London, é viável estimular a formalização. “O aumento do número de empreendimentos legalizados pode vir da regularização das iniciativas que estão à margem”, disse Ulyssea.   David Card, um dos vencedores do Prêmio Nobel de Economia em 2021 A palestra de Card “David Card foi professor de todos nós. Liderou a revolução na economia nos últimos 40 anos. É impossível exagerar sua importância sobre a economia.” A apresentação de [Rodrigo Soares](https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/docentes-pesquisadores/rodrigo-reis-soares/) , professor titular do Insper, sobre o Prêmio Nobel de Economia de 2021 deu o tom dos trabalhos da parte da tarde da conferência. Além de expor suas ideias por uma hora, Card participou dos painéis que se seguiram durante o restante da programação. Depois de traçar a trajetória da pesquisa acadêmica sobre determinantes do salário e seu impacto para as empresas e a sociedade, uma área que avançou sobretudo a partir de 1932, quando surgiu a linha de pesquisa acadêmica que estuda a economia do trabalho, Card lembrou que, nas últimas décadas, ressurgiu um conceito que havia entrado em desuso na década de 1960: o de que as empresas, individualmente, têm grande influência sobre os fatores que definem o valor dos salários dos trabalhadores. De acordo com Card, quando se instala uma estrutura de mercado chamada monopsônio, na qual um único comprador controla substancialmente o mercado em que atua, o mercado de trabalho é diretamente influenciado. Card mencionou um estudo no qual foram avaliadas duas redes de farmácias brasileiras que se fundiram. “A operação acabou por provocar impacto no mercado de trabalho”, disse. Para o futuro, o economista defendeu um investimento de tempo e esforços no desenvolvimento de modelos teóricos para lidar com o tema. “O futuro dessa área consiste em usar novos modelos teóricos, apoiados no uso intensivo de dados.”   Cenário futuro De sua vez, Sergio Firpo apresentou uma pesquisa recente que aborda a volatilidade de renda num contexto de informalidade no mercado de trabalho. “Os trabalhadores que seguem do desemprego para a informalidade apresentam maior volatilidade na renda do que os trabalhadores que continuam empregados no mercado formal. Esse fenômeno é inteiramente direcionado pela volatilidade crescente depois da primeira vez que o trabalhador deixa o setor formal”, disse Firpo. A economista [Laura Muller Machado](https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/docentes-pesquisadores/laura-muller-machado/) , professora do Insper que atualmente está à frente da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, apresentou os dados de uma pesquisa que revela um novo perfil da pobreza no país. Segundo ela, nos últimos dez anos, o perfil do brasileiro pobre migrou da renda precária da informalidade para a falta de renda. “O Brasil sofre um novo tipo de problema. Se até uma década atrás os pobres tinham ocupação, ainda que informal, agora a maior parte não tem nenhuma atividade. Estão desempregados.” Para o futuro do mercado de trabalho, num cenário de recessão e alta da inflação global, Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central do Brasil e atual diretor do Departamento do Hemisfério Ocidente do Fundo Monetário Internacional, argumentou que a informalidade pode afetar a estabilização da inflação. E comentou: “A pandemia deixou marcas profundas no mercado de trabalho, especialmente nos países em desenvolvimento. A grande parcela da população que se mantém à margem dos empregos formais tende a sofrer mais com a inflação, na mesma medida em que os países onde a informalidade impera terão maior dificuldade em se recuperar”.   Francis Vella (Georgetown University), Aureo de Paula (Center for Microdata Methods and Practice – Cemmap), Brenda Samaniego (University of California at Santa Cruz), Penny Goldberg (Yale University), Gabriel Ulyssea (University College London), Cristine Pinto (Insper) e Sergio Firpo (Insper)"}]