[{"jcr:title":"Largar o emprego e continuar empregado: é o fenômeno da “quiet quitting”"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"Largar o emprego e continuar empregado: é o fenômeno da “quiet quitting”","jcr:description":"Funcionários mostram desencanto com o trabalho e desistem da carreira sem alarde, fazendo o mínimo necessário para garantir o salário"},{"subtitle":"Funcionários mostram desencanto com o trabalho e desistem da carreira sem alarde, fazendo o mínimo necessário para garantir o salário","author":"Ernesto Yoshida","title":"Largar o emprego e continuar empregado: é o fenômeno da “quiet quitting”","content":"Funcionários mostram desencanto com o trabalho e desistem da carreira sem alarde, fazendo o mínimo necessário para garantir o salário   Nas últimas semanas, uma nova expressão começou a viralizar nas redes sociais: quiet quitting , que pode ser traduzida como “desistência silenciosa” — o abandono do trabalho sem muito alarde. O termo se aplica às pessoas que não abrem mão do emprego, mas fazem apenas o mínimo necessário para continuar recebendo o salário. Um dos primeiros [vídeos](https://www.tiktok.com/@zaidleppelin/video/7124414185282391342?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7135537796459398662) sobre o assunto foi postado na rede social TikTok em meados de julho por Zaid Khan, um engenheiro de 24 anos de Nova York. Embora não tenha cunhado o termo, ele definiu quiet quitting  desta forma: “Você não está desistindo do seu emprego, mas está abandonando a ideia de ir além no trabalho”, explicou. “Você ainda está cumprindo seus deveres, mas não está mais seguindo a mentalidade da cultura de agitação de que o trabalho deve ser sua vida. A realidade é que não é, e seu valor como pessoa não é definido pelo seu trabalho.” O vídeo de Khan já teve mais de 3,4 milhões de visualizações e gerou uma onda de postagens de outros usuários do TikTok sobre o mesmo tema. Ao que parece, há muito mais pessoas mundo afora desencantadas com o emprego e que continuam comparecendo ao trabalho, mas adotando a lei do mínimo esforço. O assunto passou a ser discutido por especialistas e mereceu reportagens extensas de jornais como [ The Wall Street Journal ](https://www.wsj.com/articles/if-your-gen-z-co-workers-are-quiet-quitting-heres-what-that-means-11660260608) e [The Guardian](https://www.theguardian.com/money/2022/aug/06/quiet-quitting-why-doing-the-bare-minimum-at-work-has-gone-global) . O contexto para a discussão do fenômeno foi dado em abril, quando a empresa de pesquisa Gallup divulgou um [levantamento](https://www.gallup.com/workplace/391922/employee-engagement-slump-continues.aspx) apontando a queda no nível de engajamento dos trabalhadores americanos. De acordo com a pesquisa, 32% dos funcionários entrevistados estavam ativamente engajados em seus empregos no primeiro trimestre deste ano, ante 34% em 2021 e 36% em 2020. Esses foram os primeiros declínios do grau de engajamento desde 2010. O engajamento é um termômetro de como os funcionários se sentem no ambiente de trabalho. Indica seu comprometimento com o trabalho, o alinhamento com os objetivos e as missões da empresa, as expectativas em relação ao crescimento e desenvolvimento profissional, o senso de propósito proporcionado pelas tarefas que desempenham.     Parente da “grande renúncia” Para especialistas, o fenômeno da desistência silenciosa é uma consequência, em parte, da pandemia da covid-19, que provocou o desemprego de um grande número de pessoas durante os períodos mais críticos de quarentena. Embora a maioria tenha encontrado novos empregos após a reabertura da economia, a força de trabalho nos Estados Unidos continua menor do que era antes da crise sanitária. Com isso, há mais pressão sobre os funcionários, que frequentemente são solicitados a fazer mais pelo mesmo salário que ganhavam antes da pandemia. A quiet quitting , segundo esses especialistas, é parente de outro fenômeno que emergiu durante a pandemia: a [great resignation](https://www.insper.edu.br/noticias/o-fenomeno-da-grande-renuncia-exige-que-as-empresas-repensem-o-trabalho/) , ou renúncia em massa aos empregos. Desde o início da crise da covid-19, milhões de pessoas nos Estados Unidos e em outros países deixaram voluntariamente seus empregos para buscar outros estilos de vida que permitam um equilíbrio melhor entre trabalho e vida pessoal. Esse é um fenômeno que parece longe do fim. Segundo um [estudo](https://www.pwc.com/gx/en/hopes-and-fears/downloads/global-workforce-hopes-and-fears-survey-2022-v2.pdf) da consultoria PwC, realizado com mais de 52 mil pessoas em 44 países, um em cinco entrevistados declarou que pretende trocar de emprego em 2022. Esse desejo é mais intenso entre os trabalhadores da geração Z (com idades entre 18 e 25 anos): 27% disseram que querem mudança de ares nos próximos 12 meses. A já citada pesquisa da Gallup também verificou que o nível de engajamento dos trabalhadores nos Estados Unidos é menor entre aqueles da geração Z e os millenials (26 a 41 anos). Jim Harter, cientista-chefe da Gallup, disse que as descrições dos trabalhadores adeptos da “desistência silenciosa” se alinham com um grande grupo de entrevistados que ele classifica como “não engajados” — os que aparecem na empresa para trabalhar e fazer o mínimo exigido, mas não muito mais do que isso. Mais da metade dos trabalhadores pesquisados pela Gallup que nasceram depois de 1989 — 54% — se enquadram nessa categoria. Especialistas em carreira ouvidos pelo site [CBS News](https://www.cbsnews.com/news/what-is-quiet-quitting/) alertaram para os riscos que os partidários da lei do menor esforço correm na atual conjuntura, quando os Estados Unidos podem entrar em recessão em meio à alta inflação e ao aumento das taxas de juros. Quando a economia desacelera, muitas empresas acabam cortando empregos para compensar a queda da demanda. Nessa hora, “aqueles que fazem o mínimo serão os primeiros a ser mandados embora”, disse um dos consultores ouvidos na reportagem."}]