Em 2018, o Brasil elegeu apenas 77 mulheres para as 513 cadeiras da Câmara. No Senado, apenas 12 das 81 vagas hoje são ocupadas por mulheres
Bernardo Vianna
As mulheres correspondem a 52% da população brasileira, de acordo com os dados do IBGE. Entre os representantes eleitos para a Câmara dos Deputados, porém, a proporção de mulheres ultrapassou a marca dos 5% somente em 1986. No Senado, apenas após 1994 tivemos mais do que 5% de mulheres.
Nas eleições de 2018 para a Câmara, houve um aumento de cerca de 50% no número de deputadas: de 51 eleitas em 2014 para 77 no pleito mais recente. No Senado, o ganho foi muito mais tímido: as 11 cadeiras ocupadas por mulheres em 2014 passaram a ser 12 em 2018.
De acordo com dados da União Interparlamentar (IPU, na sigla em inglês), organização internacional que acompanha os Parlamentos de 189 países, apenas cinco atingiram a distribuição de 50% ou mais mulheres em suas Câmaras: Ruanda, Cuba, Nicarágua, Emirados Árabes Unidos e México. Neste último, a paridade de gênero é obrigatória nas candidaturas para a Câmara e para o Senado do país desde a reforma eleitoral de 2014. Em maio de 2019, o Congresso mexicano aprovou emenda constitucional que determinou a obrigatoriedade de que 50% dos cargos públicos sejam ocupados por mulheres nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
No extremo oposto, de acordo com os dados da IPU, três países não contam com nenhuma mulher em seus Parlamentos: Iêmen, Papua Nova Guiné e Vanuatu. O Japão surpreende por ser um país desenvolvido com apenas 10% de suas cadeiras parlamentares ocupadas por mulheres. O Brasil, por sua vez, não apresenta um cenário menos desigual: com apenas 15% de parlamentares mulheres, o país está próximo de nações como Hungria (13%), Índia (15%) e Rússia (16%).