Decidir qual faculdade cursar é um longo processo. A pesquisa sobre as instituições de ensino começa muito antes da largada para o vestibular. Verificar e entender a grade curricular é um dos passos mais importantes.

A reputação de uma instituição pode até influenciar, mas escolher pela fama de ótima não quer dizer que será boa para sua formação.
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Aqui, a professora Flavia Piazza, coordenadora da graduação em Administração, dá algumas orientações a estudantes que estão saindo do ensino médio e aos pais para avaliar a grade curricular de qualquer curso superior.

O que é grade curricular?

A grade curricular de uma graduação é o conjunto de disciplinas que o estudante terá que estudar desde o primeiro até o último semestre de conclusão do curso, que indicará ainda o número de horas a serem cumpridas ao longo da sua formação.

As obrigatórias devem ser necessariamente frequentadas pelo aluno e foram aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC) na criação e avaliação do curso.

Além delas, também há as eletivas, que são as escolhidas pelo aluno de acordo com suas preferências e contam para a formação acadêmica dele.

Adicionalmente, também constam atividades extracurriculares que colaboram igualmente para a formação do conhecimento.

A grade curricular também indica os nomes dos professores de cada matéria. Todas essas informações constam nos sites das escolas.

Vale lembrar que a recomendação é ser prudente e, se não localizar esses dados nos sites das instituições, pode ser um indício de que a administração da faculdade não tem o cuidado de esclarecer o que os alunos vão aprender em sala de aula.

Qual é a importância da grade curricular?

A grade curricular indica como está estruturada a formação do conhecimento do aluno. São habilidades e competências que ele terá de dominar para se tornar um profissional bem qualificado ao fim do curso e entrar no mercado de trabalho.

“Há muitos pais e alunos sem o hábito de checar a grade curricular porque não sabem do que se trata, apesar da sua importância”, alerta Piazza.

A ementa do curso, que também costuma ser divulgada pelas instituições, indica com maior precisão o conteúdo a ser estudado e a trilha do conhecimento proposto pela escola.

“Ninguém quer fazer um curso antiquado e ter que se atualizar frequentando disciplinas eletivas que tratam de temas atuais”, lembra ela. “O ideal é que as disciplinas obrigatórias já sejam atuais e que as eletivas levem o aluno além, trazendo o que há de mais moderno na conexão com o mercado de trabalho”.

Como avaliar a instituição de ensino?

A grade curricular é um dos aspectos relevantes na escolha de uma faculdade, mas só ela não será suficiente, na opinião da coordenadora Piazza. A metodologia de ensino e a proposta da escola também vão pesar na decisão.

Ela cita a macroeconomia que consta em grades curriculares de Economia. “O que se estuda é muito amplo, por isso precisa ir mais a fundo para saber o que está envolvido na disciplina, se está conectada com o mercado de trabalho, se o aprendizado é centrado no aluno e outros aspectos gerais”, explica.

Para ter uma visão abrangente de uma instituição de ensino, a pessoa tem que verificar, ler e entender a grade curricular, participar dos encontros programados para os vestibulandos, visitar as instalações, os laboratórios, a biblioteca e conversar com alunos e ex-alunos.

Segundo a coordenadora, tudo isso vai levar o candidato a uma escolha mais acertada por estar bem embasada.

Quais são as características de uma boa grade curricular?

A grade curricular precisa incluir o ensino de conceitos tradicionais da área de estudo. Por exemplo, na graduação de Direito tem de constar o Direito Penal, assim como na Psicologia, a teoria do inconsciente coletivo desenvolvida por Carl Jung. Mas não é só.

Os temas que ganharam repercussão mundial recente na sociedade também são indispensáveis no conteúdo das escolas. Tomando como base os exemplos anteriores, a legislação que trata da mobilidade em grandes centros urbanos e a intensificação do esgotamento mental durante a pandemia se encaixariam nas disciplinas eletivas ou atividades extracurriculares.

A coordenadora também destaca que o desenvolvimento do soft skills dos alunos, cada vez mais procurados pelas grandes corporações, muitas vezes não aparece na grade curricular. “Mas são superimportantes para a graduação e para o aluno, que desenvolve aspectos comportamentais, trabalho em grupo, liderança e networking”, explica Piazza.

“Se um aluno sai da faculdade dominando técnicas de liderança e sendo capaz de fazer apresentações de projetos para seus chefes, isso não vai aparecer na grade curricular”, diz.