[{"jcr:title":"Efeitos da invasão da Ucrânia sugerem cautela nos investimentos"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"Efeitos da invasão da Ucrânia sugerem cautela nos investimentos","jcr:description":"Quanto mais a guerra perdurar, maiores serão os impactos na economia. No momento, o investidor deve evitar movimentos bruscos, diz o professor Ricardo Rocha"},{"subtitle":"Quanto mais a guerra perdurar, maiores serão os impactos na economia. No momento, o investidor deve evitar movimentos bruscos, diz o professor Ricardo Rocha","author":"Ernesto Yoshida","title":"Efeitos da invasão da Ucrânia sugerem cautela nos investimentos","content":"Quanto mais a guerra perdurar, maiores serão os impactos na economia. No momento, o investidor deve evitar movimentos bruscos, diz o professor Ricardo Rocha Professor Ricardo Rocha: “Esta não é uma guerra qualquer”   Leandro Steiw   A invasão da Ucrânia, que chegou a ser tratada como um blefe do presidente russo, Vladimir Putin, deixou os mercados inquietos. Ainda é difícil prever os efeitos sobre a economia, principalmente porque não se sabe quanto tempo vai durar o conflito, deflagrado com a invasão do território ucraniano em 24 de fevereiro. “Quem tem memória de guerra?”, questiona Ricardo Rocha, professor de Finanças do Insper. Ele lembra que o último embate mundial foi a Segunda Guerra, que terminou em 1945, quando muitas das pessoas ainda vivas hoje eram crianças ou adolescentes. Uma consequência é certa: “Guerra significa restrição, falta. As cadeias produtivas foram afetadas, e isso vai se refletir em alta de preços”, diz. Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo, Rocha faz uma analogia com a pandemia da covid-19. A referência sanitária mais próxima era a gripe espanhola, que matou 50 milhões de pessoas em 1918 e 1919. Assim como no caso da crise financeira de 1929, há poucas pesquisas acadêmicas feitas na época dos fatos para buscar informações. “Quanto mais a guerra demorar, mais sanções serão aplicadas contra a Rússia e maiores os impactos na economia. Se a cotação do petróleo sobe, o preço dos derivados vai aumentar. O mesmo com o trigo”, afirma o professor. “A inflação vai subir, e os ativos financeiros terão que se encontrar em algum momento.” A agência de classificação de riscos Fitch Ratings avalia que, embora o Brasil não dependa diretamente da produção de petróleo da Rússia, a manutenção dos preços em patamares elevados pode pressionar ainda mais a inflação e a taxa de juros no país. Nos primeiros dias da luta na Ucrânia, os preços futuros do petróleo Brent subiram 26%. Conforme a Fitch, o trigo representa até 50% dos custos da indústria de alimentos embalados. O Brasil é mais dependente do grão argentino, mas a expectativa de restrições na oferta mundial também aumentou os preços em 45% em 2022, até o dia 3 de março. Outra preocupação são os fertilizantes: 22% das importações brasileiras do produto, ou 8 milhões de toneladas, vêm da Rússia. Em período de incertezas, o ideal é não fazer movimentos bruscos. “Se você me perguntar o que está barato e o que está caro depois da invasão, ainda não é possível avaliar. Porque todo modelo que usamos, por melhor que seja, tem alguma variável que não se enxerga, que se chama guerra”, pondera. Vender ações para comprar imóvel? Uma ação da Petrobras, por exemplo, protege o investimento da alta do petróleo. A posse do imóvel protege da inflação. As duas interrogações se enquadram no cenário. “Esta não é uma guerra qualquer. Temos que analisar um pouco mais o andamento para definir a melhor estratégia”, diz Rocha. A nova crise explodiu na esteira da pandemia de covid, que a Organização Mundial de Saúde não considera encerrada. Ou seja, os prejuízos do coronavírus perduram. Segundo Rocha, a covid trouxe assimetria sanitária, e essa assimetria teve consequências financeiras, monetárias e econômicas. Primeiramente, atingiu os mercados; depois, as economias. “Quando vislumbrávamos o fim da pandemia, veio o conflito”, observa. “Num mundo onde alguns acreditam que são melhores em desenvolver patentes e outros em fabricar, a guerra abala a cadeia logística global.” O tráfego dos navios russos foi bloqueado nos portos da Europa. Empresas do Ocidente deixaram de operar, vender produtos ou prestar assistência técnica na Rússia. As instituições financeiras russas foram desligadas do sistema interbancário internacional. A pressão comercial tornou-se alternativa para combater uma potência nuclear que tem assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e pôde vetar a resolução que condenava a invasão da Ucrânia. “Há uma questão humanitária importante, a qual não vai poder voltar ao que era antes”, comenta Rocha. “Se houver um cessar-fogo, com uma solução que favoreça também à Ucrânia, algo que acho difícil em curto prazo, talvez as cadeias produtivas se recomponham rapidamente.”"}]