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Um trabalho de construção coletiva, com resultados e muito que fazer

As professoras Bruna Arruda e Allyne Andrade e Silva, coordenadoras da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, fazem o balanço de 2022 e falam sobre suas expectativas para o próximo ano

As professoras Bruna Arruda e Allyne Andrade e Silva, coordenadoras da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, fazem o balanço de 2022 e falam sobre suas expectativas para o próximo ano

Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão
Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão celebra as realizações do ano

 

Com o ano se aproximando do fim, é hora de realizar um balanço do que foi feito e traçar os planos para o próximo ano. Para as professoras Bruna Arruda e Allyne Andrade e Silva, coordenadoras da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, o ano de 2022 foi marcado pela reestruturação da área, que passa a contar com uma equipe de profissionais dedicados a implementar a estratégia da diversidade, com o apoio das redes de afinidades. Esse trabalho começou a ser implementado neste ano e a expectativa é que seja consolidado no próximo ano.

Confira na entrevista a seguir.

 

Vocês poderiam fazer um balanço de como foi este ano para a Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão?

Professora Bruna – No primeiro semestre deste ano, passamos por um processo de reestruturação da Comissão. Fizemos uma avaliação de mercado, um benchmarking com outras instituições de ensino superior e vimos que a melhor forma seria estruturar a Comissão em redes de afinidades — com um pilar de gênero, um pilar de raça, um pilar de LGBTQIA+ e um pilar de acessibilidade —, além de promover um programa de formação transversal. Até maio trabalhamos nesse processo de reestruturar a comissão e, em junho, começamos efetivamente a trabalhar dessa forma. Também em junho, fizemos o lançamento da newsletter InsperDiversidade, que representou um ganho muito grande para nós.

 

O que levou a Comissão a realizar essa reestruturação?

Professora Allyne – Nós realizamos um diagnóstico e verificamos que havia um certo esgotamento do modelo anterior. Nós tínhamos muitas pessoas trabalhando voluntariamente e que conseguiram realizar muitas coisas pela boa vontade e pelo engajamento com o tema. Isso é um ativo muito precioso para a escola e precisa ser reconhecido. Mas, em 2020, dentro do planejamento estratégico traçado para os próximos dez anos, o Insper +10, a diversidade foi incluída como um pilar fundamental para a escola. Com isso, era preciso repensar o modelo para conseguirmos, de fato, permear a questão da diversidade em toda a escola. Concluímos que era necessário criar uma área dentro da escola com profissionais integralmente dedicados à implementação estratégica da diversidade, sem abrir mão das pessoas que colocam suas mentes e seus corações voluntariamente para que a diversidade se torne realidade. Isso já começou a ser colocado em prática. Acreditamos que era preciso criar também uma ouvidoria para receber denúncias de forma anônima, um canal de acolhimento para lidar não somente com questões relacionadas à diversidade, mas também de direitos humanos e outros assuntos. Esse canal está sendo implementado e deve começar a funcionar em 2023. Pensamos também num terceiro pilar, que é a área de formação. Acreditamos que é preciso fornecer uma formação para os professores, para os colaboradores e para os alunos, de modo que a diversidade faça efetivamente parte da nossa gramática desde o momento em que a pessoa ingressa na escola. Estamos em estágio avançado nessa iniciativa, que deve ser lançada em fevereiro de 2023.

 

Além dessa reestruturação da Comissão, o que mais vocês poderiam destacar de fato relevante ao longo deste ano?

Professora Bruna – Acho que vale destacar que, pela quarta vez, conquistamos o Selo de Direitos Humanos e Diversidade da Prefeitura de São Paulo (leia mais aqui). E neste ano obtivemos também, pela primeira vez, o Selo WOB (Women on Board), uma iniciativa independente, apoiada pela ONU Mulheres. O selo é concedido a empresas que tenham pelo menos duas mulheres no conselho de administração ou no conselho consultivo.

Professora Allyne – Para mim, esses selos são um reconhecimento de que o trabalho que está sendo feito vale a pena. É importante ressaltar que esses selos são resultado de uma construção coletiva, que envolve várias áreas da escola, incluindo pessoas que nos antecederam. É bom lembrar que o primeiro Selo de Direitos Humanos foi conquistado ainda na época da Comissão de Acessibilidade, que depois se fundiu com a Comissão de Diversidade para dar origem à atual Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão. Esses reconhecimentos são importantes, mas, ao mesmo tempo, servem para nos lembrar de que precisamos fazer mais. A barra precisa subir mais. O Selo WOB representa um compromisso de que precisamos manter pelo menos duas mulheres no conselho, mas não podemos parar por aí. Podemos ter mais mulheres nos representando no conselho.

 

 

Como vocês avaliam o grau de diversidade na escola atualmente? Em que estágio estamos?

Professora Bruna – Ainda está longe de onde queremos chegar, mas estamos evoluindo gradativamente. Temos um suporte muito grande principalmente no que diz respeito aos alunos, com o Programa de Bolsas. Essa iniciativa tem ajudado bastante a aumentar a diversidade na escola. O Programa de Bolsas tem, inclusive, uma parceria com a Educafro [projeto voltado para a inclusão de pessoas negras de baixa renda nas universidades], para aumentar o número de alunos negros na escola. Vale destacar também que uma das ações previstas pela Comissão para o próximo ano é a realização de um censo de diversidade, que vai possibilitar um diagnóstico mais preciso de como a escola se encontra neste momento. Esse censo não vai ser só de gênero ou de raça. Vai coletar informações também sobre a percepção de diversidade, de como as pessoas realmente se sentem e veem a diversidade na escola. O censo vai envolver todas as esferas — docentes, discentes e colaboradores. Ele fará uma avaliação também de quantas mulheres temos em cargos de liderança, para termos um diagnóstico para a promoção de carreira. Acredito que esse censo vai nos ajudar a enxergar onde estão realmente os problemas, para auxiliar no planejamento dos próximos passos.

Professora Allyne – Concordo com a avaliação da Bruna. Fazendo o teste do pescoço, que é levantar a cabeça e olhar, podemos observar que ainda há muito o que fazer. Mas é preciso reconhecer que estamos talvez em meio ao maior esforço concentrado e consciente da escola para que haja diversidade. Isso é muito importante. A partir do momento em que a escola reconhece que a falta de uma composição plural é um problema, que a diversidade é fundamental para diversificar o debate e o pensamento, isso precisa ser valorizado e celebrado. Acho que há um reconhecimento de que existe um problema, há um esforço concentrado e consciente de mudança, mas não podemos ficar só nesse teste do pescoço. O Insper é uma escola que tem feito sua construção educacional baseada em evidências, e por isso o censo do próximo ano será importante para qualificar os dados e nos ajudar a avançar um pouco mais rápido.

 

Como vocês avaliam o grau de engajamento dos colaboradores com o tema da diversidade?

Professora Allyne – Temos feito rodas de conversa, alguns eventos, e os líderes de cada um dos pilares têm promovido diálogos dentro da escola. Eu considero que essa onda pode se espraiar ainda mais e atingir cada vez mais gente. Vamos realizar um workshop sobre diversidade no ano que vem. Estamos trabalhando para que esse engajamento aconteça, e aconteça de forma voluntária. Acho que as pessoas vão compreender que, hoje, para fazer parte do Insper, é essencial conhecer esse tema. A escola tem cada vez mais pautado o debate, entendendo que o Brasil que queremos construir deve ter a diversidade como um de seus pilares, também por uma questão de justiça social. As pessoas vão perceber que só têm a ganhar fazendo parte dessa transformação. Sabemos que algumas pessoas são menos abertas a esse tema, mas acreditamos que, com diálogo, com construção coletiva, vamos conseguir atingir todo mundo, tanto docentes quanto discentes e colaboradores.

 

O que vocês esperam para o ano que vem na área da diversidade? Há novos projetos, novas ideias para implementar em 2022?

Professora Bruna – Minha expectativa para o próximo ano é que a gente consiga concretizar o censo de diversidade, o programa de formação, consolidar a área de diversidade e manter as parcerias que temos feito. Por exemplo, há o projeto Women in Tech, do Hub de Inovação da escola. A Comissão de Diversidade dá apoio a esse e outros projetos para incluir mais meninas e mulheres na ciência e na tecnologia. Queremos também aumentar a nossa conexão com o Comitê Alumni de Diversidade. Queremos ampliar essa conexão com os ex-alunos da escola porque estamos engajados no mesmo propósito. 

Professora Allyne – Enxergo o ano que vem como o de consolidação do que temos construído ao longo dos últimos anos. Mas eu tenho um sonho: por meio da formação, por meio de tudo o que temos feito, espero que consigamos repensar os currículos da escola para a inclusão de mulheres negras e para a inclusão desse tema de forma transversal em todas as disciplinas da escola. Esse é um sonho para o futuro. Sei que já tem muita gente fazendo isso, que está olhando para suas disciplinas, pensando em como incluir novas vozes nessa construção, buscando novas formas de conhecer o mundo. Espero que possamos ampliar a inclusão de professores negros, ter mais mulheres pesquisadoras, mais negros, mulheres e pessoas com deficiência nos cargos de liderança e de visibilidade. Eu realmente espero que a gente consiga discutir isso em toda a escola, de forma global, e que não sejam somente boas práticas isoladas. Isso está dentro do planejamento estratégico da escola. Temos 10 anos de transformação pela frente.

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