Realizar busca

O desafio da qualificação profissional e da inclusão no mercado de trabalho

Webinar promovido pela JOI Brasil, parceira do Insper, reuniu especialistas para discutir as perspectivas de retomada sustentável do emprego no país

Webinar do J-PAL

Webinar promovido pela JOI Brasil, parceira do Insper, reuniu especialistas para discutir as perspectivas de retomada sustentável do emprego no país

 

Michele Loureiro

 

A JOI Brasil (Iniciativa de Empregos e Oportunidades), vinculada ao J-PAL, centro que se tornou uma referência na luta contra a pobreza por meio da formulação de políticas públicas baseadas em evidências, realizou, no dia 29 de novembro, um webinar sobre o tema Políticas de Mercado de Trabalho: Qualificação Profissional. O evento, que teve o apoio dos parceiros Fundação Arymax, B3 Social, Fundação Tide Setubal, Potencia Ventures, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Insper, reuniu especialistas que discutiram as evidências científicas mais recentes de programas de qualificação profissional  relevantes para a América Latina.

O webinar contou com as participações de Livia Gouvêa Gomes, especialista em mercado de trabalho no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luiz Felipe Fontes, pesquisador de pós-doutorado do JOI Brasil, Edivaldo Constantino, gerente da JOI Brasil, Daniel da Mata, pesquisador da rede J-PAL e professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, e Vivianne Naigeborin, superintendente da Fundação Arymax.

A representante da Fundação Arymax, entidade cujo foco é a inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade econômica no mercado de trabalho, foi a primeira a falar no evento. “O desafio da inclusão produtiva no mercado de trabalho é grande, complexo e com muitas variáveis. Temos de olhar para a economia porque ela é um vetor importante, olhar para a qualificação das pessoas, para o acesso à educação, para as mudanças em curso no mundo do trabalho, para a conexão entre quem oferece e busca trabalho. E só vamos conseguir fazer isso com eficácia se estivermos informados sobre o que realmente tem mais efetividade e funciona melhor”, disse Vivianne Naigeborin.

Na sequência, a especialista em mercado de trabalho do BID, Livia Gouvêa Gomes, fez uma contextualização do mercado de trabalho brasileiro. Para ela, o objetivo de eventos e publicações sobre o tema é disseminar conhecimento de forma prática. “A ideia é que a informação vá além da academia”, afirmou Livia. Segundo ela, há uma recuperação do nível de emprego neste momento da pós-pandemia. “Os países da América Latina já tiveram um incremento substancial de vagas desde fevereiro de 2020, e o Brasil é parte importante deste processo.”

De acordo com a especialista do BID, um dos pontos de atenção dos indicadores de mercado de trabalho são os níveis de escolaridade. “A recuperação do emprego para quem tem o ensino fundamental completo ou menos está bem menos rápida do que para aqueles que têm formação em um patamar mais elevado de escolaridade”, observou. “É aí que o acesso às oportunidades e as questões socioeconômicas se revelam como desafios.”

 

Melhorar a qualificação profissional

O pesquisador Luiz Felipe Fontes, da JOI Brasil, apresentou os resultados de uma publicação intitulada “Evidências sobre políticas de mercado de trabalho e implicações para o Brasil: Qualificação Profissional”, elaborada com o objetivo de compreender o cenário de qualificação profissional — é a primeira de uma série de 6 pesquisas que serão produzidas pela JOI Brasil em parceria com o BID. A série busca disseminar conhecimento para que evidências científicas possam ser usadas na formulação de programas e políticas sobre o mercado de trabalho no país.

Para Fontes, uma das explicações para o nível de desemprego atual é a incompatibilidade entre as habilidades exigidas pelo mercado e aquelas que os candidatos apresentam. “Uma resposta natural para este problema é a implementação de políticas de treinamento de habilidades que sejam importantes para o mundo do trabalho. Apesar da popularidade de programas de qualificação, nossa pesquisa indica que muitos dos implementados ao redor do mundo tiveram pouca efetividade, além de serem caros.”, afirmou Fontes.

Ele apontou, no entanto, um possível caminho para a correção de rota. “Por mais que isso possa soar pouco otimista, é importante observar as oportunidades de aprimorar os mecanismos de ensino. Nosso olhar é voltado para como aprimorar o desenho de programas com base nos aprendizados obtidos em avaliações de impacto. Por exemplo, encontramos que programas de qualificação podem ser mais efetivos quando focados em habilidades técnicas demandadas por setores em crescimento e em habilidades socioemocionais.”

O pesquisador Daniel da Mata aproveitou o webinar para compartilhar um estudo sobre um programa de ensino profissionalizante na Bahia. Por meio de estatísticas detalhadas, como o melhor desempenho de mulheres e pessoas mais jovens, o objetivo é ajudar a entender como o poder público pode atuar como agente transformador na capacitação dos habitantes. “Mais do que ajudar o cidadão, esses programas podem colaborar para aprofundar o empreendedorismo e tem efeitos em frentes como redução da violência doméstica e homicídios, além de melhorar a saúde física e mental dos envolvidos. Em síntese, podem afetar a inclusão produtiva e várias outras dimensões importantes”, afirmou o professor.

 

Este website usa Cookies

Saiba como o Insper trata os seus dados pessoais em nosso Aviso de Privacidade, disponível no Portal da Privacidade.

Aviso de Privacidade

Definições Cookies

Uso de Cookies

Saiba como o Insper trata os seus dados pessoais em nosso Aviso de Privacidade, disponível no Portal da Privacidade.

Aviso de Privacidade