A liga de colégios Spark usa os aprendizados proporcionados pela parceria com o Insper para fortalecer a capacidade dos jovens de resolver problemas
Michele Loureiro
O Centro de Empreendedorismo do Insper (CEMP) ultrapassou as fronteiras da academia e iniciou um projeto com escolas secundárias de São Paulo. Ao proporcionar imersão e suporte aos alunos, o objetivo é fortalecer a capacidade dos jovens de resolver problemas sociais, ambientais, econômicos, políticos e outros por meio do poder do empreendedorismo.
Thomaz Martins de Aquino, coordenador do CEMP, diz que a iniciativa já tem resultados relevantes. A parceria entre o Insper e a entidade estudantil Spark, que reúne alunos da Escola Beit Yaacov, Escola Alef Peretz, Avenues São Paulo, Colégio Palmares, Escola Mobile, Escola Pueri Domus, St. Nicholas School, Colégio Santo Américo, Escola Internacional de Alphaville, Colégio Visconde de Porto Seguro, St. Francis College e St. Paul’s School, começou com uma capacitação e imersão que durou uma semana.
A Spark é uma entidade formada por alunos de ensino médio de escolas de São Paulo para difundir o empreendedorismo em seus colégios e estava com dificuldades de formatar programas de educação empreendedora para seus membros e colegas de classe. Por isso, os alunos procuraram o CEMP, que prontamente acolheu e criou um formato para atender às demandas dos jovens.
“Nessa parceria nós trouxemos os alunos ao Insper para conversar e entendemos que deveríamos formar facilitadores do processo empreendedor em cada escola. Dessa forma foi criada a Semana de Imersão Spark + Insper, que ocorreu no começo de agosto. A ideia é que esse tipo de evento aconteça todo ano”, diz Thomaz.
Os representantes que participaram da imersão no Insper foram responsáveis por escalonar o conhecimento do Centro de Empreendedorismo para os colegas e os projetos começaram a ganhar corpo. Um exemplo é o clube Spark do Santo Américo, que realizou um programa de desenvolvimento de startups ao longo do segundo semestre, com encontros e workshops facilitados pelos alunos que se capacitaram no Insper.
“Três projetos de startups foram criados. Eles vieram ao CEMP apresentar e receber feedback dos projetos. O interessante é ver que os alunos conseguiram desenvolver negócios de forma muito coerente e alinhada com o nosso processo. Mesmo tendo aprendido o processo com outros alunos (os que vieram se capacitar aqui no Insper) e não diretamente de nós. O retorno foi muito positivo”, afirma o coordenador do CEMP.
“Minha experiência foi muito especial. Aprendi conceitos do mundo empreendedor e desenvolvi agilidade para identificar e solucionar problemas de maneira criativa e efetiva. Concluir o Spark foi uma das grandes realizações do meu ano”, diz Helena Rivetti, aluna do Spark Hub Colégio Santo Américo.
Segundo Thomaz, a iniciativa com a liga Spark faz parte da missão de promover a transformação do Brasil por meio da formação de líderes inovadores, além de fortalecer o trabalho realizado pela área de vestibular e relação com o ensino médio do Insper junto às escolas.
“Ao levar o conhecimento que temos para alunos de ensino médio, contribuímos para que eles sejam líderes melhores desde o começo da sua jornada profissional. Os melhores empreendedores poderão transformar ainda mais o país. E claro, por fim, isso nos ajuda a posicionar a escola como referência que é em inovação e empreendedorismo”, afirma.
João Henrique Santos, assistente de projetos no CEMP, destaca que projetos como o do Spark permitem que os empreendedores sejam formados desde o começo com base nas melhores referências em desenvolvimento de negócios. “Faz com que entendam qual o verdadeiro desafio de cada fase e no que devem focar. Com isso ganham clareza, efetividade, e conseguem ser mais críticos em relação aos diversos materiais e conselhos que existem hoje sobre o assunto, que vêm muitas vezes sem o contexto necessário.”
A entidade formada por alunos das escolas paulistas começou como um clube de empreendedorismo na escola Avenues São Paulo, em agosto de 2019. Para dar continuidade às atividades do clube durante a pandemia, eles realizaram uma série de webinars com figuras como Abílio Diniz, Celso Athayde, Edu Lyra, Geyze Diniz, Guilherme Benchimol, Henrique Dubugras e Jorge Paulo Lemann.
Em 2021, a organização passou a contar com o apoio do Centro de Empreendedorismo do Insper, Link School of Business, JOCA e recursos de instituições como LaunchX (MIT), Y-Incubator e Wharton School.
A Spark tem a ambição de ser a maior incubadora de ideias e a maior rede de clubes de jovens empreendedores do país. Hoje, 34 alunos são embaixadores da comunidade e fundadores de um Spark Hub em suas respectivas escolas.
Por meio do componente Spark Hubs, eles capacitam estudantes brasileiros do ensino médio para que possam introduzir um ecossistema empreendedor (Hub) em sua comunidade escolar como embaixador da Spark.
O objetivo agora é integrar a comunidade de alunos de diferentes escolas de todo o Brasil para estimular o compartilhamento de ideias. Para isso, eles realizam master classes, palestras, imersões, lives com empreendedores e outros eventos que complementam a parte curricular.
“A partir de agora, com uma estrutura de Hub mais desenvolvida e testada, planejamos implementar a Spark em escolas públicas de ensino médio. A ideia é promover a igualdade de oportunidades independentemente das condições socioeconômicas e chegar a qualquer jovem estudante que pretenda entrar no mundo do empreendedorismo”, diz Isadora Fibra, embaixadora da Spark e aluna do Santo Américo.