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Grupo Raposas Negras atua para ampliar sua atuação na escola

Coletivo de alunos do Insper busca estabelecer parcerias para desenvolver iniciativas de acolhimento e apoio a pessoas negras

Coletivo de alunos do Insper busca estabelecer parcerias para desenvolver iniciativas de acolhimento e apoio a pessoas negras

 

Bárbara Nór

 

Quando entrou no Insper, em 2021, uma das primeiras coisas que a paulistana Daniela Matos, 21 anos, fez foi buscar conhecer e se alinhar com as pessoas negras que já estavam na escola. Se a estudante estava convencida de sua opção pelo Insper — onde ingressou como bolsista no curso de Direito, que escolheu depois de passar em outros vestibulares, como o da USP —, ela sabia que a experiência poderia ser um desafio. “Eu já tinha consciência racial e sabia que, por estar em minoria na escola, poderia ser difícil estar nesse lugar”, diz Daniela.

Foi assim que ela decidiu entrar no Raposas Negras, coletivo fundado em 2018 por alunos do Insper para ser um local de encontro e de apoio entre alunos negros. A ideia era conseguir se fortalecer e ter uma rede de ajuda e de trocas. “É muito importante o coletivo estar ali para acolher pessoas negras”, diz Daniela, que atualmente cursa o 4º semestre. “Há várias microviolências que vivenciamos todos os dias. Muitas das situações não são comuns a nossos colegas brancos, que, ainda que sejam nossos aliados, não vão entender da mesma maneira que nós”, afirma.

No auge da pandemia da covid-19, o grupo Raposas Negras acabou se dispersando. “O pessoal não sabia muito o que fazer. Várias pessoas que estavam no grupo já tinham se formado ou estavam prestes a se formar.” Por isso, em 2022, Daniela se empenhou em “ressuscitar” o coletivo, assumindo sua presidência. “Queremos fazer nosso nome no Insper para que todas as pessoas negras que entrem nos conheçam”, diz a estudante. O grupo conta hoje com cerca de 60 membros, dos quais 12 estão ativos.

Entre as atividades desenvolvidas pelo coletivo estão rodas de conversa entre alunos e colaboradores, muitas com profissionais convidados para falar de temas como saúde mental, dificuldades da vida acadêmica e os desafios de estar em um espaço considerado de alunos com alto poder aquisitivo. Afinal, lembra Daniela, no Brasil, a questão do racismo vem fortemente ligada às diferenças sociais e econômicas.

“A questão econômica é muito sensível”, diz a aluna. Vários dos membros do coletivo, por exemplo, moram a mais de duas horas de distância do Insper. “O desempenho acadêmico de uma pessoa que passa 4 horas no transporte coletivo vai ser totalmente diferente de alguém que só leva 15 minutos para chegar”, afirma. “Mesmo que eles se esforcem, as condições para desempenhar não são as mesmas.”

 

Apoio acadêmico e profissional

Por isso, outras iniciativas têm o foco em ajudar mais pessoas negras a conseguirem acessar espaços como o Insper. Ao saber de uma parceria do Insper com um cursinho promovido pela Educafro, instituição que atua na inclusão de pessoas negras, o Raposas Negras decidiu apoiar ainda mais os alunos. Durante três semestres seguidos, eles promoveram capacitação para o processo seletivo do Insper. “Simulamos a entrevista de bolsas e ajudamos a entender como funcionavam as fases do vestibular”, diz Daniela. Como resultado, hoje cerca de 10 alunos do cursinho estão no Insper. “Além de ter esse espaço de troca e de aquilombamento, queremos ajudar mais pessoas e ter ferramentas para que possam entrar no Insper.”

Na outra ponta, o coletivo vem se aproximando de empresas para ajudar no desenvolvimento profissional daqueles que já estão na faculdade. Um exemplo foi uma parceria com a Johnson & Johnson, fabricante de produtos médicos e de higiene pessoal, para a capacitação de pessoas negras. “Formulamos um projeto para captar essas pessoas para vagas de estágio e trainees e ajudamos a pensar como seria o curso”, diz Daniela. Além disso, o grupo trouxe representantes de empresas como Morgan Stanley e Deloitte para falar com os membros do coletivo sobre carreira e desenvolvimento profissional.

O objetivo é, cada vez mais, pensar em formas de tornar os espaços acadêmicos e corporativos mais diversos e acolhedores para todos. “Queremos tornar o Insper mais inclusivo e ainda mais acessível”, diz Daniela, que considera o programa de bolsas da escola o melhor do mercado. “Na maioria das faculdades, você precisa ser aprovado nos primeiros lugares para ter bolsa. Isso não é realmente inclusivo.”

Para Daniela, além de contratar mais professores negros e em cargos de liderança, as faculdades deveriam capacitar seus funcionários para a diversidade para, de fato, se transformarem. “Não adianta só colocar mais gente diversa e não preparar a estrutura para receber essas pessoas”, diz a estudante. “Todo professor e colaborador deveria ter uma formação em diversidade e ter um olhar mais sensível para as questões vivenciadas, por exemplo, pelas pessoas negras.”

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