O storytelling (contar histórias, em inglês) pode utilizar de diversos recursos, como a escrita, o áudio, o vídeo, as animações e, até mesmo, os dados para encantar o interlocutor. Não é à toa que esse é um grande aliado do marketing para atrair um determinado público-alvo.
Pode parecer estranho pensar que a exatidão dos números possa gerar encantamento. Mas há algo mais confiável do que os dados? Se bem interpretados e utilizados, eles são um trunfo para se comunicar e gerar credibilidade.
Como o nome sugere, essa é a técnica que utiliza dados para contar uma história. No data storytelling, diferentes formatos, como mapas, gráficos e quadros, são combinados com elementos narrativos para tornar informações complexas em algo mais simples de ser assimilado e absorvido.
Contar histórias para fazer com que dados sejam compreendidos de uma melhor maneira nunca foi tão necessário. Afinal, segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2025, estima-se que serão gerados em todo o mundo, diariamente, 463 bilhões de gigabytes de dados.
Com tanta informação disponível a um clique de distância, a narrativa aparece como uma alternativa para apresentar esses números e estatísticas de um jeito mais acessível e agradável.
O livro “Made to Stick” (em português, “Ideias que Colam”), uma das principais referências quando o assunto é data storytelling, reforça a importância de uma narrativa aliada aos dados.
Na obra, o professor da Universidade de Stanford, Chip Heath, conta sobre uma experiência que fez em sala de aula com seus alunos.
Ele dividiu os estudantes em grupos de seis a oito e forneceu algumas estatísticas sobre os padrões de crime cometidos nos Estados Unidos.
A partir disso, definiu que metade da turma deveria fazer uma apresentação de um minuto em apoio à ideia de que os crimes não violentos são um sério problema; já a outra parte precisava argumentar, também em um minuto, exatamente o contrário.
Após as apresentações, o professor passou um vídeo curto para distraí-los. Por fim, pediu que eles escrevessem tudo o que lembravam das apresentações dos colegas, realizadas dez minutos antes.
Apenas 10% dos participantes contaram histórias com os dados incorporados. Os demais se basearam somente nas estatísticas para defender suas posições.
Como resultado, 63% dos alunos se lembraram das histórias, enquanto apenas 5% recordaram as estatísticas mostradas de forma isolada.
Diante disso, Chip Heath defendeu que os dados e as histórias devem andar lado a lado, ser complementares. Enquanto os números legitimam os argumentos, as histórias engajam e são mais retidas na memória.
Leia mais: Privacidade x política de dados: como conciliar?
Como utilizar o data storytelling para uma apresentação atraente e que gere engajamento:
O primeiro passo deve ser ter em mente qual é a mensagem principal que a apresentação deseja passar e que deve ficar na mente do público. O objetivo pode ser, por exemplo, emocionar, fazer refletir, despertar desejos, vender um produto ou serviço, entre tantos outros. A partir dessa definição, os dados podem ser inseridos com propósito, de uma forma que faça sentido.
Esse é o ponto principal em qualquer tipo de comunicação. Identificar o público-alvo é essencial para saber o quanto é possível aprofundar nos dados apresentados, qual linguagem utilizar, que narrativa irá engajar mais, entre outros pontos. Uma apresentação feita para investidores é diferente daquela elaborada para funcionários de uma empresa, por exemplo.
Uma boa narrativa precisa ter início, meio e fim. A partir dessa estrutura podem ser inseridos elementos criativos, mas sem perder a objetividade. Quanto mais idas e vindas, maiores as chances do público perder a atenção.
Recursos como fotos, vídeos, gifs e gráficos interativos, por exemplo, são diferenciais para atrair o público e deixá-lo envolvido. No entanto, é importante que eles também não sejam usados de forma exagerada.
São várias as ferramentas que podem ser utilizadas para análise e interpretação de dados, tendo como objetivo contar uma história. Alguns exemplos:
É focada no monitoramento de redes sociais e fornece os dados sociodemográficos dos usuários, compila as principais menções e cria comparativos com a concorrência, entre outras funções.
Ferramenta do Google criada para monitorar, manter e resolver problemas da presença do site no motor de busca.
Ferramenta mais usada no mundo para analisar o comportamento dos usuários em sites e lojas virtuais. O serviço permite monitorar o perfil e os visitantes, identificar páginas mais acessadas, conversões, tipos de dispositivos usados para acessar os endereços, localização dos usuários, entre outros dados
Essa aplicação em código aberto permite criar e compartilhar documentos que mesclem códigos, equações, visualizações e textos explicativos. Ele é usado principalmente para análises de grandes volumes de dados.
Os usuários do Spotify já sabem: desde 2016, no mês de dezembro é lançada a campanha “Wrapped”, um dos melhores exemplos de data storytelling de todos os tempos.
Nessa ação, todos os usuários recebem uma linha do tempo com os artistas, as músicas e os podcasts mais ouvidos durante o ano. A ação é um sucesso tão grande que já é esperado que essa retrospectiva seja compartilhada em massa em outros aplicativos, como o Instagram.
Essa é uma maneira de mostrar como os dados fazem parte da vida das pessoas, como trabalhá-los de forma atrativa.
Ao final de cada mês, o assinante do serviço de streaming Globoplay recebe um email marketing com um resumo personalizado e em vídeo que contem qual foi o conteúdo mais assistido do mês por ele, quantas horas ele passou assistindo à plataforma e em quantos conteúdos ele deu play.
Esse é um caso de como o data storytelling foi usado para manter um relacionamento próximo com o assinante que, todos os meses, já aguarda seu vídeo nominal feito especialmente para ele.
No início do ano de 2015, o serviço online de hospedagens produziu um vídeo em que destacava que aproximadamente 550.000 viajantes se hospedaram em um dos aluguéis temporários da plataforma, durante a virada do ano. Isso aconteceu em 20.000 cidades diferentes. A produção mostrava, ainda, que Nova York foi o destino mais escolhido pelos usuários e 47.000 usuários se hospedaram na Big Apple.
O Google Maps disponibiliza um relatório mensal de viagem, a partir da ativação do recurso “histórico de localização” no celular. Com isso, o usuário recebe informações sobre os locais que mais visitou, pode conferir as fotos tiradas em cada um deles e, até mesmo, saber quanto tempo gastou em cada meio de transporte usado.
No caso acima, a proposta foi utilizar o data storytelling para contar uma história na qual o usuário é o próprio protagonista.
Para saber muito mais sobre o assunto, confira artigo sobre o curso de data storytelling.