A modalidade de turismo que une o trabalho e o lazer representa um terço do mercado global de viagens corporativas
“Bleisure” é um neologismo que surgiu da união das palavras em inglês business (negócio) e leisure (lazer). O termo foi criado para se referir a uma prática que vem ganhando espaço no mundo corporativo: permitir que um funcionário aproveite uma viagem a trabalho para ter alguns momentos de lazer.
Segundo um relatório da Future Market Insights, empresa americana de pesquisas de mercado, o bleisure é uma modalidade de turismo que deve movimentar globalmente quase 498 bilhões de dólares em 2022. Isso representa em torno de 30% a 35% do mercado de viagens corporativas. O estudo prevê que os gastos com essa mistura de viagens a negócios e lazer vão crescer a uma taxa de 19,5% ao ano, atingindo um montante próximo de 3 trilhões de dólares no mundo em 2032.
Para as empresas, oferecer aos funcionários a possibilidade de esticar uma viagem a trabalho para visitar atrações turísticas locais, por exemplo, é uma forma de incentivo e reconhecimento. Afinal, deslocar-se para uma cidade ou um país diferente do lugar onde o colaborador normalmente exerce suas funções toma tempo e costuma ser mais desgastante do que a rotina diária.
Apesar do crescimento dessa modalidade, o bleisure está longe de ser uma prática amplamente difundida no mercado. Uma pesquisa da Global Business Travel Association (GBTA), realizada em setembro com profissionais do setor, incluindo gerentes de viagens corporativas, apontou que apenas 4% das empresas cobrem as despesas de lazer associadas às viagens de negócio. Para 8%, a decisão de cobrir as despesas extras depende dos gerentes responsáveis.
A grande maioria (78%) arca integralmente com os custos de transporte (ou seja, os voos de ida e volta), mas não reembolsa qualquer despesa de lazer que o colaborador tiver durante a viagem. E 10% não garantem o reembolso do custo do transporte caso o funcionário estique uma viagem de negócios para lazer.
O levantamento da GBTA mostra que um número razoável de gerentes de viagens (41%) afirma ter visto um aumento no número de funcionários pedindo para fazer viagens de bleisure, adicionando um componente de férias a uma viagem de trabalho. Segundo a GBTA, isso pode ter sido impulsionado por políticas de trabalho mais flexíveis, que podem permitir que os funcionários façam viagens de férias sem usar necessariamente o período oficial de férias.
O mesmo levantamento da GBTA mostra que, aos poucos, as empresas estão retomando as viagens corporativas, que ficaram congeladas no auge da pandemia da covid-19. Agora, 86% das empresas pesquisadas disseram permitir que seus funcionários realizem viagens domésticas a trabalho. Um ano atrás, eram 75%. Nas viagens internacionais a trabalho, o índice subiu de 45% para 68% no mesmo período.
Das empresas que ainda mantêm suspensas as viagens corporativas, 69% pretendem retomar as viagens domésticas no curto prazo (1 a 3 meses) e 44% pretendem fazer o mesmo em relação às viagens internacionais.