Carla Carbone, colaboradora do Insper, fala sobre a luta para o reconhecimento definitivo da implantação da Libras e sobre ações do Insper para a comunidade surda.
No dia 24 de abril, o Brasil celebra o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), usada para a comunicação por pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Dentro do Insper, a Comunidade está sempre atenta ao receber alunos e profissionais surdos ou com deficiência auditiva. Nesse contexto, a escola conta com a Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, que reforça o objetivo da Comunidade Insper de se tornar um agente de transformação para as futuras gerações.
Confira, a seguir, entrevista com Carla Carbone, colaboradora da área de Secretaria Acadêmica – Educação Executiva, que compartilha conosco sua rotina de trabalho e fala sobre a adequação de suas necessidades dentro do Insper, além de reforçar todo o cuidado com nosso público surdo ou com deficiência auditiva.
Qual trabalho você desenvolve no Insper?
Trabalho com processos educacionais, na Secretaria Acadêmica da Educação Executiva, realizando cadastros de cursos, campanhas, alunos, controle de frequência e emissão de certificados.
Como foi o início da sua jornada na escola. Existiu alguma adaptação nesse período?
Esse foi o primeiro processo seletivo que participei como pessoa com deficiência (PCD), pois apesar da minha deficiência auditiva ser genética, o desenvolvimento aconteceu na idade adulta. Sou mestre em História e, antes de chegar ao Insper, trabalhava com pesquisa, tradução e aulas de idiomas. Como já estava apresentando dificuldades para dar aulas de idiomas, decidi buscar emprego na área administrativa e como PCD, mas priorizei a área da educação, pois é o que me move e no que acredito para fazer a diferença na sociedade.
A princípio, me candidatei para recepcionista e o RH me sinalizou sobre a vaga para Assistente da Experiência Insper dos cursos de Pós-graduação e Educação Executiva, que identificaram ser mais adequada ao meu perfil educacional, por trabalhar dentro da sala de aula. Lembro que no formulário de pré-seleção, havia a pergunta se eu precisaria de algum recurso especial, mas já uso aparelhos auditivos que me permitem um bom nível de compreensão e conto com equipamentos que transmitem os sons de computadores, telefones e televisões via bluetooth. Não tenho prejuízo de fala, ao contrário, dizem na área que falo muito!
Como enxerga a preparação do Insper para atender alunos da comunidade surda?
Como Assistente da Experiência Insper (AEI), minha função era cuidar para que nossos alunos e professores tivessem a melhor experiência em sala de aula. Por isso, tive contato com uma grande diversidade de alunos, alguns com deficiência, outros não, e o foco sempre foi o mesmo: entender suas necessidades. Creio que isso é o fundamental para qualquer atendimento e comunicação. A preparação do Insper para atender alunos PCD começa no formulário de inscrição, onde podem mencionar se possuem algum tipo de deficiência e quais adaptações são necessárias para sua recepção e aprendizado. Um exemplo é a disponibilização de um intérprete de Libras nos eventos gratuitos e abertos ao público.
Na minha experiência com os alunos dos cursos de Educação Executiva, quando alguém declara sua deficiência na ficha de inscrição e precisa de assistência, entra em cena toda uma equipe para atender essas necessidades da maneira mais adequada possível. O AEI recebia tal informação para estar preparado para o atendimento deste aluno. No caso específico dos alunos com deficiência auditiva, lembro de três que utilizavam aparelhos auditivos e, ao notar isso, cuidava para que a comunicação fosse o mais clara possível: fala pausada e de frente, além de utilizar os recursos escritos como anotações no papel e comunicações por e-mail.
Creio que a estrutura do Insper em si já é bastante satisfatória, pois as salas possuem uma acústica boa, as de modelo Harvard, por exemplo, são feitas exatamente para que todos possam se ver, e os professores têm à sua disposição microfones em todas as salas. Além disso, ao final de cada curso, passamos um formulário de avaliação no qual os alunos podem citar problemas e sugerir melhorias, o que nos ajuda na busca pela excelência também no caso dos alunos com deficiência.
Como é a rotina de trabalho e interação com seus colegas?
Sempre me senti bastante à vontade para falar ou não sobre minha deficiência com os meus colegas. Como minha perda da audição foi um processo gradual e tardio, convivi alguns anos com audição reduzida sem ter o diagnóstico. Fui me adaptando instintivamente, priorizando a comunicação escrita ou pela leitura labial. Além disso, convivi minha vida toda com uma pessoa com deficiência auditiva, meu pai, que tinha perda auditiva bastante acentuada, mas nunca colocou isso como impedimento.
Foi muito importante sentir a atenção de meus gestores e colegas com a comunicação. Peço sempre que priorizem a comunicação escrita, especialmente agora, com o uso de máscara.
Quais melhorias você tem visto nos últimos anos?
Há dois anos faço parte da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão do Insper. Atuando na frente atitudinal, pude conhecer melhor as ações que buscam promover um melhor entendimento dos distintos tipos de deficiência e a inclusão de alunos e colaboradores em geral, assim como uma atenção para melhor visualização e comunicação dos serviços e tecnologias assistivas disponíveis.
Dentre as melhorias para as pessoas surdas ou com deficiência auditiva, destaco:
Como você enxerga essas melhorias? Elas foram primordiais para o dia a dia do trabalho?
O mais importante é fazer parte de uma instituição inclusiva e diversa e sentir-se à vontade. Espero que possamos contribuir para expandir esse cuidado com a inclusão e a acessibilidade a outras instituições, especialmente no âmbito do ensino e da saúde, para atender toda a sociedade.
Saiba mais sobre as iniciativas da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão.