O estudante Gabriel Monteiro explica em um podcast como desenvolveu um modelo de machine learning que permite prever o nível de glicemia do paciente
Gabriel Monteiro, de 22 anos, descobriu aos 16 que tinha diabetes do tipo 1. Desde então, monitora constantemente o nível de glicemia e utiliza uma bomba de infusão para aplicar insulina. “No dia a dia, o paciente precisa tomar decisões sozinho a respeito do controle da glicemia”, diz. Aluno do 10º e último semestre da graduação em Engenharia de Computação do Insper, Monteiro decidiu investir em uma solução para facilitar a rotina de pessoas que sofrem da mesma doença.
Orientado pelo professor Rafael Corsi, o aluno começou um projeto de iniciação científica que culminou no desenvolvimento de um modelo de machine learning capaz de prever, com 30 a 40 minutos de antecedência, o nível de glicemia de um paciente de diabetes tipo 1. Com isso, o portador da doença pode acionar a bomba que faz a liberação da insulina necessária ao equilíbrio do organismo.
Doença silenciosa
O Brasil tem mais de 12 milhões de pessoas com diabetes e muitas nem sequer sabem que têm a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Esse número é correspondente à população da cidade de São Paulo. A instituição calcula que 1,1 milhão de crianças e adolescentes apresentam diabetes tipo 1, uma doença autoimune caracterizada pelo comprometimento progressivo do pâncreas, responsável pela produção de insulina.
O resultado é o excesso de glicose no sangue, que pode provocar lesões e placas nos vasos sanguíneos, danos à retina, falência renal, comprometimento dos nervos e até mesmo amputações. A rotina desses pacientes é dificultada pela necessidade de controlar a glicemia constantemente, com atenção especial não só para a alimentação, como também para realizar atividades físicas ou até mesmo na hora de dormir. Mas, com um bom controle glicêmico, as possibilidades de complicações acabam diminuindo de forma significativa.
Como um pâncreas artificial
Qual é a importância de um projeto como o desenvolvido por Gabriel? “Não existia comercialmente um sistema que realizava a injeção automática de insulina com base na leitura da glicose”, explica o professor Corsi. “Atualmente, os pacientes devem medir a glicose, com picadas ou com um sensor, e eles mesmos injetam a quantidade necessária de insulina. O sistema estudado atuaria como um pâncreas artificial, prevendo o comportamento da glicose e injetando a quantidade certa.”
Para Gabriel, o ambiente que encontrou no Insper foi fundamental para desenvolver seu projeto. “No Insper, temos a cultura da liberdade de ideias e os temas dos trabalhos são abertos. Em diversos trabalhos tive a vontade de inserir o contexto da saúde”, disse o estudante em uma entrevista a Francisco Gonçalves e Fabiano Ferreira, líderes do Comitê Alumni de Tecnologia do Insper, para um novo podcast. O resultado do bate-papo está disponível na página de podcast do Insper, que pode ser acessada clicando aqui.