[{"jcr:title":"“O Brasil perdeu o protagonismo nas discussões globais sobre o clima”"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"“O Brasil perdeu o protagonismo nas discussões globais sobre o clima”","jcr:description":"Coordenador do Centro de Agronegócio Global do Insper, Marcos Jank diz que o Brasil é cobrado na COP-26 por ter permitido o avanço do desmatamento"},{"subtitle":"Coordenador do Centro de Agronegócio Global do Insper, Marcos Jank diz que o Brasil é cobrado na COP-26 por ter permitido o avanço do desmatamento","author":"Ernesto Yoshida","title":"“O Brasil perdeu o protagonismo nas discussões globais sobre o clima”","content":"Coordenador do Centro de Agronegócio Global do Insper, o professor Marcos Jank diz que o Brasil é cobrado na COP-26 por ter permitido o avanço do desmatamento   Nas conferências das Nações Unidas sobre mudanças climáticas de Doha, em 2012, e Paris, em 2015, o Brasil se posicionou como um protagonista na busca de um consenso global em torno da necessidade de conter a elevação da temperatura no planeta. A situação brasileira é bem diferente agora na 26ª conferência do clima, a COP-26, que começou em 31 de outubro em Glasgow, na Escócia, e vai até 12 de novembro. “Saímos da reunião de Paris, em especial, como um player robusto e bastante admirado”, relembra [ Marcos Jank ](https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/docentes-pesquisadores/marcos-sawaya-jank/) , professor sênior de agronegócio global do Insper e coordenador do [ Centro de Agronegócio Global ](https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/centro-de-agronegocio-global/) da instituição. Ele esteve presente no histórico encontro na capital francesa, que estabeleceu as metas para que o aquecimento global se mantenha dentro de limites seguros, e esteve semana passada em Copenhague, na Dinamarca, onde participou de um debate prévio com o governo dinamarquês sobre temas que serão tratados na COP-26. Na avaliação de Jank, pela primeira vez, existe um alinhamento entre os maiores emissores de gases poluentes do planeta, como os Estados Unidos, a China e a Europa. “Mesmo economias com emissões médias e até então reticentes, como a Rússia, o Japão e a Indonésia, estão se engajando na temática.” Em Glasgow, uma das pautas de discussão mais relevantes é o uso da terra. “Nesse tema o Brasil agora é visto como vilão e o governo brasileiro está sendo pressionado, já que 65% do desmatamento acontece em terras controladas pelo Estado”, disse Jank. “Num cenário em que o presidente Joe Biden recolocou os Estados Unidos na dianteira das ações pela sustentabilidade e a União Europeia já aprovou seu Green Deal, o governo brasileiro está ouvindo muitas cobranças.” Jank lembra que o Brasil tinha conseguido reduzir o desmatamento na Amazônia significativamente, de um pico de 2,8 milhões de hectares em 2004 para 0,5 milhão em 2012. E sua matriz energética, centrada em hidrelétricas, eólicas e biomassa, já era considerada exemplar na época do Acordo de Paris. Desde então, o cenário mudou bastante. Enquanto o restante do mundo caminha em direção ao posicionamento que o Brasil sustentava anos atrás, o desmatamento na região amazônica voltou a disparar: alcançou 1,1 milhão de hectares no ano passado, mais que o dobro da extensão de 2012 ( veja quadro ).     Potência agroambiental Jank considera que o principal responsável pelo desmatamento no Brasil é a falta de regularização fundiária. “Temos 50 milhões de hectares de terra sem dono”, diz. “Não é o agronegócio que causa o desmatamento ilegal. É a situação fundiária, somada a um sinal, de parte do governo, de que não está controlar o problema.” Em sua avaliação, o agronegócio faz parte da solução, não do problema. “Nenhum país temperado faz duas a três safras no mesmo ano agrícola, como o Brasil consegue obter em clima tropical, resultado de décadas de investimentos em pesquisa. Agora o setor vem adotando novas medidas, como a integração entre lavoura e pecuária e as práticas de agricultura regenerativa, com a redução do uso de herbicidas químicos.” O resultado disso, afirma, é que a soja brasileira emite 20% menos gases de efeito estufa ao longo do processo produtivo em relação à média global. “Num cenário em que a população mundial vai continuar crescendo, puxada pelas regiões mais pobres, especialmente a África e o sul da Ásia, o Brasil tem tudo para fortalecer sua posição como potência agroambiental”, afirma Jank. Para o professor, o setor público, em nível global e também no Brasil, tem avançado em suas metas de descarbonização e transição energética para uma matriz mais limpa. Ele destaca também o crescente engajamento de empresas. “Em Glasgow, estamos vendo uma presença muito forte do setor privado, o que é uma novidade importante. Nos primeiros encontros sobre clima dos quais participei, no começo dos anos 2000, apenas instituições governamentais compareciam. Era uma pauta distante da realidade das corporações.” Não é mais."}]