CONHECIMENTO| CONTEÚDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19 |ACESSE A PÁGINA ESPECIAL
Aumento do número de pessoas e do tempo de convivência dentro de casa, perda de renda, elevação da insegurança psicológica e do estresse, enfraquecimento dos laços com o poder público e quebra das rotinas são algumas das situações favorecidas pela pandemia do novo coronavírus que podem prejudicar o desenvolvimento de crianças pequenas.
O Núcleo Ciência pela Infância (NCPI), iniciativa para traduzir e difundir o conhecimento científico sobre o desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos de que faz parte o Insper, acaba de publicar um trabalho com alertas e cuidados durante a crise mundial provocada pela Covid-19. O grupo é coordenado por Naercio Menezes Filho, responsável pela Cátedra Ruth Cardoso no Insper.
Numa pesquisa realizada em meio à epidemia com crianças e adolescentes na província chinesa de Shaanxi, o excesso de dependência dos pais e o medo de que algum familiar acabasse infectado foram mudanças de comportamento mais prevalentes no grupo mais jovem (3 a 6 anos). Além disso, entre outras manifestações psicológicas das crianças, foram relatados pelos pais perda de atenção, irritabilidade e distúrbios de sono e de apetite.


No Brasil, como mostra o documento do NCPI, 36% das crianças até 3 anos e 93% das crianças de 4 e 5 anos frequentam creches e pré-escolas e, portanto, serão potencialmente afetadas pela suspensão das atividades. Além do prejuízo da interrupção do atendimento em fases importantes do desenvolvimento intelectual, emocional e social, a situação se agrava porque muitas dessas crianças dependem da escola ou da creche para alimentar-se adequadamente.
Riscos adicionais estão associados ao aumento da violência doméstica durante confinamentos e ao desabamento da renda, que pode afetar dezenas de milhões de famílias. Mais de 40% dos trabalhadores brasileiros estão na informalidade, expostos ao empobrecimento repentino, porque dependem da circulação de pessoas e da atividade aquecida para viver e não contam com os mecanismos de proteção dispensados a trabalhadores com carteira assinada.
O trabalho do NCPI percorre todos esses aspectos do problema provocado pela crise do coronavírus e oferece sugestões a famílias, administração pública e comunidade para mitigar os seus impactos sobre as crianças menores. As propostas vão desde a necessidade de estabelecer rotinas domésticas e controlar o uso de equipamentos eletrônicos até a sugestão de expandir o programa federal de auxílio emergencial à renda de trabalhadores informais, desempregados e autônomos além dos três meses inicialmente previstos.