Operários trabalham na construção de edifício na capital paulista
Alguma coisa aconteceu na trajetória econômica brasileira por volta de 1980. O desempenho nacional na produção de bens e serviços, que havia sido um dos mais vigorosos do mundo nas décadas anteriores, passou a oscilar em torno de uma quase estagnação.
Segundo o pesquisador Marcos Mendes, do Insper, algumas escolhas da sociedade nesse período tornaram as regras do jogo econômico pouco favoráveis ao crescimento.
Um país fica mais próspero conforme mais produtivos seus trabalhadores se tornam. Pense numa nação que produziu 2% a mais num ano e cuja população ocupada também cresceu 2%. Como o volume produzido por trabalhador ficou igual, ela não melhorou a produtividade. Se o resultado se repetir como tendência, o vetor de longo prazo será de relativa paralisia.


O produto por trabalhador ocupado no Brasil hoje é menos de 9% superior ao que era em 1980, segundo dados da Conference Board, cuja medição procura tornar comparável o poder de compra entre as nações. A lentidão brasileira não se verificou em países como Espanha, Coreia do Sul e China. Os dois últimos eram bem menos produtivos que o Brasil em 1980.


Outra forma usual de expressar a prosperidade de um povo é a renda (ou PIB) per capita, a razão entre o total da produção e o da população. Nações pobres ou de renda média que enriquecem ao longo do tempo reduzem a distância entre a sua renda per capita e a dos países desenvolvidos.
De 1980 para cá, a renda per capita brasileira evoluiu mais devagar que a dos membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), composta majoritariamente por nações desenvolvidas.