Ter uma rotina diária, fazer provas anteriores e não ignorar disciplinas chatas são algumas dicas para se dar bem no exame
Heitor Leme sempre teve a teoria de que a preparação para o vestibular é feita durante a sua vida. Não existe um momento certo para estudar o que vai cair na prova. O ideal é absorver aos poucos o conteúdo passado em sala de aula – e, às vezes, fora dela. “Minha real preparação foi apenas fazer os exames que as universidades disponibilizam na internet. Isso me mostrava como a faculdade abordava cada área do conhecimento”, conta o estudante do 1º semestre de Administração no Insper.
Porém, nem todo mundo se planeja dessa forma. Na verdade, boa parte dos jovens só começa a pensar em que carreira seguir e como passar no vestibular da faculdade desejada quando entra no Ensino Médio. E ainda existem aqueles que só se organizam de fato no último ano.
Se você se enquadra no segundo perfil, saiba que nunca é tarde para começar a se preparar para o vestibular. Com dicas práticas de especialistas e alunos que acabaram de passar por essa situação, devore a reportagem a seguir, se programa e relaxe. Tudo dará certo no final. Confira no vídeo abaixo:
Fase preparatória
Disciplina e rotina. Esses são os pontos-chave para conseguir estudar o que é necessário para o vestibular. De acordo com o coordenador pedagógico do extensivo do curso Poliedro São Paulo, Francisco Pequê, é importante que o jovem monte um plano de estudos diário. “Por exemplo, ele está na escola no período da manhã. Depois do almoço, ele tem um cronograma estabelecido. Das 14h às 15h, estuda física. Das 15h às 16h, história. E assim por diante”, explica. Também é fundamental mesclar temas de exatas com humanas para não se esgotar mentalmente apenas em uma área.
Para testar os conhecimentos adquiridos em seus estudos – tanto em sua rotina quanto na sala de aula –, uma boa dica é participar de simulados feitos pelo seu colégio e fazer os exames anteriores da universidade que você vai prestar, como fez Heitor.
Quem tiver tempo pode ser treineiro, aquele cara que participa do vestibular no meio ano só para saber como se sairia se fosse a prova real. “Essa é uma experiência ótima, porque você pode cometer todos os erros que se comete por inexperiência, por exemplo. Pode gastar tempo em uma questão e esquecer de outra, não pensar o suficiente no tema da redação”, diz Tadeu da Ponte, coordenador de processos seletivos do Insper.
Um dos que apostaram na experiência foi Lucas Teixeira de Castro Mussi, estudante do 1º semestre de Administração do Insper. “A prova do meio do ano foi o meu primeiro contato direto com o ambiente de vestibular. Ela ajudou, pois me deixou mais tranquilo para o exame sério. Eu sabia exatamente como deveria administrar meu tempo. Sem contar que eu até estava estudando bastante e, quando eu passei no treino, fiquei mais sossegado”, conta.
Vale lembrar que mesmo com a rotina de estudos estabelecida e todos os testes pré-vestibular, como afirma Pequê, o processo de aprendizado não é divertido. Pode até ser um sacrifício. Algumas concessões devem ser feitas e as consequências, talvez, acarretem em desgaste físico, psicológico e social.
Os contras
De acordo com a universidade e de quão concorrido é o curso escolhido, você pode dar adeus para as baladas, festinhas e celebrações em família. Isso porque sua vida social nos fins de semana será substituída por horas de estudo. “Mas, lembre-se, a faculdade tem essas comemorações e sua liberdade voltará em breve. Então, aguente um ano e corra atrás, pois isso não é perda de tempo”, afirma Pequê.
Para conseguir passar em Engenharia de Computação no Insper, Bruna Kimura não encontrou outra saída a não ser usar seus fins de semana para aprender, mas com moderação, claro. “Eu tinha uma regra: aos domingos, estudava apenas no período da manhã, depois do almoço era o tempo da família. Porém, aos sábados, eu gostava de passar o dia estudando”, conta a aluna que está no 1º semestre.
Um problema que pode empacar a rotina são as disciplinas chatas. Embora varie de pessoa para pessoa, praticamente todo mundo tem aquela matéria que é difícil de digerir. “O aluno deve dar mais atenção para ela”, afirma Ana Cristina Caldeira, psicóloga e coordenadora do MultiInsper, área da faculdade que ajuda o calouro a se adaptar. “Tendemos a deixar para o fim o que gostamos menos. Porém, eu sempre digo que você deve colocar essas disciplinas no seu horário nobre, quando você está com a cabeça leve. Assim, você faz bem feito e uma vez só.”
Para quem desanima só de pensar em estudar aquela pedreira logo de cara, existe outra tática interessante. Comece a rotina com o que você gosta. Quando estiver disposto, parta para a guerra e faça a matéria desanimadora. Assim que conclui-la, se dê um prêmio. Pode ser terminar o dia com sua disciplina favorita ou até um mimo, como um chocolate ou hambúrguer.
Para deixar a rotina mais leve, Pequê recomenda que o aluno, uma vez por mês, participe de um evento sociocultural. Entre eles estão: uma exposição, fazer um tour em um museu ou ir ao cinema – lembrando que assistir a Batman vs Superman não conta. “Mais do que ajudar nas matérias, a maioria dessas atividades sempre está direcionada à criatividade e à argumentação. Elas podem ajudar na construção da redação ou de uma resposta na hora de colocar as ideias no papel”, explica o coordenador pedagógico do Poliedro São Paulo.
No dia do vestibular
Além da preparação de conteúdo, existe um ponto que pode atrapalhar no dia do vestibular: as emoções. Tadeu diz que é importante saber administrá-las para que não ocorram os famosos brancos na hora da prova. “Têm jovens que meditam, outros balanceiam estudos e passeios. Existem os que estudam na véspera e os que não passam perto de um livro. A chave é se conhecer bem. Saber o que te potencializa e o que te afeta negativamente”, diz o coordenador de processos seletivos do Insper.
Tanto Heitor como Lucas garantem que é necessário ter confiança em si mesmo e em seu conhecimento. Com isso em mente, basta se manter calmo na hora da avaliação e traduzir sua bagagem nas respostas. No final, você verá que o sossego valeu a pena e, mesmo que você seja o último aprovado, aproveite para comemorar. Raspe a cabeça, pinte a cara, faça selfies, enfim, curta o momento.
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