O Master em Gestão Pública (MGP) do Insper finalizou mais uma viagem de campo, desta vez realizada no governo de Minas Gerais. Três grupos fizeram um processo de imersão em programas públicos, viajando até Belo Horizonte e se reunindo com representantes envolvidos nas políticas do estado, e desenharam um plano de ação com sugestões de melhorias em governança, controle e avaliação. No final de 2023, a mesma turma participou de experiência semelhante na prefeitura de Recife, em Pernambuco.
Texto do conteúdo (primeira parte)“O MGP concilia sólida formação teórica com aplicação prática, e a atividade de campo é o momento para aplicação dos conhecimentos aprendidos em sala de aula em um problema público real”, diz a professora Laura Machado, coordenadora do MGP, do Programa Avançado em Gestão Pública (PAGP) e da trilha de públicas da graduação do Insper. Ela diz que os trabalhos foram muito elogiados pela Secretaria de Educação e pela Secretaria de Desenvolvimento Social, que pretendem seguir as sugestões de aperfeiçoamento apontadas pelos estudantes.
O grupo de Daniel Bonatti, Daniela Pereira, Karen de Oliveira, Luis Roberto do Nascimento e Rafaela Pinto fez o diagnóstico do Programa Percursos Gerais, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, desenvolvido desde 2019. O problema público identificado foi a falta de autonomia produtiva e social das famílias em situação de vulnerabilidade social em 56 municípios mineiros, predominantemente na área rural. Em sua segunda fase, iniciada em 2024, o programa busca promover a inclusão 2.240 famílias selecionadas pelas equipes de assistência social, por meio da distribuição de kits de insumos e produtivos, de capacitação técnica para produção e comercialização e do assessoramento dos beneficiários do programa.
Em Minas, eles se reuniram com representantes de áreas do governo envolvidas no Percursos Gerais e com outros agentes que participaram da primeira fase do programa – de 2019 a 2023. Munido de materiais e documentos fornecidos pela secretaria, o grupo apresentou uma teoria da mudança — fotografia do programa em relação a recursos financeiros e humanos necessários, atividades a exercer, produtos e resultados esperados para a política pública. Também foi proposto um sistema de monitoramento e avaliação do programa a partir de uma matriz de indicadores de desempenho. “A equipe da secretaria nos disse que já estão encaminhando algumas das recomendações que fizemos no trabalho, o que é gratificante, porque vimos a aplicabilidade prática de conteúdos e ferramentas vistos durante o curso”, afirma Nascimento.
De acordo com Nascimento, os cinco colegas consideraram a experiência das imersões semestrais muito rica e valiosa, por abrir a oportunidade de conhecer realidades distintas e vivenciar os problemas na prática. Eles exaltam a diversidade acadêmica e profissional não só do grupo, mas de todos os alunos do MGP, oriundos de diversas regiões do Brasil e áreas de atuação nas esferas pública e privada e no terceiro setor.
O Programa Percursos Gerais também foi objeto de estudo do grupo formado por André Koga, Diego Cabral, Gabriel Bastianelli, Pedro Mathosinhos e Tarsio Taricano. Eles contam que a Secretaria de Desenvolvimento Social relatou um problema de coordenação e governança no programa, causado por fatores como limitação de recursos, falta de engajamento dos municípios e a complexidade logística — em Minas, os municípios são pequenos e ficam extremamente distantes uns dos outros. Ao final do trabalho, o grupo apresentou uma proposta de reestruturação do modelo de governança do programa e aporte de investimentos, que — indicam os estudos — melhorará o engajamento, potencializará resultados e reduzirá o prazo do programa, gerando benefícios sociais mais rápidos e assertivos na ponta.
Para Koga, o grupo foi bem acolhido em Belo Horizonte e teve acesso a todas as informações necessárias, o que tornou possível a entrega de um trabalho de qualidade. “O feedback da secretária de Desenvolvimento Social do Estado, Alessandra Portela, e da diretoria da secretaria foi muito positivo durante a própria apresentação”, diz Koga. “A experiência adquirida agrega muito valor ao currículo de todos os integrantes do grupo e existem inúmeras possibilidades de aplicar esse método à nossa atividade profissional, uma vez que o tema governança é transversal e permeia tanto organizações públicas quanto privadas.”
O grupo formado pelos alunos Cassiano Archas, Juliana Guedes, Paula Gonçalves, Sâmara Oliveira e Thales Athanásio analisou o Programa de Transporte Escolar da Secretaria de Educação. Diante da insegurança em relação ao repasse de verbas e à garantia do direito de acesso e permanência na escola pelos estudantes da rede rural de ensino, o grupo montou um plano de ação de apoio à secretaria. A entrega incluiu a proposta de novos indicadores de desempenho e de mudança no método de coleta e monitoramento de dados via benchmarking, acrescidos de sugestões de adequações legislativas que permitissem a incorporação desses indicadores e método.