Oferecer uma solução ESG inovadora que simplifica e acelera o inventário de gases de efeito estufa, utilizando tecnologia de ponta e inteligência artificial. Essa é a proposta da ZNIT, uma startup criada pelos engenheiros João Bruno Palermo, CEO da empresa, e Denis Ramon Peixoto, que ocupa o cargo de CTO. Palermo concluiu o Certificate in Business Administration no Insper, enquanto Peixoto está cursando o MBA Executivo na escola. Com o apoio do Hub de Inovação e Empreendedorismo Paulo Cunha, os empreendedores amadureceram a ideia de um negócio que fornece uma ferramenta capaz de gerar relatórios de sustentabilidade de forma automatizada, sem demandar esforços adicionais para a compilação e organização dos dados.
Palermo e Peixoto se conheceram trabalhando com automobilismo e atuaram juntos em uma empresa especializada em projetos especiais de eletrificação, desenvolvendo veículos elétricos. Após ingressarem no Insper, tiveram a ideia de empreender em algo voltado para um dos problemas que haviam observado em suas experiências profissionais — a medição de impacto de mudanças climáticas, especialmente das emissões de CO2. Eles decidiram participar da incubadora Tech + Science, do Hub de Inovação e Empreendedorismo do Insper.
“No início, tínhamos somente a clareza de que queríamos trabalhar com inteligência artificial e tecnologia. Durante nossa participação na incubadora no Hub, focamos em ampliar nosso repertório e conectar os pontos que faltavam, o que nos levou a amadurecer a ideia de combinar inteligência artificial com nossa experiência em veículos elétricos e sustentabilidade. Ao final do programa, conseguimos unir esses dois elementos para dar início à ZNIT”, diz Palermo.
O objetivo da ZNIT é oferecer uma plataforma que simplifica a contabilidade das emissões de carbono. “Nossa plataforma SaaS (software as a service), baseada na nuvem, conecta-se aos dados já existentes das empresas, como imposto de renda e notas fiscais, sem exigir o preenchimento manual de planilhas. Por meio da inteligência artificial e inteligência de dados, aproveitamos as informações que as empresas já possuem para calcular suas emissões”, explica Peixoto. “Identificamos quais atividades impactam mais o meio ambiente e oferecemos um caminho para reduzi-las. Conectamos as empresas a parceiros que fornecem produtos e serviços mais sustentáveis, além de sugerirmos práticas internas que diminuem as emissões.”
De acordo com Palermo, medir as emissões é apenas o primeiro passo. “No longo prazo, nossa ferramenta pretende resolver o problema da medição, fornecer recomendações, acompanhar o impacto e gerar relatórios. Será possível identificar melhorias ao longo do tempo, entender quais áreas da empresa são mais críticas e gerenciar os riscos”, afirma. “Além disso, podemos até desenvolver um ranking das empresas, destacando aquelas que são referência em sustentabilidade. Assim como no caso da logística reversa, em que existem selos como o eureciclo, acreditamos que, com a conscientização sobre mudanças climáticas, as empresas serão cada vez mais valorizadas pelo seu compromisso com o meio ambiente.”
A ZNIT foi uma das startups brasileiras selecionadas no mais recente programa de residência da Antler, um fundo global de venture capital que impulsiona negócios em fase inicial. Realizado duas vezes ao ano, o programa reúne empreendedores e aspirantes a empreendedores para uma imersão de 10 semanas. Com um processo seletivo rigoroso, que inclui entrevistas e análise de materiais, cerca de 60 participantes foram escolhidos entre 3 mil inscritos para trabalharem juntos durante o programa. Ao final, 10 ideias com alto potencial de crescimento e geração de resultados foram selecionadas por um comitê de investimento da Antler. Cada uma dessas ideias — entre elas a da ZNIT — vai receber um aporte de 150 mil dólares, em troca de uma participação de 10% da Antler no negócio.
A plataforma da ZNIT ainda não teve um lançamento comercial completo. A startup segue o modelo sugerido no livro Startup Enxuta, de Eric Ries, que ensina a iterar e validar o produto com clientes antes de um grande lançamento. “Estamos realizando provas de conceito com alguns clientes. O objetivo é confirmar as funcionalidades mais importantes e ter certeza de que o produto oferece valor real aos clientes”, diz Peixoto. “Só lançaremos a plataforma comercialmente quando tivermos as funcionalidades principais validadas pelos clientes. Isso garante que estamos investindo em algo que realmente resolve um problema real.”
A estratégia da ZNIT é focar inicialmente no setor da construção civil, mais especificamente nas construtoras de São Paulo. A escolha desse setor ocorreu após uma análise extensa do mercado, que levou em consideração regulamentações recentes, como uma resolução da CVM que obriga empresas de capital aberto a medir suas emissões, e a crescente pressão de investidores por empresas sustentáveis. Além disso, o setor da construção civil tem uma cadeia de valor extensa e está passando por uma modernização em pesquisa e desenvolvimento, o que abre oportunidades para soluções tecnológicas inovadoras. A ZNIT espera se tornar relevante nesse mercado, fornecendo ferramentas para medir e gerenciar as emissões de carbono durante a construção de empreendimentos.
No fim das contas, o propósito da ZNIT é ser uma parceira para empresas, facilitando sua transição sustentável e enfrentando os desafios da mudança climática. Atuando no modelo de negócios B2B, a startup visa criar um ecossistema de sustentabilidade para ajudar as empresas a cumprir exigências de redução de emissões. “Considerando que negócios são os grandes responsáveis pelas emissões de carbono, a mobilização empresarial é essencial para alcançar os objetivos de sustentabilidade e mitigar os impactos climáticos”, diz Peixoto. “A ZNIT se posiciona como parceira, especialmente para pequenas e médias empresas, oferecendo tecnologia e recursos para medir e reduzir emissões, atendendo às demandas regulatórias e promovendo a neutralidade de carbono.”