Integrante do grupo de pesquisa Educação em Engenharia e Computação do Insper, o professor André Santana, dos cursos de Engenharia, é coautor do artigo “Paths for the implementation and management of school maker environments”, que será apresentado na WorldCist’25 – 13th World Conference on Information Systems and Technologies, no dia 16 de abril, em Florianópolis, Santa Catarina. O trabalho relata a experiência de implantação de ambientes maker de internet das coisas em escolas públicas do estado de São Paulo e teve coordenação científica de Roseli de Deus Lopes, professora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Também assinam o artigo Elio Molisani Ferreira Santos, professor da Universidade Federal do Amazonas, e Valkiria Venancio, consultora em educação e então pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP.
Os ambientes maker, representativos da cultura “mão na massa”, já foram tema da Tech Week Insper. São espaços de criação coletiva que fomentam a aprendizagem prática e o desenvolvimento de habilidades críticas. Em particular, a pesquisa deste grupo de professores sistematiza experiências reais em campo e propõe estratégias replicáveis para criação e gestão sustentável de espaços maker em escolas públicas — mesmo diante de restrições orçamentárias e estruturais. Os pesquisadores sentiram-se motivados por práticas pedagógicas que envolvem os estudantes em desafios reais e desenvolvem competências técnicas e criativas.
Apoiado pela Eletrobras Furnas, o projeto começou em 2020, com cinco escolas da capital paulista, e foi ampliado para outras 11 instituições em diferentes regiões do estado em 2022. Ao todo, 589 estudantes participaram de atividades que integram metodologias ativas e tecnologias emergentes, fundamentadas na aprendizagem baseada em projetos e problemas (PPBL, na sigla em inglês). Os resultados indicam que esses ambientes maker impulsionaram significativamente a motivação e o engajamento dos estudantes, aprimorando habilidades de pensamento crítico, criatividade, autonomia e colaboração.
Santana, que atuou diretamente no desenho de workshops e mentorias com foco na operacionalização do desenvolvimento de projetos para problemas do mundo real em escolas públicas, destaca a importância de apoiar professores e estudantes fora do universo de disciplinas tradicionais e de atividades extracurriculares. “Quando docentes e estudantes percebem que outras escolas também estão criando soluções para seus próprios contextos, sentem-se parte de um processo criativo coletivo”, diz o professor do Insper. “Essa representatividade é fundamental para consolidar o sentimento de pertencimento.”
Santana também ressalta a relevância da experiência acumulada pelos demais autores. Valkiria, com ampla vivência em sala de aula e na formação de professores da educação básica, contribuiu para tornar as formações mais sensíveis às realidades locais e valorizou a troca entre pares, fortalecendo a confiança dos professores na adoção de novas práticas. Santos tratou do tema em seu doutorado em Engenharia Elétrica na USP, orientado por Roseli. “A tese de doutorado do Elio Santos aprofunda a gestão orgânica e integrada desses espaços, apontando o protagonismo docente como um fator determinante para a continuidade do uso dos laboratórios após o término de qualquer programa ou financiamento”, diz Santana.
Entre os dados de destaque do artigo, 86% dos professores participantes relataram ter incorporado os conhecimentos adquiridos nas formações às suas práticas pedagógicas. Projetos como dispensadores automáticos de álcool em gel, sistemas de controle de iluminação com sensores e dispositivos de apoio para pessoas com deficiência foram desenvolvidos com a participação ativa dos estudantes, conectando diferentes áreas do conhecimento e promovendo o trabalho colaborativo.
Os professores produziram uma coleção de livros ao longo do projeto que podem ser acessados no acervo da Febrace. As obras ajudam a entender o conceito de cultura maker, internet das coisas e aprendizagem por problemas e projetos, além de apresentar um roteiro de implantação, gestão e uso de espaços de criação coletiva.