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O estudante Leonardo de Campos Gomes, do curso de graduação em Economia do Insper, já tem em seu currículo uma experiência internacional de praticamente dois meses e meio na Universidade de Chicago. Ele foi um dos cinco alunos que participaram do programa Summer Institute in Social Research Methods, uma parceria entre o Insper e a Universidade de Chicago. A universidade americana, com seus 130 anos de história, é uma das mais tradicionais do país e já recebeu, entre professores e alunos, 97 vencedores do Prêmio Nobel. “Tenho interesse por avaliação de políticas públicas e já atuei na assistência de pesquisa para o Centro de Gestão e Políticas Públicas. Esse programa em Chicago fez muito sentido para mim, já que somos treinados nos métodos de pesquisa em ciências sociais. Isso contempla muitos assuntos, que passam por economia, história e psicologia”, diz Leonardo.

 

A pesquisa em ciências sociais tem se mostrado um tema recorrente em um mundo que precisa mensurar a efetividade de suas políticas públicas. “O objetivo é descobrir, a partir dos dados que o pesquisador tem acesso, o que está efetivamente acontecendo no dia a dia em um fenômeno social. Para isso, é preciso interpretar essas informações por meio de uma teoria ou modelo que se mostre eficazO objetivo é desenhar estudos que permitam compreender se uma política está ou não produzindo os efeitos desejados sobre a população atendida. A qualidade de um estudo depende da interação entre três elementos essenciais: procedimentos bem desenhados para assegurar a integridade do estudo;métodos estatísticos apropriados para analisar os resultados; e uma sólida teoria econômica, que nos ajuda a interpretar os mecanismos por trás dos achados”, afirma o aluno. Essas conclusões, segundo Leonardo, vão depender da qualidade da argumentação teórica do pesquisador. “O trabalho do cientista social é trazer rigor para a pesquisa, utilizando nesse processo a criatividade, sem perder de vista a objetividade, nos métodos usados que interpretam os dados”, observa.

 

O aluno conta que o programa envolve uma série de atividades com o acompanhamento dos pesquisadores da universidade. Há diariamente workshops de áreas diferentes das ciências sociais, a fim de familiarizar os alunos com o universo da pesquisa. “Temos contato, por exemplo, com ferramentas para revisão da literatura que será utilizada no estudo, organização dessa literatura e gerenciamento das referências. Os workshops dão conhecimento geral sobre como fazer uma pesquisa em ciências sociais”, destaca Leonardo. A segunda parte do programa é personalizada e se atém à matéria escolhida pelo aluno — no caso de Leonardo, psicologia, mas outros alunos optaram por computação espacialanálise de dados espaciais ou etnografia digital, por exemplo.

 

Caso prático

 

Na assistência de pesquisa de Leonardo, o trabalho se concentrou na avaliação experimental de um programa social da cidade de Chicagoque cobre todo o território americano, com a premissa válida para o cientista social de trazer o mesmo rigor científico das ciências naturais. Faz parte desse processo observar dois grupos de controle: um contemplado por determinado programa social e outro não — da mesma forma que ocorre nas ciências naturais com as vacinas, o que envolve a efetiva vacinação de um grupo e do outro não (efeito placebo) para que os resultados possam ser comparados.

 

O programa social analisado consiste na visitação por agentes da prefeitura a famílias em posição de risco social, como mães solteiras que acabaram de ter filho. Esse serviço envolve uma conversa de 90 minutos por semana sobre as melhores práticas de cuidado materno, como amamentação e estímulo ao desenvolvimento na primeira infância. “O objetivo é descobrir se o programa realmente funciona na produção de resultados efetivos para a população carente contemplada, como melhor desempenho das crianças na escola e melhores índices de saúde infantil”, explica Leonardo. 

 

O aluno trabalhou na elaboração escolha de métodos estatísticos que corrigissem eventuais fatores que pudessem comprometer os resultados ou causar confusão sobre eles. Entre esses fatores estava o uso por parte do grupo não contemplado no programa de outras ações parecidas oferecidas pelo Poder Público ou por organizações não-governamentais– por outros entes federativos como o governo federal. “Ou seja, para avaliar corretamente, não basta a divisão da amostra em dois grupos: um contemplado pelo programa e outro não. É preciso ir além e retirar eventuais fatores que possam comprometer os resultados alcançados ou a integridade do experimento”, diz.

 

Leonardo, que está estagiando em uma consultoria econômica, gostou tanto da experiência que avalia, no futuro, trabalhar no mundo acadêmico. “Tive uma ideia muito mais aprofundada do que significa atuar com pesquisa. Observei a postura dos intelectuais ao pensar em como solucionar os desafios da sociedade. Há diversos problemas sociais ainda sem solução. Os acadêmicos são treinados a pensar em todos os aspectos de um problema, e já tenho usado essa metodologia no meu dia a dia”, finaliza. 



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