A gestão de pesquisas é uma atividade crucial para garantir o sucesso do esforço dos pesquisadores. Quando existe uma estrutura organizacional de apoio que zela pelas conexões da instituição de ensino e pesquisa com demais integrantes da academia e da sociedade, com suporte para a captação e o tratamento de dados, todo o esforço de produção de conhecimento se torna mais eficiente, consistente e relevante.
No Insper, esse esforço passa por pelo menos duas organizações internas: o Escritório de Apoio à Pesquisa e o Centro de Dados e IA. Juntas, as duas estruturas colocam em pauta uma série de esforços para que a pesquisa brasileira acompanhe o nível de organização e governança dos principais países do hemisfério norte.
Esse esforço foi recentemente recompensado: a instituição brasileira e sua parceira, a Universidade de Aberdeen, foram selecionados para um programa de gestão de pesquisa da The British Academy, a academia nacional britânica de apoio a humanidades e ciências sociais. Seu programa de fortalecimento da capacidade de gestão de pesquisa (ODA, na sigla em inglês) da academia selecionou 17 projetos em 2024.
A proposta do Insper e dos parceiros europeus é aprimorar a capacidade de gestão de pesquisa e transformar o apoio a colaborações internacionais sustentáveis, equitativas e em ciência de dados entre o Brasil e a Escócia. Para isso, o escritório de pesquisa vai atuar com foco nos contratos e no aspecto financeiro, enquanto o Centro de Dados e IA vai atuar na questão de infraestrutura e governança de dados científicos.
Anunciada em março de 2025, a lista de contemplados da The British Academy envolve propostas produzidas por instituições de Brasil, Egito, Indonésia, Jordânia, Quênia, Malásia, Filipinas, África do Sul, Turquia, Tailândia e Vietnã, além de instituições sediadas no Reino Unido. O objetivo da chamada, como informa a instituição, é alcançar uma transformação sustentável em nível institucional quando se trata da produção de pesquisas.
“Espera-se que as premiações envolvam um tempo significativo dedicado ao diálogo e à comunicação entre as organizações envolvidas, para que os vínculos possam ser construídos e aprimorados, as formas de trabalho possam ser adaptadas e as melhores práticas possam ser alcançadas por todos os envolvidos no apoio a futuros projetos de pesquisa”, aponta a academia britânica em seu site. A proposta é “superar as barreiras sistêmicas do trabalho transfronteiriço e incorporar as melhores práticas resultantes nas instituições, a fim de apoiar a colaboração em pesquisa internacional, sustentada e equitativa”.
No caso do Insper, a proposta selecionada visa aprimorar a capacidade de gestão de pesquisa e transformar o apoio a colaborações internacionais sustentáveis, equitativas e em ciência de dados entre o Brasil e a Escócia. Os debates vão incluir ações integradas com a Associação Brasileira de Gestores de Pesquisa (BRAMA).
“Atuamos para profissionalizar a pesquisa, com base em práticas de gestão. Nossa área é inteiramente dedicada a apoiar os professores na apresentação e na condução de projetos”, afirma Vanessa Boarati, coordenadora executiva do Escritório de Apoio à Pesquisa do Insper. “A iniciativa nos coloca em condições de compartilhar dificuldades e experiências bem-sucedidas com pesquisadores de todo o Brasil, com apoio da BRAMA.”
Como aponta Juliana Juk, consultora em gestão de pesquisa do escritório, a iniciativa aprovada pela The British Academy parte do princípio de que que não adianta investir em pesquisa, se não há uma gestão adequada. “Neste projeto em específico, o escritório trabalha em duas vertentes: a de gestão financeiras de recursos e a que foca nos aspectos jurídicos e na formatação os contratos. Com a liderança do Insper e da Universidade de Aberdeen, vamos buscar outras instituições, brasileiras e britânicas, dispostas a trocar experiências e construir conhecimentos nessas duas áreas.” O framework de gestão organizacional e técnica de pesquisa que será apresentado por meio de um artigo criado de forma colaborativa entre as duas instituições, enquanto o Centro de Dados e IA vai realizar workshops para abordar a infraestrutura e a governança de dados científicos.
Quanto à parceria com a instituição escocesa, ela é resultado do trabalho do Centro de Dados e IA. No segundo semestre de 2023, a Universidade de Aberdeen recebeu o Insper para visitar o Grampian Safe Haven (DaSH), um dos cinco ambientes confiáveis de pesquisa daquele país. Em setembro de 2024, foi a vez de o Insper acolher em São Paulo Katie Wilde, diretora de Pesquisa Digital na Universidade de Aberdeen, e Sharon Gordon, coordenadora de pesquisa.
A interação e as ações em conjunto fazem parte do esforço do Insper de liderar os esforços dedicados a avançar nas práticas de gestão de dados de pesquisa no Brasil, como explica Suelane Fontes, que zela pela coordenação técnica do centro.
“Olhamos para fora, para as principais tendências do exterior, buscando sinergias e formas de aprimorar o trabalho de gestão de dados, com base em arquiteturas consolidadas e a consolidação de um ambiente seguro para a realização de pesquisas”, diz ela. O projeto aprovado pela The British Academy amplia o alcance deste esforço, ela afirma. “A iniciativa vai gerar frutos e deve render diferentes publicações relevantes. Propomos o desenho e a implementação de um framework de padrão internacional para a gestão de dados científicos.”