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Discutir dentro da academia as tendências do mercado imobiliário — e seus impactos sobre a população urbana, em especial a mais vulnerabilizada. Essa é a proposta da série “Real Estate e Cidade”, que promove regularmente encontros com CEOs de incorporadoras e construtoras que atuam nos segmentos econômico e popular, voltados às famílias de baixa renda no país. Segundo José Police Neto, coordenador do Núcleo Habitação, Real Estate e Regulação do Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper, responsável pela iniciativa, o objetivo é apresentar experiências concretas relacionadas à promoção de cidades mais justas, sustentáveis e equitativas. “Queremos dar visibilidade às experiências práticas dos CEOs das principais construtoras e incorporadoras, além de destacar boas práticas do setor”, afirma ele.

 

A série, que teve seus encontros-piloto realizados durante a pandemia, recebe os convidados em um formato de entrevista dinâmico, inspirado no tradicional programa Roda Viva, da TV Cultura. “Os CEOs ocupam o centro do espaço para dialogar com uma bancada composta por coordenadores, professores, especialistas e jornalistas. Tudo é registrado com o humor e a perspicácia do nosso cartunista, Joks Johnes”, explica Police.

 

Durante os encontros, que aproximam os alunos das demandas reais do mercado, os convidados discutem os desafios da habitação no Brasil. “Buscamos soluções que superem a lógica do déficit habitacional e considerem as demandas específicas de cada município. Esse é o grande desafio que o Centro de Estudos das Cidades se propõe a enfrentar”, destaca Police.

 

Para 2025, foram programados seis encontros, distribuídos ao longo dos dois semestres. Até agora, já participaram três executivos: André Czitrom, CEO da Magik JC; Rodrigo Osmo, da Tenda; e Eduardo Fischer, da MRV. Czitrom, empreendedor social além de sócio da Magik JC — incorporadora que atua no programa Minha Casa Minha Vida no centro de São Paulo —, ressalta que a troca com especialistas, acadêmicos e gestores públicos foi enriquecedora, “especialmente por tratar de um tema tão relevante como o futuro das cidades e o papel do mercado imobiliário nesse contexto”.

 

Durante sua participação na série, Czitrom abordou a importância de promover habitação de qualidade em áreas centrais, conciliando arquitetura, acessibilidade e inclusão social. “Compartilhei a trajetória da Magik JC, que já entregou mais de 30 empreendimentos de Habitação de Interesse Social (HIS) no centro da capital paulistsa, sempre com foco em oferecer moradias dignas a famílias de menor renda — algo que consideramos essencial para uma cidade mais justa, integrada e dinâmica”.

 

Falando sobre os planos da empresa nos próximos anos, o CEO da Magik JC disse: “Seguimos comprometidos em ampliar nossa atuação em regiões com infraestrutura consolidada, combinando impacto social, viabilidade econômica e inovação arquitetônica”. Ele destaca que está em curso uma revisão no decreto sobre HIS que requer atenção: “É fundamental que a revisão não desestimule a produção privada, pois ela é crucial para viabilizar a habitação social. Trazer o debate sobre a cidade para o ambiente acadêmico é essencial para transformar boas ideias em políticas públicas e projetos concretos”, pontua Czitrom.

 

 

Desempenho expressivo

 

No Brasil, o setor imobiliário teve um desempenho destacado em 2024, registrando crescimento de 4,3% e encerrando o ano com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 359,5 bilhões — avanço superior ao do PIB nacional, que aumentou 3,4% no mesmo período.

 

Esse crescimento gerou impactos significativos na criação de empregos formais. Foram abertos 110.133 novos postos de trabalho, elevando o número de trabalhadores na construção civil para 2,858 milhões. O mercado também registrou aumento de 20,9% nas vendas de apartamentos novos e crescimento de 18,6% nos lançamentos. Enquanto em 2023 foram vendidas 331.359 unidades, no ano passado esse número subiu para 400.547. O mesmo ocorreu com os lançamentos, que passaram de 323.329 em 2023 para 383.483 em 2024.

 

“É importante reconhecer que a baixa capacidade de poupança da população, somada às altas taxas de juros, limita a expansão do mercado voltado às famílias de maior renda. Nesse cenário, o segmento econômico e popular — especialmente o Minha Casa Minha Vida — assume protagonismo, respondendo por mais da metade de tudo o que é produzido no país em 2025”, observa Police.

 

Por isso, conhecer as estratégias das empresas que atuam nesse setor é essencial para conectar o mercado à pesquisa acadêmica. Afinal, trata-se de um mercado com uma demanda estimada em mais de 10 milhões de unidades habitacionais nos próximos dez anos. “Discutir como a interação entre setor produtivo, poder público e sociedade civil pode moldar o futuro das cidades brasileiras é fundamental para o seu sucesso”, conclui Police.

 



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