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Ao longo de dois dias, no início de setembro, 34 estudantes de graduação apresentaram as conclusões das pesquisas que realizaram, ao longo de um ano, no âmbito do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) e do Programa de Iniciação Tecnológica (PIBITI). O 2º Simpósio de Iniciação Científica e Tecnológica celebrou os resultados alcançados pelos alunos dedicados a desenvolver trabalhos científicos e voltados ao desenvolvimento em inovação. 

 

Entre os participantes do simpósio, 13 fazem parte do Programa de Bolsas Insper. Criado em 2004 — há duas décadas, portanto — com o intuito de viabilizar o acesso de jovens talentos a uma formação de excelência, independentemente da situação financeira, o programa beneficiou até o momento mais de 900 jovens com bolsas parciais ou integrais, entre os já formados e os apoiados atualmente.

 

simpósio reuniu alunos das áreas de Administração, Ciência da Computação, Direito, Economia e Engenharias. E evidenciou, mais uma vez, a relevância da participação dos bolsistas para as atividades do Insper. O desempenho desses estudantes se mostrou fundamental para o sucesso desta edição do Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica. E se traduziu na conquista alcançada por João Gabriel Valentim Rocha, selecionado por uma banca como o projeto de PIBIC premiado com um troféu.

 

 

Trajetória promissora

 

A avó de Valentim, como o aluno é conhecido, passou a vida em uma comunidade de Alagoas. Teve oito filhos, que sabiam da importância dos estudos: dois se tornaram doutores. A mãe do atual aluno do Insper não teve a oportunidade de cursar faculdade, mas sempre cobrou que o filho desse atenção aos estudos — ele tem cinco irmãos, entre pai e mãe, que são divorciados.

 

“Quando eu tinha perto de 10 anos de idade, fui morar com minha mãe e meu padrasto em Paripueira, a 40 quilômetros da capital. A cidade era boa, mas o acesso à educação era difícil, e muitas vezes a escola ficava sem professor”, ele relata. “Em casa, eu mergulhava em livros de matemática, enquanto buscava alternativas para alcançar um padrão de estudos mais alto. Minha mãe me acompanhava de perto, percebia quando minhas notas estavam abaixo do meu potencial e reconhecia quando meu desempenho era ótimo.” Aos 15 anos, ele acabou por iniciar uma nova fase, agora dentro do Instituto Federal de Alagoas. 

 

“Ali, conheci o professor de física Carlos Argolo, que tinha um vigor fora do comum. Ele era aposentado e, ainda assim, nós competíamos para saber quem chegava mais cedo na escola. Eu saía às 5h, no ônibus da prefeitura de Paripueira, chegava entre 6h e 6h30, e muitas vezes ele já estava lá”, relembra.

 

Enquanto cursava ensino médio, Valentim acumulava competições em olimpíadas estudantis. Acabou por conquistar 19 medalhas, que foram levadas em consideração para ele conseguir duas bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), uma na área de estatística, outra em mecânica.

 

O estudante acabou sendo convidado para estudar em Fortaleza (CE), no colégio Farias Brito, conhecido por seu alto desempenho em vestibulares exigentes, como o do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Passou na Unicamp, entre outros vestibulares. “Eu não queria um curso excessivamente teórico e buscava um programa de bolsas que me apoiasse na rotina numa nova cidade, como eu tive em Fortaleza. Foi quando alguns amigos me indicaram o Insper”, lembra ele.

 

 

Trabalho com pesquisa

 

O que os colegas de Valentim diziam é que o Programa de Bolsas Insper fornecia auxílio alimentação e moradia, além do acesso ao ensino. “Assim eu poderia estudar, numa instituição que tem uma visão muito parecida com a minha, e ainda poderia ajudar minha família”, ele relembra. 

 

O primeiro semestre de aulas, no início de 2021, foi realizado inteiramente online, em função da pandemia. No segundo semestre, ele se mudou para a capital paulista para dar sequência à graduação em Engenharia de Computação

 

“Havia muita pesquisa, o que atraiu meu interesse. Desde o Instituto Federal de Alagoas, eu já entendia que matemática e estatística são minhas paixões, e já percebia o quanto aprendizado de máquina estava relacionado com essas ciências. Minha trajetória me levou para pesquisas e projetos envolvendo deep learning e machine learning. Antes mesmo do surgimento do ChatGPT, eu já entendi ao potencial da inteligência artificial para casos de uso concretos”, ele relata.

 

Desde os primeiros meses de curso, o estudante firmou uma parceria especialmente produtiva com o professor Fabio Ayres. Dali surgiram dois projetos apoiados pelo CNPQ, um deles dedicado a treinar agentes autônomos para desenvolver tarefas específicas. “Foi muito rico e me levou a um segundo projeto de pesquisa, novamente com deep learning, agora focado em processamento de imagem”, diz. Foi essa a iniciativa premiada no 2º Simpósio de Iniciação Científica e Tecnológica do Insper.

 

“O Valentim me procurou logo no começo do curso. Ele tinha experimentado com machine learning, uma disciplina que eu leciono, e tinha algumas ideias de projetos de pesquisa”, relata Ayres. “Logo no primeiro projeto, ele demonstrou aptidão, um interesse muito forte em matemática, em tentar entender como as coisas funcionam.” 

 

O segundo projeto se mostrou ainda mais desafiador porque a área de pesquisa mudou rapidamente, afirma o professor. “Na metade do trabalho, o que tínhamos pensado caiu sob nossos pés. O Valentim demonstrou uma resiliência, não se abateu, correu atrás e desenvolveu um belo trabalho, analisando técnicas bem modernas de computação gráfica e visão computacional.”

 

Foco no empreendedorismo

 

Para o futuro, enquanto trabalha no Projeto Final de Engenharia (PFE), novamente com orientação de Ayres, Valentim projeta retomar as iniciativas em pesquisa, em algum momento do futuro. “Ele tem talento para pesquisas acadêmicas. Demonstrou ter capacidade para a concepção, a execução e a finalização. É também um excelente comunicador e demonstra ter capacidade para o networking e para liderar, agregar pessoas em torno de ideias”, diz o docente. 

 

Mas, no curto prazo, suas atenções estão voltadas para a nero.AI, uma empresa fundada no segundo semestre de 2023 em parceria com Enrico D’Angelo Gazola, formado em Economia pelo Insper, que ele conheceu em 2022, quando ambos atuavam na Liga de Empreendedores. Na época, Valentim fazia estágio no banco BTG Pactual.

 

A empresa desenvolveu um chatbot batizado de Edu, que oferece professores particulares online gratuitos sob demanda, utilizando inteligência artificial para encontrar as melhores informações para tirar as dúvidas dos alunos. A solução foi finalista da primeira edição do AI4Good, uma competição entre estudantes realizada durante a décima edição da Brazil Conference, evento organizado há dez anos pela comunidade brasileira em Boston que estuda na Universidade Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

 

“O Edu é resultado de um momento de virada na minha vida, que aconteceu no final de 2023. Eu comecei a pensar na minha trajetória, em tudo o que eu aprendi, e percebi que podia impactar a vida de outros estudantes. Criamos então uma solução que é basicamente um bot que ajuda alunos em estágio de fazer provas do Enem e de vestibulares”, ele relata. “Assim, contribuo para apoiar o desempenho de pessoas que passaram por dificuldades parecidas com as que eu passei.” A solução conta com apoio da Fundação Lemann e da OpenAI e está inscrita na edição 2024 do Prêmio José Eduardo Ermírio de Moraes.

 

A nero.AI segue em crescimento, com clientes de peso e um posicionamento de software house. “Vejo a empresa como meu foco de atenção para o futuro próximo”, diz Valentim, que compartilha suas vitórias e seus projetos com sua mãe. “Ela tem muito orgulho da minha trajetória, acompanha com carinho”, relata o estudante, que dorme todos os dias perto das 22h, acorda às 5h30 para ir para a academia e, nas horas vagas, gosta de jogar videogame e, principalmente, tocar violão.

 

“No Instituto Federal de Alagoas, conheci muitas pessoas que tocavam, e muito bem. Tem muita matemática na música, a lógica é semelhante”, relata. “Assim como a matemática, é difícil, mas, depois que você entende e cai a ficha, se torna simples. Gosto de tocar bossa nova e MPB, especialmente Djavan e Caetano Veloso.”

 

Quer saber como doar para o Programa de Bolsas? Clique aqui.

 

João Gabriel Valentim Rocha durante apresentação de seu trabalho no InsperJoão Gabriel Valentim Rocha durante apresentação de seu trabalho no Insper


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