Evasão escolar gera, em 1 ano, perda de R$ 214 bilhões
O Brasil deve chegar ao fim deste ano com o saldo de 575 mil jovens de 16 anos que não concluirão a educação básica, quantidade pouco superior à população inteira da capital catarinense, Florianópolis. Em 2021, essa marca pode se repetir. Conforme a vida desses adolescentes avançar, a formação incompleta deve se traduzir em salários mais baixos, pior qualidade de vida e maior exposição à violência. Acabarão também prejudicando a coletividade, pois vão contribuir menos para a produtividade econômica do país. Em seu conjunto, os efeitos dão forma a cifras expressivas. Trata-se de R$ 372 mil, em média, perdidos em relação a cada um desses jovens ao longo da sua vida. Os 575 mil fora da escola neste ano correspondem a R$ 214 bilhões dissipados. O custo foi estimado na pesquisa “Consequências da Violação do Direito à Educação”, elaborada pelo Insper em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Liderados por Ricardo Paes de Barros, professor titular da cátedra Instituto Ayrton Senna, pesquisadores colocaram em cifras o resultado de um jovem não terminar o ciclo básico, composto pelos ensinos infantil, fundamental e médio. A quantia abrange as implicações da evasão em escolas públicas e privadas do país em relação a emprego e salário, atividade econômica, saúde e violência. Um dos primeiros números apurados pelos pesquisadores foi a projeção da quantidade de brasileiros que devem deixar os estudos a cada ano. Para tanto, utilizou-se a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, de 1992 a 2018. Os dados permitiram determinar as probabilidades de um adolescente de 16 anos vir a se formar no ensino médio até os 25. Levaram-se em conta na análise as desigualdades relacionadas a idade, cor e região do país, uma vez que, quanto mais vulnerável for a situação do adolescente, maiores serão os obstáculos para que avance nos estudos. Com base nessas probabilidades, os pesquisadores estabeleceram que, caso seja mantido o ritmo atual de evasão, 575 mil dos 3,3 milhões de brasileiros hoje com 16 anos não devem finalizar a educação básica neste ano. O mesmo quadro, indica o estudo, pode ocorrer novamente nos próximos. Embora esteja em declínio, o saldo permanece expressivo, segundo os autores da pesquisa. Uma comparação feita por eles ajuda a entender o porquê: a conta de R$ 214 bilhões gerada pela evasão escolar corresponde a quase 70% do que a União, os estados e os municípios gastaram em 2017 para oferecer educação básica. A pesquisa do IBGE também serviu de fonte para que pudesse ser calculada a probabilidade de um jovem vir a estar ocupado no futuro, de se tornar um trabalhador independente –empregador ou por conta própria–…