Nos últimos anos, muitos candidatos rechearam suas campanhas com promessas de mais segurança. Um discurso que, é claro, tem os seus motivos.
Segundo o Atlas da Violência, em 2017, o Brasil atingiu a marca de 65.602 assassinatos, a maior registrada desde 1979, quando a série começou a ser acompanhada.
Numa pesquisa de 2011, feita pelo Ibope com a Confederação Nacional da Indústria, a CNI, a segurança pública só perdia para saúde como uma das áreas mais problemáticas do país.
Nove anos depois, numa edição da mesma pesquisa, ela ainda continuava entre os principais problemas, logo atrás de desemprego, saúde e corrupção.
No segundo episódio de Primeiro Turno, vamos conversar com Lucas Novaes, cientista político e professor do Insper, e Joana Monteiro, economista, professora da FGV e coordenadora do centro de pesquisa do Ministério Público do Rio de Janeiro.
As pesquisas
A pesquisa de Lucas analisa como a eleição de vereadores “lei e ordem” afeta indiretamente a violência nos municípios brasileiros. Esses candidatos são aqueles que levam no nome de campanha títulos associados à polícia ou ao Exército – delegado, soldado, major etc.- ou seja, que têm a segurança pública como principal plataforma eleitoral.
A pesquisa indica que a eleição desses candidatos tem efeitos sobre a taxa de homicídio nos municípios. E, segundo Lucas, “os resultados mostram um efeito bastante grande e um efeito que para muita gente, talvez um pouco pra mim, é surpreendente”.
Joana Monteiro e Spencer Chainey, da University College London, testaram a validade da lei de concentração do crime no espaço, termo cunhado por David Weisberg, em oito cidades do Rio de Janeiro, incluindo a capital.
Partindo de dados de crimes georreferenciados, eles dividiram a cidade do Rio em pequenos quadrados de 150 por 150 metros. Com isso, eles tentam responder se há no Rio e nas outras seis cidades analisadas um padrão de concentração dos crimes.
Saber onde os crimes ocorrem interessa não só a polícia, mas à administração municipal. Com os dados, é possível pensar em intervenções nesses locais. “Há muito tempo se defende dentro da criminologia que as condições do espaço e a situação são grandes preditores de crime”, afirma Joana. “Então, muita gente defende o que se chama de intervenção baseada no espaço urbano, que é olhar a incidência de crimes identificar quais são as condições de ordenamento urbano, que influenciam e que estão associadas a eles.”
Como exemplo, Joana cita um experimento feito na cidade americana de Nova York, em 2016, numa parceria entre pesquisadores e a prefeitura. De um grupo de 80 condomínios, alguns foram sorteados para receberem postes de iluminação móveis. Os pesquisadores compararam, então, o índice de criminalidade dos condomínios que receberam a iluminação com os que não receberam.
Para saber os resultados das pesquisas mencionadas aqui, que podem guiar prefeitos e vereadores no desenho de políticas públicas voltadas para a segurança pública, ouça agora o episódio Lei e Ordem do podcast Primeiro Turno.
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