Durante a aula “O Estado e o Desenvolvimento do Setor Privado”, o professor Francis Fukuyama explicou e debateu o papel do Estado na economia. Além de abordar modelos distintos de maior ou menor intervenção governamental ao redor do mundo, Fukuyama destacou que o Estado precisa focar em dois fatores para atingir uma gestão pública bem sucedida: eficiência nas ações escolhidas e baixo nível de corrupção.
“Nossos desafios são controlar a corrupção e melhorar a qualidade dos serviços. A Dinamarca, um dos países menos corruptos do mundo, sofria com esse problema há dois séculos e soube resolvê-lo. Temos que encontrar meios de seguir o mesmo caminho”, disse.
O professor destacou algumas funções mínimas do Estado: disponibilizar bens públicos, direito de propriedade, saúde pública, gestão macroeconômica, proteção aos pobres e busca por melhoras na Justiça. O escopo de funções intermediárias se baseia em uma gestão que trata do regulamento de externalidades, do monopólio regulado, da educação, do meio ambiente e da seguridade social. Já a política industrial e a redistribuição da riqueza são funções de um Estado ativista.
Fukuyama: “O Estado tem papel importante na regulação de algumas áreas”
Encontramos níveis de intervenção estatal distintos e com sucesso entre os países mais desenvolvidos. O ponto crucial é a qualidade da intervenção, que pode funcionar ou não como catalisadora do setor privado e do bem estar da sociedade. De acordo com o contexto de cada país, ela pode ser efetiva ou prejudicial.
“No começo dos anos 1990, por exemplo, os norte-americanos achavam que o Estado estava atrapalhando o setor privado. Depois, perceberam o erro e mudaram a trajetória, já que o Estado precisa intervir para regular algumas áreas”, afirmou Fukuyama.
Análise de stakeholders
Ainda durante a aula, o professor de Stanford falou sobre estratégias para implantar uma política pública de sucesso, ensinando técnicas de análise de interessados – mais conhecidos como stakeholders. “Se você está tentando implantar uma ideia, é importante agrupar os interessados. Em primeiro lugar é preciso identificar os que apoiam a causa. Depois, é necessário pensar nos neutros e nos que não apoiam a causa e que terão seus interesses afetados por ela. A partir daí, é fundamental ter em mente uma forma de persuadir, neutralizar ou compensar esse último grupo”, conta Fukuyama.
Depois dessa identificação, é preciso ainda identificar quais são os melhores aliados para construir alianças favoráveis e mapear as alianças não favoráveis. As principais estratégias para convencer interessados contrários a um projeto são: reestruturar a proposta para atender seus interesses sem necessariamente mudar o resultado final, retardar a eclosão de perdas, ressaltar a importância do interesse público e mostrar os principais impactos em longo prazo. Esses objetivos, de acordo com Fukuyama, só são atingidos com um bom jogo de cintura e uma liderança política eficaz.
Políticas Públicas em questão
A aula ministrada pelo professor Francis Fukuyama integrou o curso “O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento do País”. Realizado em parceria pelo Insper com a Leadership Academy for Development (LAD), o programa ocorreu na semana de 27 de junho a 1º de julho de 2016. Em sete anos desde que foi criado, o curso já passou por Ásia, África, América do Norte, América Latina e chega agora ao Brasil.