O ensino médio privado e o superior público, pelos quais passa minoria dos brasileiros, associam-se a salários mais altos no futuro. O gênero masculino e a cor da pele branca também se relacionam a rendimentos maiores, de acordo com análise de pesquisadores do Insper sobre dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE.
Beatriz Ribeiro, Bruno Komatsu e Naercio Menezes Filho investigaram resultados do módulo especial sobre educação, divulgado uma vez por ano desde 2016, que permite estabelecer conexões entre a renda recebida hoje e a instrução realizada do passado de uma amostra estatisticamente representativa da população brasileira de 25 a 59 anos.
Em síntese infográfica, veja abaixo o percurso da análise e seus principais achados.
Uma minoria cursou escola particular no médio e pública no superior:
O bônus salarial de quem fez escola privada no médio é substancial:
Quem cursou o médio privado e superior público tem a maior renda:
Homens brancos que cursaram faculdade pública ganham mais:
Os pesquisadores do Insper também procuraram isolar o peso específico de cada perfil de gênero, cor da pele e nível de instrução no prêmio salarial. Para não desbalancear a comparação, levaram em conta fatores regionais e a faixa etária das pessoas avaliadas.
Por esse modelo de investigação, conhecido como análise de regressão, concluiu-se que as variáveis aventadas explicam uma parte relativamente pequena (cerca de 25%) do bônus salarial, o que é comum em estudos de fenômenos sociais complexos.
Para cada R$ 100 do salário médio de mulheres não brancas que cursaram o ensino médio em escola pública e o superior em privada, veja abaixo quanto ganham alguns perfis.
A análise reforça o que a literatura especializada vem assentando sobre a peculiaridade do Brasil, em termos do impacto relativamente forte de cursar o ensino médio numa instituição privada. Também reitera a indicação da relação entre um sistema muito afunilado de seleção, como o das universidades públicas, e a produção de desigualdades sociais, bem como as dificuldades adicionais enfrentadas por pretos, pardos e mulheres.