Como anda a evolução da produtividade no Brasil? Para responder esta pergunta, Bruno Kawaoka Komatsu, Felipe Yamamoto Ricardo da Silva e Naercio Aquino Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Insper, produziram o policy paper “Evolução da Produtividade do Brasil: Comparações Internacionais”.
Algumas conclusões dos pesquisadores:
- o melhor desempenho da produtividade brasileira ocorreu entre 1965 e 1980;
- os anos 80 do século passado fazem jus ao apelido de “década perdida”, pois registrou queda na produtividade, que só não foi maior por causa do deslocamento da mão de obra para outros setores;
- no século 21, o setor industrial é destaque negativo em termos de produtividade, com níveis inferiores aos registrados nos anos 90.
Conceito de produtividade
O conceito de produtividade é a capacidade de um país de converter insumos em produtos – e é tido como um dos elementos fundamentais para o crescimento no longo prazo de qualquer economia. O crescimento do PIB na última década, de acordo com dados de Cavalcanti e Negri citados no policy paper, deve algo entre 30% e 50% ao aumento de taxas de ocupação e de participação no mercado de trabalho. Como o fenômeno não deve se repetir, o aumento do PIB per capita nos próximos anos só virá pelo aumento da produtividade.
O estudo comparou a produtividade brasileira com a do Chile, México, Coreia do Sul e Estados Unidos. Os latinos e o país asiático foram escolhidos por apresentarem relativa semelhança com o Brasil no início do período analisado, seja em relação à produtividade ou à distribuição de mão de obra. Os Estados Unidos foram usados como referência de economia desenvolvida com alta produtividade.
Desempenho pouco expressivo
Os pesquisadores concluíram que o desempenho brasileiro foi o menos expressivo em comparação com os outros países estudados. No período analisado, o setor agropecuário no Brasil mostra uma migração de mão de obra para serviços, uma área de penetração tecnológica baixa em comparação com a indústria. Por outro lado, a indústria, mesmo sem ampliar a mão de obra, teve uma contribuição tecnológica relevante. Em termos relativos, o maior crescimento foi o do setor agropecuário, a uma taxa de 5,3% ao ano.
A constatação joga luz sobre um possível aumento do custo do trabalho sem a necessária contrapartida de ganhos de produtividade. Com exceção da agricultura, os principais setores da economia brasileira conviveram neste século com salários maiores, que não redundaram em aumento de produtividade.
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