Pesquisa inédita mostra o desempenho do setor de cartões no Brasil
A indústria de cartões de débito e crédito tem papel vital nos meios de pagamentos. É um setor relevante que impacta diretamente outras áreas, além de ter uma cadeia complexa e, curiosamente, pouca concorrência. Por si só, estes três pontos já deveriam despertar o interesse de especialistas – e leigos – no desenvolvimento dos processos. Entretanto, o tema é pouco estudado, não só no Brasil como também no resto do mundo. Com o intuito de começar a mudar esse quadro, o Insper realizou uma pesquisa que mapeia as características do setor no mundo e seu desempenho no Brasil. O estudo foi apresentado durante evento organizado pelo Centro de Estudos em Negócios e pelo Centro de Finanças, no dia 24 de novembro. Diagnóstico do setor Na indústria de cartões de crédito e débito, o sistema aberto é dominante em todo o planeta. Nessa cadeia, a bandeira não lida diretamente com seus usuários, pois usa intermediários. Em uma ponta, o banco emissor se relaciona com os consumidores. Na outra está o adquirente, que, como o próprio nome diz, é responsável por “adquirir” lojistas. “O papel da bandeira é apenas ser um ponto de encontro entre as pontas”, explicou Adriana Perez, professora do Insper, ao apresentar a pesquisa. “Para ser relevante para ambos, a bandeira faz questão de administrar o que se chama de tarifa de intercâmbio, que é um aspecto essencial para a funcionalidade do sistema”, completou. A taxa de intercâmbio é um pequeno valor cobrado para validar as transações e tem como objetivo equilibrar os dois lados do mercado. “Ela precisa ser atraente para os emissores a ponto de gerar a emissão de cartões daquela bandeira, mas também não pode ter uma tarifa tão alta, pois pode desestimular a captura de adquirentes”, comentou Marcelo Nunes, coordenador-geral de análise antitruste do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). De acordo com Nunes, na Europa, a tarifa é regulamentada. Para cartões de débito, o preço máximo cobrado é de 0,2% por transação. No crédito, o valor sobe para 0,3%. “No Brasil, entretanto, a taxa de intercâmbio está entre 1,5% e 2% para ambas as modalidades”, disse o especialista do CADE. Isso ocorre porque o país ainda conta com alguns empecilhos que impedem que taxas mais civilizadas estejam disponíveis. Cenário brasileiro Algumas condutas aplicadas em solo nacional atrapalham o bom funcionamento do setor no Brasil. Uma delas é o fato de o emissor cobrar uma taxa de intercâmbio mais elevada se o lojista passar suas transações por outro adquirente que não pertence ao grupo. Outro exemplo se dá quando o adquirente oferece descontos sobre o volume de transações, impedindo a entrada de novos players no…
Blockchain revoluciona o armazenamento de dados na era digital
O blockchain, ou cadeia de blocos, tem movimentado o mercado nos últimos anos e já é considerado uma das grandes invenções do século XXI, sendo comparado ao lançamento dos computadores para uso pessoal e da internet nos anos 1990. O seu potencial de uso e revolução nas transações é tão expressivo, que foi listado pela Gartner, consultoria líder mundial em pesquisa e aconselhamento em tecnologia, como uma das dez principais tendências tecnológicas para 2018. Outros estudos da consultoria apontam que o valor de negócios agregados pelo blockchain chegará a mais de US$ 176 bilhões em 2025 e ultrapassará os US$ 3,1 trilhões até 2030. A cadeia de blocos é uma estrutura tecnológica que atua no sistema de registros. A validação das informações é realizada em etapas, pelos blocos, e seu controle é descentralizado, uma vez que fica dividido em vários computadores pelo mundo. Isto torna o sistema mais seguro e menos propenso a ataques cibernéticos. Trocando em miúdos, é uma nova forma de banco de dados, que vem atender a nova dinâmica criada nas transações na era digital. Para reforçar esse potencial, um estudo do World Economic Forum estima que, até 2027, 10% do PIB global já estará em blockchain. A estrutura nasceu junto com os bitcoins, uma moeda virtual criada em 2009, que atua como dinheiro, só que válido apenas no mundo on-line. Também não tem sua emissão controlada pelo Banco Central de nenhum país, é produzido por diversos computadores ao redor do mundo e tem como principal objetivo simplificar os pagamentos no meio virtual, dispensando a necessidade de intermediários, como bancos ou instituições financeiras. Muito mais que moeda digital “Blockchain pode ser estendida para outras inúmeras aplicações e estruturas que não são moedas digitais. O triple de estruturação (da cadeia de blocos) é uma estrutura descentralizada, de validação e de consenso”, explica Alan de Genaro, managing partner na Riscométrica, uma boutique de consultoria em Modelos de Risco e Finanças, e professor do Departamento de Economia da FEA/USP, em sua apresentação no seminário “Blockchain e disrupturas potenciais”, organizado pelo Centro de Finanças do Insper, no dia 16 de novembro. O modelo se destaca por reunir em um único sistema a solução para cinco grandes problemas atuais: - confiança, pois as informações validadas pelos blocos não podem ser mudadas, reduzindo o risco de fraude; - desburocratização, com redução de custos e ganho de agilidade; - descentralização, as informações ficam distribuídas em diversos computadores, diminuindo fraudes e ciberataques; - segurança, com a utilização de criptografia e outros recursos tecnológicos para garantir a confidencialidade das informações; - transparência, já que permite que as transações sejam rastreadas e o histórico consultado. Esses avanços…
Novo livro de Marco Caetano aborda medida de risco no mercado financeiro
O professor Marco Antonio Leonel Caetano lançou recentemente Análise de Risco em Aplicações Financeiras pela editora Blucher. Em 2014, seu livro anterior, Mudanças Abruptas no Mercado Financeiro foi finalista do Prêmio Jabuti, entre as obras de tecnologia e ciência. Formado em Matemática, com pós-graduação em Engenharia Aeronáutica pelo ITA, no Insper, trabalha com disciplinas que envolvem o tema Sistemas de Informação. Seu site fornece dados para o mercado e identificou precocemente, por exemplo, a crise de 2008. Em entrevista, conta no que se baseia os seus estudos: IC - Quais são os principais conceitos que você discute em seu novo livro Análise de Risco em Aplicações Financeiras? O que a obra tem de mais original e surpreendente? Caetano - Análise de Risco parte de princípios básicos e conceitos bastante conhecidos, não somente do mercado financeiro sobre risco, mas de qualquer curso básico de Estatística. Desde o início a obra oferece ao leitor a chance de usar conceitos simples através de planilhas em Excel. À medida que os capítulos avançam, conceitos mais complexos se sobrepõem aos anteriores, sempre utilizando alguma forma de automação de planilha ou de utilização de programação de algoritmos avançados no estudo. A ideia surgiu depois que verifiquei que muitos livros abordavam risco e suas metodologias, mas as diversas formas de tratamentos de risco estavam espalhadas em obras diferentes. Em termos de Brasil era ainda pior. Muitos conceitos nem são tratados em livros do Brasil ligados à área financeira. O diferencial do meu livro é congregar conceitos diferentes num único texto, do simples ao complexo, utilizando com exemplos reais sobre ativos em bolsas de valores e programações para ajudar o leitor a repetir os cálculos. O livro aborda tratamento estatístico dos dados, probabilidades, distribuição normal, distribuições assimétricas, Value at Risk, Transformada de Fourier (FFT), Risco Extremo avaliado com wavelets, Mapa de Risco, Cálculo de Itô e Precificação de Opções usando Black-Scholes e Volatilidade Implícita. IC - Como suas pesquisas evoluíram entre a publicação de Mudanças Abruptas no Mercado Financeiro, de 2014, e sua obra atual? Caetano - Junto com a publicação do livro Mudanças Abruptas o site www.mudancasabruptas.com.br tem um canal de assinantes. Esse canal coleta preços de alguns ativos da Bovespa a cada 15 minutos, criando um extenso banco de dados com mais de 1 milhão de dados nos últimos sete anos. Com isso, foi possível fazermos estatísticas dos riscos inerentes aos alertas do IMA (Índice de Mudanças Abruptas) e entender como as formas de risco aparecem em dados reais. Foi possível notar que muitas das definições e conceitos tradicionalmente ensinados nos MBAs e mestrados ligados ao mercado financeiro falham. Isso não é nenhuma novidade, visto que diversos textos…
Private equity é recomendado por 98% das empresas
Muito se fala sobre os resultados de investimentos realizados por fundos de private equity sob a ótica do investidor. Há, contudo, pouco material sobre a visão dos empresários que receberam os aportes. Pesquisa do Centro de Finanças, em parceria com a Cátedra Endeavor e a Ártica Investimentos, identificou os principais fatores de sucesso e fracasso em sociedades com fundos de private equity, sob a perspectiva dos proprietários das empresas. O resultado mostra que quase a totalidade deles aprova essa modalidade de financiamento. De acordo com a pesquisa, 98% dos empresários recomendariam o modelo para outras empresas, ainda que com ressalvas, tais como escolher o perfil do fundo adequado e estar pronto para “desapegar” e dividir o controle. E 68% deles disse que o fundo foi importante para gerar valor para a empresa. O estudo é baseado em entrevistas com 46 empresários brasileiros que, juntos, receberam ao menos R$ 6,4 bilhões de investimentos entre 1997 e 2013. Como o investimento em private equity funciona como um ciclo com início, meio e fim, o estudo avaliou as experiências antes do investimento, durante e no encerramento do investimento, extraindo lições em cada fase. Os resultados foram apresentados no evento Empresas investidas por fundos de Private Equity no Brasil: lições aprendidas, realizado no Insper no início de setembro. Para empresários que buscam a parceria de um fundo, a pesquisa responde alguns questionamentos que são bastante comuns. “‘Como será meu dia a dia após receber o sócio na minha empresa?’ ou ‘Como de fato o sócio agregará valor além do capital investido?’”, exemplificou Luiz Penno, sócio-fundador da Ártica, na abertura do evento. Acesse aqui o estudo: Empresas Investidas por Fundos de Private Equity no Brasil Como encontrar o investidor ideal A principal motivação que leva as empresas a procurarem um fundo de investimento é o crescimento. As companhias de médio porte querem expandir e precisam de um sócio para ajudar nesse processo. “Na hora de procurar um parceiro, os empresários adotam práticas usuais de fusões e aquisições, como conversar com mais de um fundo, contratar advogados e assessores financeiros, bem como negociar cláusulas”, contou a professora Andrea Minardi ao apresentar o estudo. “O problema é que 44% das empresas não realizam um processo estruturado para escolher o parceiro ideal. Isso significa que não tentam entender qual seria o perfil de fundo mais adequado, nem conversam com empresas que receberam investimentos dos fundos candidatos”, completou. Esse procedimento estruturado é ideal para mostrar que não necessariamente a proposta com maior valor financeiro é a mais adequada para o negócio. A governança é igualmente importante. “Se você não tiver o mínimo de sinergia com o gestor, não adianta…
O impacto da variação cambial no desempenho dos investimentos de PE e VC no Brasil
A variação cambial é um dos fatores que influenciam diretamente o desempenho dos fundos de Private Equity (PE) e Venture Capital (VC) brasileiros que captam com investidores internacionais. Isso porque os aportes em dólares norte-americanos são convertidos em reais no momento da aquisição de participação em empresas brasileiras. E depois, quando as participações nas empresas são vendidas, os recebimentos em reais são convertidos em dólares norte-americanos para serem enviados aos investidores. No entanto, o impacto da variação cambial no longo prazo para investidores internacionais e gestoras de PE e VC com orientação de longo prazo é praticamente nulo. Isso acontece devido à diversificação de safras: ciclos de desvalorização do real são compensados por ciclos de valorização no longo prazo. É o que aponta o estudo Currency Impact in Brazilian PE/VC deals performance, que analisou 239 investimentos em empresas brasileiras, realizados por fundos de PE e VC entre 1994 e 2014 e que tiveram saída. A média da variação cambial sofrida por todos os investimentos da amostra estudada é 0,4% a.a., ou seja, praticamente nula. Taxa de performance A dispersão de variação cambial sofrida pelos investimentos da amostra, entretanto, é grande, tendo impacto forte na taxa de retorno em dólares e, consequentemente, na taxa de performance (carry) gerada por vários investimentos da amostra. A probabilidade de se ter uma desvalorização cambial superior a 10% a.a., se o padrão dos últimos 20 anos se repetir, é de 10,5%. Vários investimentos que tiveram desempenho muito bom em reais não geraram carry devido à desvalorização cambial. Para ilustrar, o artigo comenta sobre um investimento que teve um retorno de 37% a.a. em reais e apenas 6% a.a. dólar. Como o padrão internacional é que, para se ter direito ao carry o retorno precisa ser superior a 8% a.a., a equipe responsável por esse investimento não recebeu nada pelo desempenho excepcional. Mas a situação contrária também ocorre. Desempenhos medíocres em reais geram bons desempenhos em dólares, se houve apreciação do real. Outro exemplo citado é um investimento que teve um retorno de 8% a.a. em reais, e 29% em dólares, e por isso, mesmo com um desempenho medíocre, a equipe recebeu taxa de performance. Perda de talentos Em geral os fundos tentam minimizar o risco de variação cambial ao não concentrar todos os investimentos num mesmo ano. Porém, essa estratégia se torna inócua se o fundo for afetado por um ciclo de desvalorização. É o que aconteceu com fundos que fizeram investimentos entre 1995 e 1999, com o dólar valendo em torno de R$ 1, e desinvestiram nos anos seguintes, quando o dólar estava sendo negociado entre R$ 2 e R$ 3,70. Nestes casos, há…
BNDES deve estimular maior participação dos investidores privados nos projetos de infraestrutura
O diretor de Planejamento e Pesquisa do BNDES, Vinicius Carrasco, foi convidado pelo Centro de Finanças do Insper (CeFi) para uma apresentação sobre Financiamento de Longo Prazo no Brasil. Após a palestra, realizada dia 1º de dezembro, houve um debate, entre Carrasco e o professor Sérgio Lazzarini, titular da cátedra Chafi Haddad, com moderação do professor Marco Bonomo, coordenador do CeFi. Carrasco focou a sua apresentação no financiamento de infraestrutura e no papel do BNDES nesta fase de desafios da economia brasileira. “No show” nos leilões de linhas de transmissão O Brasil necessita de muitos investimentos em infraestrutura, pois tem uma grande demanda em áreas importantes para o desenvolvimento econômico como energia, portos, ferrovias e aeroportos. Nos últimos anos, no entanto, o país teve muita dificuldade em atrair investidores para os projetos desenvolvidos pelo governo. Um bom exemplo disso foi o desinteresse dos investidores nos leilões de linhas de transmissão de energia que, muitas vezes, registraram “no show”. Carrasco mostrou que os outros países da OCDE, comparados ao Brasil, no período de 2004 a 2011, investiram mais em infraestrutura em relação ao PIB. As médias de investimentos por negócio são: Ferrovias: Cerca de 2 vezes maior Aeroportos: Cerca de 3 vezes maior Rodovias: Cerca de 5 vezes maior As dificuldades do Brasil em ampliar os investimentos se deve, do ponto de vista de atração de investidores, ao não atendimento a três pontos: garantia de retorno adequada ao risco, regras claras e estáveis e boa regulação. “Melhores condições de financiamento não substituem esses três pontos. E, era nisso que o Brasil estava acreditando.” Novas regras para atrair investidores Atualmente, o BNDES busca garantir que a “divisão do bolo que deve atender aos interesses dos usuários, do governo e dos investidores” dê o retorno satisfatório para todos. Para isso, a TIR (Taxa Interna de Retorno) deve ser maior ou igual ao WACC (Weighted Average Capital Cost), custo do capital. Carrasco defendeu que o governo deve estimular a competição entre os participantes dos leilões. ”Leilões competitivos garantem ao governo maiores receitas de outorgas, no caso de leilões de outorga, ou menores tarifas para os usuários, no caso de leilões de tarifa.” Entre as mudanças estabelecidas no modelo de leilões, estão a decisão de não utilizar mais a modicidade tarifária e a outorga mínima, que reduzem a TIR e, consequentemente, a parte do “bolo” do investidor. O desafio é ter regras que atraiam investidores. Além daqueles três pontos essenciais que destacou no início da palestra, Carrasco afirmou que “o projeto não deve limitar o retorno à priori e ter lançamento dos editais com antecedência e inglês”. Leilões sem boas bases não interessam a investidores…
Inovações do setor financeiro
O principal desafio empresarial no setor financeiro é definir o modelo de negócio, encontrar um posicionamento competitivo que traga rentabilidade, afirma José Berenguer, Senior Country Officer Brazil do JP Morgan. O executivo ressalta a importância do processo estratégico, da identificação dos “nãos”. É fundamental delimitar o negócio, a área de atuação, a começar pelo que não se faz. Ele ministrou a aula magna dos cursos de MBA e Certificates do Insper no dia 3 de outubro. Em sua exposição, abordou a evolução do segmento financeiro e os desafios da autuação no setor com as constantes mudanças e novas tecnologias. Delimitar o produto ou serviço para se manter competitivo, mesmo que isso implique em recusar negócios aparentemente bons. “Quero ser um dos três principais bancos para meus clientes com o produto que eu opero”, define. No caso do JP Morgan, Berenguer acrescenta que a chave é trazer a expertise global nos segmentos do mercado local nos quais o banco pode ser muito competitivo. “Somos o mais local dos bancos globais”, pontua. Inovações tecnológicas Outra oportunidade de vantagem competitiva é manter-se aberto às inovações. As Fintechs, por exemplo, startups usam a vanguarda da tecnologia da informação no setor financeiro. Apresentam rapidez e baixo custo transacional e valorizam a experiência dos usuários na relação com os serviços. Com esta agilidade para transformar tecnologia em serviços relevantes, as Fintechs representam um desafio para os bancos tradicionais. É também fator de sucesso empresarial a cultura e o fomento a um bom ambiente de trabalho. Todos devem compartilhar os mesmos valores e buscar um mesmo objetivo, que não pode ser apenas a rápida ascensão profissional ou remuneração. As organizações também devem fomentar a diversidade, buscar perfis e backgrounds distintos. Esse fit cultural é muito buscado nos jovens nos processos seletivos do JP Morgan. “Tem que se encaixar no modo como operamos, na nossa cultura e entender que ela faz parte da nossa estratégia de negócio”, explica. Berenguer acrescenta que isso vale para qualquer processo seletivo, pois refletirá nos resultados do profissional e em sua satisfação naquela instituição. Evolução da carreira Em sua apresentação, o executivo resgata também a evolução na forma de atuação dos profissionais dos bancos ao longo do tempo. Inicialmente, havia um ambiente de mais informalidade e pouca regulamentação. Hoje, a dinâmica de trabalho nas instituições financeiras sofreu grande impacto com a consolidação, regulamentação e avanço da tecnologia. Isso se dá, em parte, pela necessidade de controlar as atividades das instituições financeiras frente a riscos sistêmicos e crises que têm repercussão em toda a economia.
Private Equity e Venture Capital no Brasil
Em parceira com a Spectra Investments e com a 2GET, o Centro de Finanças do Insper realizou um estudo para identificar o perfil dos profissionais que trabalham nas gestoras de Private Equity (PE) e Venture Capital (VC) que atuam no Brasil. As análises são baseadas nos shortbios de 1.376 profissionais com experiência na indústria de PE e VC. Todas as informações foram coletadas na rede social profissional LinkedIn e no site do conglomerado de mídia Bloomberg. Na pesquisa, as pessoas foram classificadas em três grupos: júnior (analista, assistente ou associado), intermediário (diretor ou vice-presidente) e sênior (sócio-administrador, parceiro, fundador, CEO, CFO, presidente ou diretor). Dos profissionais analisados, 988 trabalham atualmente com PE, VC ou aceleradoras. A participação das mulheres foi um dos fatores que chamou a atenção. Apesar de os homens continuarem dominando o mercado de PE e VC, a tendência é de que elas passem a ocupar mais espaço, avaliou Andrea Minardi, pesquisadora do Centro de Finanças do Insper. Atualmente, elas representam 4% dos profissionais seniores, 6% dos intermediários e 15% dos júniores. Isso indica um aumento de contratação de mulheres ao longo do tempo. Avaliação da experiência O nível de experiência é um fator bem relevante para as empresas que estão buscando novos funcionários. Os seniores tem em média 10,5 anos de experiência na indústria, e os profissionais intermediários 5,1 anos. Embora não seja requisito obrigatório, curso de pós-graduação, especialmente o MBA, é valorizado na indústria. Um percentual significativo dos profissionais fez MBA (16% dos juniores, 32% dos intermediários e 32% dos seniores), e desses, 79% obteve seu diploma em instituição internacional. Assista aqui ao evento, que foi transmitido ao vivo: Estabilidade e migração A estabilidade na equipe – algo que tem se mostrado alto (ou bastante usual) na indústria brasileira – é um fator fundamental para que o conhecimento adquirido permaneça nas gestoras. Os seniores estão em média 7,1 anos na atual gestora, e os intermediários 4,3 anos. Dos profissionais que atualmente trabalham em gestores de PE e VC, a maior parte passou por pelo menos uma empresa não financeira (55%), e quase metade teve ao longo da carreira alguma experiência em mercado financeiro (48%). Em ambos os casos, a experiência média nessas outras áreas foi de 7 anos. Uma minoria dos profissionais (16%) teve alguma experiência em consultoria (na média 4,6 anos). A maior parte dos profissionais de gestoras de PE e VC que troca de emprego migra para outra gestora (45%), seguido por migração para empresas não financeiras (30%). As migrações entre gestoras de PE e VC são menos comuns, pois as duas áreas exigem habilidades bastante distintas. É mais comum que profissionais de um determinado tipo…
Investidores discutem o país e a carreira de investimentos
Reunidos para o lançamento do livro Fora da Curva: Os segredos dos grandes investidores do Brasil – e o que você pode aprender com eles, os três organizadores e dois entrevistados da obra proporcionaram um debate instigante sobre o mundo dos investimentos e o atual cenário econômico do país. O encontro foi promovido pelo Centro de Finanças do Insper e contou com a presença do advogado Pierre Moreau e o investidor Florian Bartunek (organizadores da obra), além dos investidores Guilherme Affonso Ferreira e Luiz Fernando Figueiredo. A conversa ocorreu no último 13 de setembro no auditório Steffi e Max Perlman, da própria instituição, e foi mediada pela editora de finanças da revista Exame, Giuliana Napolitano, também organizadora e responsável pelas entrevistas do título. Panorama atual Os participantes do evento avaliaram o cenário político atual do Brasil de forma majoritariamente otimista. Ferreira, sócio da Teorema Gestão de Ativos e membro do conselho de administração da Petrobrás e outras cinco empresas, diz que o país, enfim, consegue ver uma luz no fim do túnel, pois o atual governo dá sinais de que vai enfrentar os problemas. “Mas é bom ter a consciência de que não estamos falando de um Brasil cor-de-rosa”, comentou. Segundo Figueiredo, sócio da gestora de recursos Mauá Investimentos, essa visão positiva se deve ao fato de o Brasil estar passando por uma mudança cultural. “O momento que estamos vivendo é muito relevante. Pela primeira vez, vemos algo sendo feito em relação à impunidade. Esperamos que continue assim”, disse. Assista à gravação do evento, que foi transmitido ao vivo: Bartunek vê um governo focado no mercado e na melhora da economia já no próximo ano. “Depois de sete anos de recessão, as companhias se ajustaram. Os lucros e as margens vão se expandir muito em 2017”, afirmou. O sócio da gestora Constellation também enxerga uma queda na inflação brasileira e, consequentemente, nos juros. Investimentos na Bolsa de Valores De acordo com Bartunek, este é o momento certo para investir na Bolsa de Valores. Isso porque, hoje, o Brasil apresenta uma dinâmica mais atrativa do que o resto do mundo. As ações estão com preços convidativos. Porém, a dinâmica de investimento é diferente considerando as pessoas física e jurídica. “Se você é o gestor de fundos de uma empresa, certifique-se de que tem um passivo bom. Isso é metade do segredo. Agora, se você tiver um ativo ruim e investidores que não conhecem seu negócio, quando a Bolsa estiver em queda, sua companhia terá que vender ações, pois os investidores não estarão botando dinheiro, estarão sacando”, explicou. “Já a o investidor pessoa física precisa saber seu percentual adequado e ter frieza…
O brasileiro poupa o suficiente para a aposentadoria?
Pesquisa realizada pelo professor Ricardo D. Brito e pelo alumnus Paulo T. P. Minari,com base na Teoria do Ciclo de Vida, chegou a uma conclusão surpreendente: mantidas as regras atuais de previdência e assistência social, 95% dos brasileiros não precisariam poupar um centavo durante a idade ativa para garantir o mesmo padrão de vida depois de se aposentarem. E, mesmo sem poupar, a tendência seria que a renda per capita aumentasse com a aposentadoria. "Uma baixa taxa de poupança voluntária é a reação correta da perspectiva do brasileiro médio que planeja um consumo estável, crente na manutenção do arranjo previdenciário vigente", conclui o estudo. "Não fosse o altíssimo spread bancário, seria ótimo para o brasileiro médio se endividar na fase ativa para elevar seu nível de consumo." Entre 1970 e 2010, a expectativa de vida no Brasil saltou de 58,6 anos para 73,4 anos. Ainda assim, segundo pesquisa de Fábio Giambiagi citado por Brito e Minari, apenas um quarto dos brasileiros está preocupado com a aposentadoria. Mas os números dão razão à maioria. De acordo com Brito e Minari, a poupança voluntária para a aposentadoria aparece como necessária apenas para famílias com renda mensal superior a R$ 40.000. Ainda assim, a razão entre riqueza complementar e salário anual é bastante inferior ao padrão norte-americano. As razões principais para a manutenção do padrão de vida pós-aposentadoria são a alta taxa de reposição (razão entre o benefício de aposentadoria e o salário de contribuição) e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. O FGTS é uma poupança compulsória de 8% do salário anual capaz de garantir ao trabalhador 2,2 salários anuais ao se aposentar. Outros ingredientes que garantem o padrão de consumo: a redução dos impostos e a saída dos filhos de casa. "Ao garantir taxas de reposição tão altas, o INSS impede que a perspectiva de rendimentos decrescentes com a idade opere como incentivo para a poupança durante a fase ativa", afirmam os autores. Artigo premiado A pesquisa teve como base a dissertação de mestrado profissional em Economia de Minari, sob orientação de Brito. Juntos, os autores escreveram o artigo acadêmico “Será que o brasileiro está poupando o suficiente para se aposentar? (Is the Brazilian saving enough to retire?)”, escolhido como o melhor de 2015 da Revista Brasileira de Finanças, publicação oficial da Sociedade Brasileira de Finanças (SBFin), principal associação do país de pesquisadores nesta área. Saiba mais sobre o alumnus Paulo Minari nesta entrevista para a Alumni News. Publicado no volume 13 da revista acadêmica, em janeiro de 2015, uma versão anterior pode ser acessada aqui: Será que o brasileiro está poupando o suficiente para se aposentar?
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