Tentar prever, lançando mão de modelagens sofisticadas, como vai se comportar o pregão da Bolsa de Valores e medir efeitos da competição no setor escolar. Descrever, no Brasil, o comportamento da produtividade do trabalho por setores e a evolução das empresas estatais. Investigar novas maneiras de obter materiais cerâmicos.
Nesse espectro temático estão situados os sete trabalhos de alunos da graduação do Insper que acabam de concluir a sua iniciação científica, a primeira etapa de contato sistemático com os rigores da pesquisa de alto nível.
Pedro Ariel de Alcântara Camargo, orientado pelo professor Marco Antonio Leonel Caetano, explorou a intersecção entre a física e a economia, a chamada econofísica, para tentar descrever o comportamento dos mercados acionários em torno de episódios de brusca reversão de tendências, como são conhecidos os “crashes” nas Bolsa de Valores.
O aluno investigou se há correlação entre, de um lado, períodos em que as oscilações nos retornos de mercado passam a ser cada vez mais amplas, fenômeno conhecido como ressonância, e as grandes reviravoltas nos pregões acionários, do outro. Submeteu as crises de 1929 e 2008 ao modelo, que respondeu bem aos testes. Mais desenvolvimento e acréscimo de dados serão necessários para esclarecer se a ressonância é mesmo uma das causas das reversões nos ciclos de ações ou se apenas está associada a elas.
Elaborar uma modelagem que preveja com eficácia o que vai acontecer com ações de empresas também esteve no cerne do trabalho de Vitor Grando Eller, que foi orientado pelo professor Raul Ikeda Gomes da Silva. Aqui foi mobilizada a abordagem das redes neurais, sistemas de computação que tentam se espelhar no pensamento humano.
Por meio de dispositivos capazes, por exemplo, de se aperfeiçoar à medida que novas informações estejam disponíveis, Vitor procurou medir a eficácia preditiva diante do índice S&P500, que acompanha os papéis de 500 companhias representativas nos EUA. Embora os resultados do experimento não tenham endossado inicialmente algumas teorias sobre como melhorar a capacidade de se antecipar a movimentos do mercado, ficou sugerida a validade dos sistemas de redes neurais para futuros aperfeiçoamentos.
As transações nas Bolsas de Valores também foram objeto do trabalho de Guilherme Ribeiro da Gama. Sob a orientação da professora Andrea Minardi, ele pretendeu avaliar se a aquisição de ativos de empresas compromissadas com boas práticas ambientais, sociais e de governança reverte em maior retorno para o investidor.
Na verificação da hipótese, Guilherme se valeu das ações de companhias que integram o Índice de Sustentabilidade Econômica (ISE) da B3, a Bolsa brasileira, no período que vai de janeiro de 2010 a janeiro de 2020. No exercício, os papéis integrantes do ISE renderam um pouco menos que as ações que não constavam dele, contrariando a expectativa inicial sobre investimento em sustentabilidade. A conclusão, longe de definitiva, poderá ser confirmada ou refutada aprofundando-se o ferramental analítico.
Além desses trabalhos, você pode conferir os relatórios de Lucas Henrique, que investigou um método inovador de obtenção de materiais cerâmicos avançados; o de Matheus Matheus Maciel de Matos Mendes, sobre os efeitos da concorrência nas notas e na qualidade da gestão escolar; o de Roney Carvalho Neves Junior, que avaliou o desempenho recente da produtividade do trabalho no Brasil; e o de Willian Vaz Moraes, acerca de resultados financeiros de empresas estatais brasileiras.
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