16/09/2016
Reunidos para o lançamento do livro Fora da Curva: Os segredos dos grandes investidores do Brasil – e o que você pode aprender com eles, os três organizadores e dois entrevistados da obra proporcionaram um debate instigante sobre o mundo dos investimentos e o atual cenário econômico do país.
O encontro foi promovido pelo Centro de Finanças do Insper e contou com a presença do advogado Pierre Moreau e o investidor Florian Bartunek (organizadores da obra), além dos investidores Guilherme Affonso Ferreira e Luiz Fernando Figueiredo. A conversa ocorreu no último 13 de setembro no auditório Steffi e Max Perlman, da própria instituição, e foi mediada pela editora de finanças da revista Exame, Giuliana Napolitano, também organizadora e responsável pelas entrevistas do título.
Os participantes do evento avaliaram o cenário político atual do Brasil de forma majoritariamente otimista. Ferreira, sócio da Teorema Gestão de Ativos e membro do conselho de administração da Petrobrás e outras cinco empresas, diz que o país, enfim, consegue ver uma luz no fim do túnel, pois o atual governo dá sinais de que vai enfrentar os problemas. “Mas é bom ter a consciência de que não estamos falando de um Brasil cor-de-rosa”, comentou.
Segundo Figueiredo, sócio da gestora de recursos Mauá Investimentos, essa visão positiva se deve ao fato de o Brasil estar passando por uma mudança cultural. “O momento que estamos vivendo é muito relevante. Pela primeira vez, vemos algo sendo feito em relação à impunidade. Esperamos que continue assim”, disse.
Assista à gravação do evento, que foi transmitido ao vivo:
Bartunek vê um governo focado no mercado e na melhora da economia já no próximo ano. “Depois de sete anos de recessão, as companhias se ajustaram. Os lucros e as margens vão se expandir muito em 2017”, afirmou. O sócio da gestora Constellation também enxerga uma queda na inflação brasileira e, consequentemente, nos juros.
De acordo com Bartunek, este é o momento certo para investir na Bolsa de Valores. Isso porque, hoje, o Brasil apresenta uma dinâmica mais atrativa do que o resto do mundo. As ações estão com preços convidativos. Porém, a dinâmica de investimento é diferente considerando as pessoas física e jurídica.
“Se você é o gestor de fundos de uma empresa, certifique-se de que tem um passivo bom. Isso é metade do segredo. Agora, se você tiver um ativo ruim e investidores que não conhecem seu negócio, quando a Bolsa estiver em queda, sua companhia terá que vender ações, pois os investidores não estarão botando dinheiro, estarão sacando”, explicou.
“Já a o investidor pessoa física precisa saber seu percentual adequado e ter frieza na hora de investir. Não dá para ser aquele turista que vai à Disney todo empolgado e na hora de subir na montanha-russa tem uma crise de pânico”, completou Bartunek.
O sócio da gestora Constellation também afirma que quem quer ser investidor precisa entender que a compra de ações deve considerar uma perspectiva de longo prazo. “Aquele que comprar e ficar cinco anos verá a diferença. Agora, se vender após seis meses, não notará nada”, disse Bartunek.
Os participantes do encontro garantiram que o mercado de trabalho está muito melhor para quem está se formando agora do que estava para aqueles que se graduaram há cinco ou dez anos. Ferreira foi além e disse que vê mais capacidade na geração atual do que em sua própria. O membro do conselho de administração da Petrobrás também afirmou que, por serem mais preparados, as empresas esperam mais dos futuros economistas e administradores.
Para que os alunos acumulem as competências necessárias para vencer no mercado, Figueiredo aconselha não trocar de emprego pensando apenas na remuneração. “Eu costumo dizer o seguinte para meus estagiários e trainees: eu bato em você se mudar de trabalho por causa de dinheiro, mas te levo em meu carro se for para aprender mais”, brincou o sócio da Mauá Investimentos. O investidor afirmou que o ideal é privilegiar o acúmulo de experiências e conhecimento até os 30 anos e, então, pensar em remuneração e evolução de carreira.
Outra dica para os executivos e alunos se preparem para o mercado é ler o livro Fora da Curva. Nele, estão reunidas histórias de dez dos maiores investidores do Brasil. “Eles contam como começaram em suas profissões, os principais erros e acertos e tudo o que pode interessar uma pessoa que quer fazer carreira no setor financeiro. A obra também serve para quem quer fazer bons investimentos”, revelou Giuliana Napolitano.
Os investidores também destacaram a importância de se conhecer com profundidade o setor e o país no qual os ativos são considerados. Não faz sentido dedicar-se a investimentos em mercados nos quais o investidor não conheça as dinâmicas empresarial e econômica. Na carreira de investimentos, os profissionais devem evitar as tentações das aventuras e da diversificação de atuação sem embasamento técnico.
A ideia do livro Fora da Curva: Os segredos dos grandes investidores do Brasil – e o que você pode aprender com eles surgiu na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Pierre Moreau e Florian Bartunek se encontram lá todos os anos em janeiro para fazer um curso de educação continuada. Em uma dessas vezes, eles perceberam que não existia nenhuma obra que reunia as histórias e vivências de empresários e investidores brasileiros.
“Nós achávamos importante que as pessoas que se interessam por finanças pudessem de alguma forma aprender com estes grandes investidores do Brasil”, contou Moreau. “Nossa ideia é dar ferramentas para que um novo país seja criado. Queremos que nossos leitores tirem lições que possam ser replicadas”, completou.
O livro foi organizado por Florian Bartunek, Pierre Moreau e Giuliana Napolitano. Nele, estão reunidos os depoimentos dos seguintes investidores: André Jakurski, Antonio Bonchristiano, Luis Stuhlberger, Guilherme Affonso Ferreira, Guilherme Aché, José Carlos Reis de Magalhães Neto, Luiz Fernando Figueiredo, Meyer Joseph Nigri, Pedro Damasceno e o próprio Bartunek.
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