A valorização média do primeiro pregão de uma empresa, quando ela lança ações, no Brasil é quase um terço da valorização média nos Estados Unidos. Enquanto a valorização média no Brasil é de 4,4%, nos EUA é de 12,2%. É o que aponta estudo realizado pelos professores Andrea Minardi e Rodrigo Moita com o alumnus Rafael Plantier Castanho a partir de sua dissertação no Mestrado Profissional em Administração.
Uma causa possível para o retorno é que quando o banco responsável pelo lançamento das ações percebe alta demanda, ajusta para cima o preço da oferta, mas não em seu valor justo cheio. “Esse ajuste parcial cria um retorno positivo no primeiro dia, que é usado para compensar investidores informados por revelarem informações confiáveis durante o processo de book building (coleta de preços)”, explica a professora Minardi.
Ela acrescenta que um dos fatores que explica a diferença de retornos entre os dois países está no fato de os bancos serem muito mais seletivos com companhias no Brasil do que nos Estados Unidos. São raros IPOs de empresas com ofertas menores que R$ 200 milhões no país e existem poucos lançamentos de companhias pré-operacionais. “Como há maior concentração em empresas maduras e de tamanho grande, que carregam menos incerteza operacional do que empresas pequenas e pré-operacionais, as ações brasileiras devem, em média, ser lançadas a um preço muito mais perto do valor justo do que se comparado com os EUA”, diz.
Outro fator que pode explicar a diferença na precificação é que há menos bancos de investimento operando no Brasil, e os que operam têm alta reputação. Já nos EUA, a qualidade do coordenador varia muito.
Artigo premiado
O artigo que comparou o comportamento das ações no Brasil e nos EUA foi desenvolvido a partir da dissertação, defendida em 2010, que testou a influência do aquecimento do book building no retorno de longo prazo de ofertas públicas brasileiras. Para fazer a comparação, os autores analisaram uma amostra de 138 IPOs no Brasil entre 2004 e 2012, e 900 ofertas nos EUA entre 2001 e 2012.
O estudo foi premiado em 2013 com o The Sion Raveed Award, que reconhece artigos acadêmicos de destaque apresentados na conferência anual do Business Association of Latin American Studies (BALAS), principal organização internacional dedicada a estudos de economia, gestão, liderança e indústria na América Latina e Caribe.
Autores da pesquisa