Fundos de private equity no Brasil seguem prática internacional para mitigar riscos
Fundos de private equity que atuam no Brasil seguem a prática internacional de adotar cláusulas em seus regulamentos para disciplinar a ação de gestores. O objetivo é evitar que esses profissionais tenham comportamentos que prejudiquem a criação de valor nas empresas da carteira sob sua responsabilidade. A adoção dos mecanismos foi constatada em estudo feito pelo Insper em parceria com a Spectra e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap). Os pesquisadores analisaram 148 regulamentos de fundos de private equity registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entre 1996 e 2019, como fundo de investimento em participações (FIP). Esse tipo de fundo investe em empresas com alto potencial de crescimento a fim de impulsioná-las e, mais tarde, obter ganhos ao vender sua fatia acionária. No Brasil, esses fundos têm uma vida média de dez anos. Deste período, cinco anos, em média, correspondem à etapa de investimento (a mediana é quatro anos), quando são efetuadas todas as chamadas e integralizações de capital. “Por serem investimentos ilíquidos e de longo prazo, em que o gestor do fundo detém muito mais informação sobre o desempenho da carteira de investimento do que o cotista, há potencial para situações de conflitos de interesse e desalinhamento de interesse”, explica a professora do Insper Andrea Minardi, uma das autoras do estudo. “Por isso, é essencial entender quais termos do regulamento são importantes observar e compreender se há proteção para evitar conflitos e desalinhamento.” Um dos pontos analisados na pesquisa é a remuneração do gestor do fundo definida nos regulamentos. A taxa de administração, paga anualmente pelos cotistas –os investidores–, assegura os recursos para o pagamento de despesas do fundo, entre as quais os salários da equipe à frente da gestão da carteira. Além dessa taxa, há a de performance, também conhecida como “carry”. Segundo o estudo, a taxa de administração de regulamentos dos fundos no Brasil, cuja mediana é de 2,2% ao ano cobrada sobre o capital comprometido, está em linha com as melhores práticas sugeridas pela Institutional Limeted Partner Association (ILPA) e com o que se observa no cenário internacional. Seu valor é mais alto no período de investimento, que compreende as fases em que gestores procuram e definem as empresas para aplicar os recursos e que estabelecem a governança e relacionamento com aquelas que foram escolhidas. Após essa etapa de investimento, o valor da taxa de administração cai. “Essa queda faz com que o gestor se preocupe em ter bom retorno tanto para ganhar a taxa de performance, que passa a ser significativa, quanto para gerar ‘track record’ para levantar um novo fundo e garantir a perpetuidade da gestora”, afirma Minardi. ‘Carry’…
Média salarial em private equity no Brasil equivale à de pequenas gestoras nos EUA
A média da remuneração de profissionais de private equity no Brasil equivale à de gestoras dos Estados Unidos com ativos sob gestão inferior a US$ 500 mil. Há, porém, disparidades entre os valores pagos por pequenas e grandes do setor. Esse quadro está entre os resultados de estudo realizado pelo Insper em parceria com a Spectra e a Heidrick & Struggles. De 2018 a 2020, os pesquisadores conduziram entrevistas presenciais em 25 gestoras que atuam no Brasil. Gestoras de private equity investem em empresas mais maduras e com alto potencial de expansão. O objetivo é impulsionar esse processo, o que fazem por meio de medidas que promovem melhorias operacionais e crescimento orgânico, além de aquisições. Concluído o ciclo, que dura cerca de cinco anos, elas vendem sua participação. Para que toda essa operação seja bem-sucedida, considera-se essencial a qualidade da equipe de investimentos, que precisa ser mantida motivada pela gestora para permanecer em seus quadros a longo prazo. A maioria das gestoras analisadas na pesquisa, 74%, tem origem local. As demais são estrangerias e contam com um escritório no Brasil. Da amostra total, 48% delas administram mais de R$ 1 bilhão em ativos, enquanto outras 48%, abaixo disso –não há informações para os 4% restantes. O rendimento de quem trabalha nessas empresas constitui-se de um salário pago anualmente e de um percentual do “carry”, termo que se refere à taxa de performance do fundo. O “carry” é recebido somente se o fundo apresentar um desempenho superior ao retorno preferencial, que gira em torno do IPCA mais 8% ao ano. Seu valor corresponde, em média, a 20% do lucro acima do capital investido pelos cotistas do fundo corrigido por essa mesma combinação, índice de inflação mais a porcentagem. O maior ganho dos profissionais provém da parcela do “carry” a que terão direito se o fundo alcançar bons resultados. Existe, porém, um caminho para que essa fatia comece a chegar às mãos deles, uma vez que o lucro do fundo é obtido apenas quando ocorre a venda das posições acionárias na empresa em que se investiu. Praticamente todas as gestoras analisadas no estudo definem um “vesting”, termo referente ao período estipulado por elas para pagar o “carry” aos profissionais. Em média, para receber 100%, eles devem permanecer na empresa durante 5,5 anos. E quem o recebe? Na maior parte das gestoras da amostra, a receita vai para os sócios e para os demais integrantes da equipe de investimentos. Mas nem todas definem os pontos percentuais a que cada cargo tem direito. Já o salário pago anualmente é formado por duas componentes: uma parcela fixa e outra variável, o bônus, condicionada ao desempenho…
Emergentes sofrem mais para atrair investidor estrangeiro em tempos de crise
Quais são os determinantes por trás do interesse estrangeiro por títulos de dívida soberana? Alunos do Insper Data analisaram informações de 45 países para buscar a resposta a esta pergunta. Os dados abrangem os anos de 2004 a 2019 de 23 nações avançadas, entre as quais Estados Unidos e Alemanha, e de 22 emergentes, a exemplo de Brasil e China. No período, a diferença verificada entre a participação de investidores estrangeiros em papéis de economias emergentes e avançadas aumentou significativamente: passou de 1,5 ponto percentual em 2004 para 15,9 pontos percentuais em 2019. Os resultados mostram que tanto fundamentos domésticos quanto o ambiente externo estão relacionados com a procura por esse tipo de título. O peso de cada um deles –inflação, taxa de juros e volatilidade do mercado global externo, entre outros– varia conforme o grau de desenvolvimento do país detentor do papel. Em tempos de crise mundial, fatores internos, como o grau de solidez das instituições de Estado e o desempenho do PIB, tornam-se menos relevantes para a atratividade de capital. Com isso, mercados emergentes, vistos por investidores como mais arriscados, sofrem mais do que economias consolidadas em períodos de retração. Coordenado pelo aluno de doutorado Victor Hugo C. Alexandrino da Silva, o trabalho foi concluído em abril deste ano e contou com a participação dos alunos da graduação em Economia Augusto Netto, Gabriella Garcia e Maria Clara Drzeviechi. Leia o trabalho e acesse os dados “Analyzing Determinants of Foreign Credit Demand for Sovereign Bonds” Base de dados
Fundos para impulsionar empresas têm desempenho desigual no Brasil
Fundos de private equity e venture capital no Brasil alcançaram, em média, retorno superior ao de indicadores como a Ibovespa e o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), bem como ao de mercados emergentes. O desempenho, porém, mostra-se desigual e ainda fica para trás na comparação com europeus e americanos. Estudo conduzido pelo Insper, com a Spectra Investments e a Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), chegou a essas conclusões ao avaliar uma amostra de 268 fundos dedicados às duas modalidades de investimento no país, constituídos de 1994 a 2018. Nesse período, eles captaram R$ 84 bilhões. Esses fundos compram participações acionárias de empresas com alto potencial de crescimento. O objetivo é gerar a expansão, de forma orgânica e por meio de aquisições, e depois vendê-las –um ciclo que costuma durar de 4 a 5 anos. Para tanto, promovem melhorias operacionais na gestão e na governança. É comum, por exemplo, que representantes dos investidores ingressem no conselho de administração. A análise aponta que os fundos de private equity e venture capital superaram em duas vezes o desempenho do Ibovespa –carteira das ações mais negociadas na Bolsa brasileira–, em 2,6 vezes o CDI –taxa de juros de operações interbancárias–, e em 1,9 vez o indicador MSCI de mercados emergentes –principais ações de companhias nesse grupo de nações. Na comparação internacional, entretanto, a taxa média interna de retorno anual dos fundos dedicados ao Brasil (9,8% em reais e 4,8% em dólares) ficou aquém da registrada globalmente (12%), nos Estados Unidos (13%) e na Europa (16%). Desigual No país, concentram os bons resultados os fundos do primeiro quartil (classificação dos que aparecem no grupo de 25% dos fundos com maiores retornos) e alguns do segundo quartil (classificação dos que figuram no grupo entre os 25% e 50% com maiores retornos). Além disso, 90% dos que pertencem ao primeiro quartil apresentam resultado suficiente para deixá-los entre os melhores fundos do mundo. Para os pesquisadores, chama a atenção a diferença de desempenho de 30% constatada entre o resultado do pior fundo do primeiro quartil e o do pior fundo do terceiro quartil (classificação dos que figuram no grupo entre 50% e 75% com maiores retornos). Nos EUA (15%) e na Europa (13%), essa distância é bem menor, o que revela uma dispersão de desempenho comparativamente elevada no caso brasileiro. Os autores do estudo atribuem o contraste à imaturidade de uma fatia dos operadores desse gênero de fundos e ao caráter relativamente recente dessa indústria no Brasil. O quadro, acrescentam, demonstra que é possível obter bons retornos ao investir em private equity e venture capital, porém se mostra essencial ao investidor avaliar a…
Crédito do BNDES pode ter papel positivo em atividade inovadora
A atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresenta uma maior correlação com a intensidade de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em setores da indústria que dependem de empréstimos de terceiros. O fato indica que a instituição estatal de fomento desempenha papel importante no estímulo às atividades de P&D no Brasil. Os professores do Insper Eduardo Correia de Souza e Priscila Fernandes Ribeiro e o alumnus do mestrado profissional em economia Eduardo Souza Mattos trabalharam com dados do IBGE sobre inovação e atividade industrial, além de informações do próprio BNDES, para responder à hipótese de que empréstimos do banco suprem carências do mercado de crédito quando se trata dos investimentos das empresas em pesquisa e desenvolvimento. O estudo, publicado na revista Estudos Econômicos, abrange o período que vai de 1998 a 2014. Firmas inovadoras com baixa capacidade de se autofinanciar teriam dificuldade de prosperar quando os agentes habituais do mercado financeiro são avessos a tomar riscos. Entre os fatores que atravancariam o acesso dessas empresas ao crédito estão a natureza arriscada dos projetos de P&D, a falta de garantias tangíveis para empréstimos e o interesse delas em preservar segredos de produção. Nesse ambiente, a atuação do banco de fomento compensaria o impulso que falta dos demais operadores de empréstimos. Para avaliar a dependência de crédito externo por setor, os pesquisadores recorreram a três indicadores diferentes: a razão entre gasto com investimento e fluxo de caixa livre; o capital físico por trabalhador; e a razão entre receita líquida de vendas e valor da transformação industrial. O valor da transformação industrial também baliza a medida de intensidade de P&D, a variável de interesse na investigação. Quanto maior a fatia destas despesas em relação ao produto adicionado, maior o "teor inovador". Ao fim, a questão era verificar se a interação entre os desembolsos do BNDES e os setores dependentes de capital externo impactava positivamente a intensidade de P&D, hipótese satisfeita no modelo econométrico. Como a pesquisa não foi feita no nível das firmas individuais, mas no de setores industriais, não é possível saber ao certo se o efeito setorial médio encobre uma realidade em que empresas que mais receberam crédito do BNDES podem ser as mesmas que figuram entre as que menos investiram em pesquisa e desenvolvimento. Leia o estudo Crédito do BNDES, dependência de finança externa e intensidade de P&D nos setores da indústria brasileira (1998-2014)
Jovens pesquisadores se debruçam sobre mercado acionário
Tentar prever, lançando mão de modelagens sofisticadas, como vai se comportar o pregão da Bolsa de Valores e medir efeitos da competição no setor escolar. Descrever, no Brasil, o comportamento da produtividade do trabalho por setores e a evolução das empresas estatais. Investigar novas maneiras de obter materiais cerâmicos. Nesse espectro temático estão situados os sete trabalhos de alunos da graduação do Insper que acabam de concluir a sua iniciação científica, a primeira etapa de contato sistemático com os rigores da pesquisa de alto nível. Pedro Ariel de Alcântara Camargo, orientado pelo professor Marco Antonio Leonel Caetano, explorou a intersecção entre a física e a economia, a chamada econofísica, para tentar descrever o comportamento dos mercados acionários em torno de episódios de brusca reversão de tendências, como são conhecidos os "crashes" nas Bolsa de Valores. O aluno investigou se há correlação entre, de um lado, períodos em que as oscilações nos retornos de mercado passam a ser cada vez mais amplas, fenômeno conhecido como ressonância, e as grandes reviravoltas nos pregões acionários, do outro. Submeteu as crises de 1929 e 2008 ao modelo, que respondeu bem aos testes. Mais desenvolvimento e acréscimo de dados serão necessários para esclarecer se a ressonância é mesmo uma das causas das reversões nos ciclos de ações ou se apenas está associada a elas. Elaborar uma modelagem que preveja com eficácia o que vai acontecer com ações de empresas também esteve no cerne do trabalho de Vitor Grando Eller, que foi orientado pelo professor Raul Ikeda Gomes da Silva. Aqui foi mobilizada a abordagem das redes neurais, sistemas de computação que tentam se espelhar no pensamento humano. Por meio de dispositivos capazes, por exemplo, de se aperfeiçoar à medida que novas informações estejam disponíveis, Vitor procurou medir a eficácia preditiva diante do índice S&P500, que acompanha os papéis de 500 companhias representativas nos EUA. Embora os resultados do experimento não tenham endossado inicialmente algumas teorias sobre como melhorar a capacidade de se antecipar a movimentos do mercado, ficou sugerida a validade dos sistemas de redes neurais para futuros aperfeiçoamentos. As transações nas Bolsas de Valores também foram objeto do trabalho de Guilherme Ribeiro da Gama. Sob a orientação da professora Andrea Minardi, ele pretendeu avaliar se a aquisição de ativos de empresas compromissadas com boas práticas ambientais, sociais e de governança reverte em maior retorno para o investidor. Na verificação da hipótese, Guilherme se valeu das ações de companhias que integram o Índice de Sustentabilidade Econômica (ISE) da B3, a Bolsa brasileira, no período que vai de janeiro de 2010 a janeiro de 2020. No exercício, os papéis integrantes do ISE renderam um pouco menos…
Na crise, empresa que domina mercado protege fornecedor
Durante a crise de 2008 nos Estados Unidos, empresas com alto poder de mercado reduziram o tempo de pagamento a seus fornecedores como estratégia para proteger a cadeia de produção dos efeitos da crise. Essa é a principal conclusão do estudo “Trade credit and product market power during a financial crisis” (crédito comercial e poder de mercado durante uma crise financeira), de Adalto Barbaceia Gonçalves (Insper), Rafael F. Schiozer (EAESP-FGV) e Hsia Hua Sheng (EAESP-FGV). Quando um fornecedor entrega um produto ou serviço em troca de pagamento numa data futura, ele está oferecendo um crédito comercial (“trade credit”) ao cliente. O crédito comercial é uma importante fonte de recursos para empresas e é conhecido pelo seu papel redistributivo: companhias com alta capacidade de movimentar recursos, a chamada liquidez, e elevado acesso a empréstimos bancários atuam fornecendo crédito comercial para empresas restritas financeiramente. Em períodos de recessão econômica, contudo, mesmo fornecedores com alta liquidez podem ter dificuldades de manter prazos extensos para recebimento de pagamentos. Para entender como as firmas americanas atuaram durante a crise de 2008, os autores do estudo utilizaram dados de 2004 a 2010, abrangendo, portanto, o período pré e pós crise. O estudo é o primeiro a avaliar se empresas com alto poder de mercado agiram de modo diferente das demais em relação aos prazos de pagamentos e recebimentos praticados. Medido pelo chamado índice de Lerner, o poder de mercado é a relação entre receita com vendas e o custo de produção da empresa. Empresas com alto poder de mercado são capazes de obter margens de lucro elevadas e, em geral, estão engajadas na produção de bens diferenciados e de padrão superior. Para manter a qualidade do produto final, elas exercem maior controle sobre a cadeia de fornecedores. Ao ser afetado por uma crise financeira, o fornecedor pode atrasar a entrega de produtos ou oferecer itens de menor qualidade. Nesse cenário de eventuais falhas na cadeia de insumos, as empresas com alto poder de mercado correm o risco de ter prejuízos maiores com perdas nas vendas do que empresas com pequenas margens de lucro. Utilizando dados apenas do período pré-crise para computar o índice de Lerner de uma firma, os autores primeiramente dividiram as empresas de acordo com o poder de mercado em dois grupos de tamanho iguais. Constataram que, durante a recessão, empresas com alto poder de mercado diminuíram, em média, 4 dias do prazo para efetuar pagamentos aos fornecedores. Nesse grupo, o tempo caiu de 74,3 dias, antes da crise, para 69,7, na fase de turbulência. Já empresas com baixo poder aumentaram o prazo de quitação dos pagamentos no período da crise. Por outro lado,…
Insper realiza o 2º Fintech Day com especialistas do mercado brasileiro
O número de fintechs cresceu 36% em 10 meses, passando de 264 empresas em fevereiro de 2017 para 369 em novembro do mesmo ano, segundo o mais recente relatório da FintechLab, hub brasileiro especializado. Esse avanço mostra que a revolução tecnológica no mercado financeiro já começou e é irreversível. O assunto foi tema do 2° Fintech Day, que reuniu especialistas de diversas áreas para discutir a ascensão deste segmento no último dia 18 de abril, no Insper. Foram quatro painéis de debate: Criptomoedas, Regulação, Investimento e Crédito. O evento integrou também uma feira com 18 estandes de empresas parceiras da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). “Uma revolução está acontecendo e isso desafia a regulação, que deve promover, incentivar e permitir o empreendedorismo. É importante ficar atento às falhas, que podem acontecer devido ao processo de aprendizado, mas que não podem se sobressair aos ganhos dessa novidade”, destacou Marcos Lisboa, presidente do Insper, na abertura do evento. Fintechs são empresas financeiras (fin) que usam a tecnologia (tech) para oferecer produtos de uma forma inovadora, focadas na experiência e necessidade do usuário. O avanço desse modelo de negócio nos últimos anos está ligado a três fatores: a inclusão digital, a chegada de um novo perfil de consumidores ao mercado, os millennials, e ao fácil acesso às plataformas virtuais, que permitem aos clientes melhor navegabilidade mesmo com acesso mobile. Além disso, a tecnologia dentro do mercado financeiro viabiliza menores investimos operacionais, permitindo a oferta de taxas de juros menores do que os praticados por bancos tradicionais. Moeda virtual O painel de debate sobre as criptomoedas trouxe uma novidade. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de capitais, que no início do ano proibiu os fundos de investirem em criptomoedas, antecipou que publicará um parecer, em maio, com o objetivo de orientar gestores sobre os riscos de investimento nas moedas virtuais. A princípio, por se tratar de um ativo novo, a CVM regulou esse tipo de investimento de forma menos flexível. No entanto, com a crescente busca de investidores por este mercado, a tendência é que o órgão crie normas. “O objetivo é trazer mais segurança jurídica para os investimentos nestes ativos”, explicou Daniel Maeda, superintendente da CVM. A iniciativa incentiva fintechs especializadas em criptomoedas. Rodrigo Vieira, advogado empresarial da Tozzini Freire Advogados, foi o moderador do painel Criptomoedas, que, além de Maeda, contou com a participação de João Canhada, co-fundador da Fox Bit, e Rosine Kadami, representante da Blockchain Academy. Investimento Despreocupado. Camaleão. Construtor. Sonhador. Planejador. Esses são os cinco perfis identificados em pesquisa conduzida pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e pela consultoria…
Novas teorias podem ser aplicadas em estudos de séculos passados
Em tempos de Big Data e do desafio de avaliar uma grande base de dados, saber fazer as perguntas certas é fundamental para conseguir a informação que se procura. No entanto, nem toda a resposta precisa de um novo cálculo ou estudo, mas sim da releitura de teorias e fórmulas já pensadas e aplicadas no passado. Apesar de ainda pouco aplicado no dia a dia dos negócios, o tema foi abordado no Ciclo de Palestras em Ciências Emergentes, coordenado pelo professor Marco Caetano e que aconteceu no decorrer do ano letivo no Insper. “É importante os alunos entenderem quantas perguntas devem ser feitas para descobrir uma informação e como medi-la”, explica o professor, que ministrou duas palestras para os alunos da Graduação e convidou seis pesquisadores para apresentarem seus projetos. Entre os temas abordados estão a cosmologia, a astrofísica e a astronomia, que são chamadas de ciências emergentes. Essa nomenclatura é utilizada para teorias e aplicações novas em relação aos estudos desenvolvidos em séculos passados. Embora existam diversas correntes e perspectivas teóricas, essas ciências podem ser aplicadas em diferentes áreas. “A entropia, por exemplo, mede a perda da informação em determinado evento e o quanto é aleatório. Na Administração, é possível identificar fraudes, sabendo se há invenção de números. Na Biologia é usada na alteração de gene e o que acontece com essa mudança”, detalha. O estudo, apesar de ser comum no meio acadêmico, é ainda pouco utilizado no mercado brasileiro. Porém, países como Alemanha, França e Inglaterra já perceberam a importância da entropia e o utilizam como base para análise de números. Para enriquecer o debate, o ciclo de palestras contou com a participação dos palestrantes convidados Osman F. da Silva, Ney Ricardo Moscati, Ronald Buss de Souza, Reinaldo Rosa, Francisco Carlos Rocha Fernandes e Takashi Yoneyama que contribuíram para esta nova abordagem e olhar sobre o tema. Para saber mais, assista aos vídeos do Ciclo de Palestras em Ciências Emergentes.
Brasil gasta dez vezes mais tempo com a área tributária do que outros países
Os desafios diários enfrentados pelas empresas de todos os portes no Brasil já são conhecidos e vão desde a burocratização na formalização, geração de empregos até a prestação de contas. Quando o assunto é imposto, o país gasta quase duas mil horas calculando e pagando tributos por ano. O levantamento feito pelo Banco Mundial aponta que a média dos demais países é de 206 horas. Isso significa que no Brasil é preciso 245 contadores trabalhando em um dia, enquanto em outros países a dedicação necessária é de 26 profissionais. Diante deste cenário, a reforma tributária torna-se urgente com uma simplificação do sistema. Para ser considerado um bom sistema tributário é preciso ter simplicidade, neutralidade, transparência e equidade, além de dar pouca margem para sonegação. Especialistas apontam que o Brasil não tem essas características. “Há uma quantidade de regras diferentes impressionante. Nosso sistema tributário é caótico, confuso e mutante. As interpretações mudam de acordo com as situações. Isso impacta na produtividade de todo o país, porque há um imenso esforço para entender esse sistema e se investe menos com essa insegurança jurídica”, afirmou Marcos Lisboa, presidente do Insper, durante evento realizado no dia 27 de novembro, na instituição. O palestrante do encontro “Reforma Tributária e Produtividade” foi Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal e ex-secretário de Política Econômica, que também apontou outras consequências negativas, como redução na competitividade, distorções distributivas e falta de transparência. “O contribuinte precisa saber quanto está pagando de imposto e, no Brasil, isso é impossível. Não há como saber, na prática, quanto há de tributação em cada produto. O que temos hoje é um programa que apenas estima essa carga tributária e transcreve na nota fiscal”, criticou Appy. Outro problema apontado por Appy é que o custo é proporcionalmente maior para empresas de menor porte que seguem o regime normal de tributação, dificultando o crescimento dos pequenos negócios. Para o especialista, o caminho é a tributação simplificada com base no valor adicionado e não pelo faturamento. “Embora seja difícil quantificar o impacto das distorções do sistema sobre a produtividade no país. É preciso ter um olhar atento para essa questão. De nada adianta ter uma proposta boa no papel que não funcione na prática”, mensurou. Luz no fim do túnel Appy apresentou uma agenda de trabalho durante sua fala e apontou como solução para o setor de bens e serviços, o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que é um imposto não cumulativo e que independe da forma de organização da produção. As distorções no modelo de tributação de bens e serviços são os que mais afetam a produtividade do país. “É um modelo transparente, que…
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