Uma conversa sobre liderança
Reunimos os professores Maurizio Mauro, Carlos Melo e Carolina da Costa, para uma conversa sobre um dos grandes temas do Brasil contemporâneo: a crise de liderança. Os três são idealizadores do Centro de Liderança e Inovação do Insper, lançado em março de 2016. Confira o vídeo com um resumo dessa conversa sobre liderança: No debate, cujo foco foi a política, mas que se estende também às corporações, apareceram temas como a incapacidade de negociação, a análise de problemas e o desenvolvimento da consciência crítica. "Enquanto não sentarmos à mesa para começar a avaliar o que o outro está dizendo não sairemos do lugar", disse Melo. "O pluralismo é fundamental. Isso está virando uma briga de rua, literalmente." Para Carolina, "quando se parte para a desqualificação do adversário, não há mais pensamento crítico, e isso ocorre nas empresas também". Segundo Mauro, neste momento, no Brasil, "não há ambiente político e social que facilite o entendimento".
Metricis promove palestra sobre investimentos sociais
Atualizado em 04/04/2016. Qual é a melhor forma de aplicar recursos privados em iniciativas de interesse público? Na semana de 28 de março a 1º de abril acontece a Semana de Investimento Social, proposta pelo 9º Congresso GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), encontro que discute a cada dois anos a participação da iniciativa privada em investimentos sociais no país, com a participação de especialistas brasileiros e estrangeiros. O professor e coordenador do Metricis (Núcleo de Medição para Investimentos de Impacto Socioambiental do Insper), Sérgio G. Lazzarini, participará da Semana com a organização do debate, no Insper, "Como remunerar por impacto? A evolução dos títulos de impacto social". Investimentos de impacto buscam conciliar resultado financeiro e resultados socioambientais mensuráveis. Um mecanismo que recebeu muita atenção, conta Lazzarini, são os títulos de impacto social (social impact bonds), criados pela ONG inglesa Social Finance, a partir de 2009. O governo britânico tinha um gasto elevado com a manutenção de presídios, mas ainda assim convivia com uma elevada reincidência entre os entre os ex-presidiários que retornavam às ruas. Os investidores de impacto trabalharam em ações de apoio à reintegração dos presos – e foram bonificados pelo poder público à medida que a redução da reincidência gerava economia para os cofres do governo. "No Brasil, ainda não temos títulos de impacto social conforme concebidos na Inglaterra, mas estamos perto disso”, afirma Lazzarini. Já existem diversos contratos em que o governo e institutos remuneram os investidores pelo impacto socioambiental gerado. Um exemplo brasileiro é a rota turística da Lund, uma parceria público-privada entre o governo de Minas Gerais e uma empresa privada interessada que ganhou a licitação para assumir a gestão da rota. Quanto mais a empresa (e seus investidores) conseguirem gerar impacto mesurado, maior a chance de que receberão um pagamento extra pelo governo. O Insper Metricis desempenha o papel de estudar mecanismos modernos de gestão de impacto e elaborar métricas e metodologias que possibilitem segurança ao investidor privado – e, ao mesmo tempo, confiabilidade nos parâmetros definidos pelo setor público. No congresso GIFE, Lazzarini, ao lado da professora Angelica Rotondaro, da University of St. Gallen, apresentará uma pesquisa conduzida pelas duas instituições sobre mensuração de ações de impacto, no dia 29 de março, às 14h. Saiba como foi o evento. Acesse a apresentação e veja o vídeo da palestra. Conheça o Insper Metricis.
Como aprimorar o marco regulatório?
As agências reguladoras, criadas ao longo do mandato de Fernando Henrique Cardoso, perderam protagonismo nos últimos 12 anos. Fundamental para assegurar previsibilidade no ambiente de negócios, os órgãos de regulação do mercado aguardam por uma nova legislação, em tramitação no Senado. Para discutir as melhores práticas mundiais e o andamento das mudanças no país, o Centro de Pesquisas em Estratégia do Insper reuniu especialistas no Workshop "Como aprimorar o marco regulatório no Brasil", na sala Amador Aguiar, na manhã da segunda-feira, 15 de fevereiro. "Um ponto importante para a retração de investimentos externos é a incerteza regulatória, sem precedentes nos últimos anos", afirmou o professor titular do Insper Sérgio Lazzarini na abertura do evento. "Há a sensação de instabilidade de regras e previsibilidade no longo prazo." A regulação, disse Lazzarini, saiu de cena do debate público atualmente, apesar de sua importância. O ambiente regulatório, de acordo com Lazzarini, influencia outros setores da economia, como as estatais – sem obedecerem a regras claras, as empresas ficam expostas a atos discricionários, por exemplo. O tema é particularmente oportuno por conta de dois projetos de Lei, que modificam as regras de funcionamento das agências de regulação no Brasil. São essas mudanças que foram foco de discussão no debate realizado, partindo-se do diagnóstico de que há problemas de efetividade e qualidade regulatória que podem comprometer o desenvolvimento econômico do país. OCDE A regulação como sinônimo de segurança econômica e regras claras para abrir a economia é um tema recente, mesmo na Europa, segundo Luiz de Mello, deputy director do Public Governance and Territorial Development Directorade da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "Até muito recentemente, quando se falava em regulação pensava-se imediatamente em agências e indústrias de rede, dando-se pouca ênfase a uma visão geral da regulação da atividade econômica”, disse Mello. O trabalho atual da OCDE é justamente ampliar o leque de temas que são analisados a respeito da regulação, para além dos mecanismos tradicionais. "Hoje, a regulação, como as políticas fiscal e monetária, são as grandes ferramentas de política econômica que o estado moderno possui. É impossível pensar numa agenda de natureza microeconômica sem enfrentar a questão da regulação." A regulação, de acordo com Mello, é um forte instrumento para a construção de mercados mais eficientes e competitivos, mas também é importante no estabelecimento de padrões em áreas como, por exemplo, saúde e educação. "A OCDE tem uma recomendação, um conjunto de princípios adotados pelos países membros que se comprometem com algumas obrigações e busca melhores práticas internacionais, o Recommendation of the Council on Regulatory Policy and Governance", afirmou Mello. "No ano passado lançamos o Regulatory Policy Outlook, com análises…
Principais motivos que levam uma empresa a fechar as portas
Em média 25% das pequenas e médias empresas no Brasil fecham suas portas com apenas dois anos de atividade, sendo que com cinco anos este índice aumenta para mais de 50%. Os principais motivos são a falta de capital de giro, baixos lucros, alto endividamento e, principalmente, baixo nível de gestão empresarial. Há diversos outros motivos que também ajudam a explicar a alta mortalidade das empresas: baixa competitividade, conflito entre sócios, falta de experiência empresarial, altos custos e despesas, inadimplência, falta de clientes e interferências governamentais. O ano de 2015 tem sido um dos piores anos para as empresas brasileiras. A forte crise política associada à leniência do governo para implantar um processo de reestruturação administrativa com impactos relevantes sobre os gastos governamentais produziram uma crise econômica que nos afetará por diversos anos. O que estamos passando neste momento é apenas o início de uma fase dura que terá enormes impactos e consequências na sustentabilidade financeira das companhias e no desenvolvimento da nossa sociedade. A atual gestão governamental vem, há muito tempo, se orgulhando de ter conseguido avanços no desenvolvimento das empresas e no combate à pobreza. Porém, infelizmente, teremos nos próximos tempos um retrocesso importante que, provavelmente, consumirá grande parte da evolução social e empresarial dos últimos anos. Recentemente a Serasa divulgou que quase 50% das empresas brasileiras têm algum tipo de atraso de pagamentos. A alta da inadimplência de forma acelerada é um indício muito negativo de que precisamos reagir para conseguirmos manter nossas companhias estáveis. O que fazer para não corrermos o risco de comprometê-las? A melhor forma é prevenir-se para não chegar a situações de risco insustentáveis. Uma boa forma de prevenção é desenvolver um plano de negócios de curto e médio prazos, que levem em consideração como a companhia se desenvolverá. Este planejamento deve contemplar um fluxo de caixa das operações, análise de rentabilidade e, principalmente, um plano de ação que deve ser executado com o máximo de disciplina. Companhias que planejam, são bem controladas e estáveis financeiramente têm, geralmente, maior chance de sucesso. Seguem algumas dicas de como se prevenir e melhorar a administração de sua companhia: Aumentar controle de resultados; Fazer planejamento financeiro; Reduzir riscos; Separar conta corrente pessoal da conta da empresa; Distribuir lucros somente quando a companhia estiver estável; Reduzir obstinadamente custos e despesas; Reduzir capital de giro empregado em estoque e contas a receber; Manter caixa de segurança; Melhorar relacionamento bancário; Criar parcerias com fornecedores. Mantenha o arrojo comercial, mas com conservadorismo financeiro. Tente adequar suas finanças pessoais com a capacidade de geração de caixa da companhia, sem descuidar do seu crescimento, pois é ele que garantirá a sustentabilidade dos…
Big Data e Big Noise
O estatístico Hedibert Freitas Lopes, por dever de ofício, está acostumado a cálculos complexos. Mas dez dias antes da abertura do workshop e minicurso Big Data, Big Noise and Big Statistics (16 e 17 de novembro, no Insper) teve de enfrentar um desafio mais comezinho: como alojar mais 10 pessoas (e o número continua aumentando) em um evento cujas inscrições já estão encerradas. O sucesso do encontro deve-se ao tema. Big data – um grande guarda-chuva de conhecimento que envolve os saberes de estatísticos, matemáticos, informatas, engenheiros, gestores e profissionais de marketing – é a bola da vez em ambientes de negócio e na ciência. “Optamos por um workshop mais técnico para colocar o pessoal da área a par de avanços massivos”, afirma Lopes. “A ideia é que os palestrantes falem com uma audiência mais científica.” O minicurso ficará a cargo de Matt Taddy, professor de econometria e estatísticas da Universidade de Chicago. Outro convidado internacional é Steven Scott, analista sênior do Google. Uma mesa redonda, mais focada em negócios, vai discutir experiências em big data, data mining e machine learning. “Há uma grande discussão sobre que ferramentas precisaremos inventar ou adaptar para analisar o imenso volume de dados atuais”, diz Lopes, ao tratar de uma importante mudança de cenário: se tempos atrás os dados eram escassos, hoje ocorre justamente o oposto. Dentro da imensidão de informações disponíveis, qual fração, quais aspectos, quais "caminhos" desses dados são relevantes e não meramente o que se chama de big noise (ou grande ruído). “Estamos em transição para definir o que irá ser preservado e o que vai gerar novas áreas de conhecimento tal como o Projeto Genoma de 20 anos atrás”, afirma o estatístico, formado na UFRJ, com doutorado em Estatística e Teoria da Decisão na Universidade de Duke e hoje professor do Insper. Workshop on Big Data, Big Noise and Big Statistics, Insper, 16 e 17 de novembro. O evento será transmitido via Live stream. *Evento foi transmitido via Live stream. Assista às gravações aqui.
Terceirização está muito além de ser apenas risco trabalhista
Nos últimos meses, veio à tona um intenso debate a respeito do Projeto de Lei 4.330/04, que trata sobre as novas regras da terceirização. O trâmite do projeto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado está sendo acompanhado de perto por empresários, presidentes de órgãos de classe e, especialmente, por líderes sindicais. O foco da discussão tem recaído sobre os aspectos relacionados ao direito trabalhista do terceirizado. Contudo, a decisão de produzir componentes e serviços internamente ou comprar de fornecedores externos engloba outros fatores de impacto estratégico e que são determinantes para a competitividade das empresas. A decisão sobre terceirizar as atividades está presente na vida dos gestores desde sempre, dado que as empresas não são autossuficientes e, assim, demandam produtos e serviços de fornecedores. Contudo, é notório que o fenômeno se intensificou nos últimos anos, viabilizado pelos avanços na tecnologia de informação, que permite um melhor – mais rápido e mais acurado – fluxo de informações entre as empresas, independente da distância física entre elas. O escopo da decisão também foi alterado. Inicialmente, as empresas enxergaram na terceirização uma forma imediata para redução de custos. Atualmente, a terceirização é vista como uma oportunidade estratégica de tornar a empresa mais ágil, enxuta, flexível e, como consequência, mais competitiva. No Brasil, a terceirização é limitada pela Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que determina que a mesma só possa ser dirigida a atividades-meio – aquelas que não fazem parte da finalidade principal do negócio. Justamente neste ponto se encontra a maior mudança da nova proposta de lei: o texto do projeto não distingue uma atividade-meio ou uma atividade-fim, o que permitiria a terceirização de qualquer atividade da empresa. Uma questão que emerge da legislação atual é como definir o que é uma atividade-fim ou até onde ela se estende. Esta confusão acaba gerando uma insegurança jurídica para os tomadores de decisão dentro da empresa. Não é incomum nos depararmos nos jornais com condenações questionáveis do ponto de vista da gestão, como no caso da Volkswagen, condenada a pagar indenizações por contratar empresa terceira responsável pelo serviço de movimentação e abastecimento da linha de montagem, e da Telefônica, condenada por terceirizar a instalação de linhas e aparelhos. O que terceirizar Uma regra de ouro para os gestores, no que tange ao processo de terceirização, é que a empresa deve reconhecer suas competências centrais (em inglês, core competences) e que atividades ligadas a elas não devem ser entregues a um fornecedor. Assim, é preciso distinguir as atividades-fim das competências centrais: as primeiras são passíveis de terceirizar (a partir da implementação da nova lei), enquanto as últimas devem continuar a serem desenvolvidas…
Banco de desenvolvimento é bom para quem tem caixa
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não é um “hospital” para empresas ineficientes – pelo contrário, o banco tende a privilegiar empresas grandes, com caixa e bom resultado operacional. Ironicamente, são justamente essas empresas que menos dependem de capital público. A conclusão toma por base análise das informações de 289 empresas de capital aberto subsidiadas pelo banco entre 2002 e 2009. E, no Brasil, empresas que fazem doações para campanhas políticas têm mais acesso a crédito público. O estudo foi realizado pelos professores Sérgio Lazzarini (Insper), Aldo Musacchio (Harvard), Rodrigo Bandeira-de-Melo (Fundação Getúlio Vargas) e Rosilene Marcon (Univali). De acordo com o paper, como são empresas grandes e com caixa, não dependem necessariamente do banco de fomento para ampliar seu capital. Logo, recebem subsídios sem aumentar investimentos. “Ao estudar o efeito dos empréstimos e investimentos em equidade do BNDES, descobrimos que eles não têm efeito consistente sobre performance e investimento, exceto pela redução de gastos financeiros”, afirma o estudo. Ao contrário de bancos comerciais privados, os bancos de desenvolvimento estatais geralmente possuem a política de apoiar a atividade econômica local, incentivando principalmente projetos de infraestrutura. Os defensores do modelo enfatizam seu papel em reduzir limitações de capital e incentivar o investimento produtivo. Os detratores afirmam que eles podem beneficiar mais empresas com laços políticos ou ajudar companhias ineficientes. Em 2012, os bancos KfW da Alemanha, o BNDES do Brasil e o Banco de Desenvolvimento da China somaram empréstimos vultosos, de 15,5%, 11,3% e 12,4% dos PIBs de seus países, respectivamente. No entanto, como demonstra a análise, tais investimentos não foram voltados primariamente às empresas menores, nem tiveram grande efeito sobre a produtividade. Fundado em 1952, o BNDES logo se tornou central para a capitalização de grandes companhias. Apesar da onda de privatização nos anos 90, ele permanece uma importante fonte de capital e representa mais de 20% do crédito total do setor privado no Brasil. “No entanto, o BNDES não empresta para empresas que tenham performance consistentemente baixa. Os resultados indicam que o banco subsidia firmas que podem financiar seus projetos com outras fontes de capital”, afirmam os pesquisadores. Além disso, as empresas que usam doações de campanha para construir boas relações políticas são, de fato, as que têm maior acesso aos empréstimos. Para cada candidato eleito com seu apoio, uma empresa recebe do BNDES US$ 28 milhões na forma de empréstimos ou por meio de financiamentos a projetos de infraestrutura dos quais participa. Já para cada candidato que não se elegeu, a empresa deixa de conseguir US$ 24 milhões. A média foi obtida ao cruzar informações de empresas que tomam empréstimos subsidiadas com dados das eleições…
Serviços públicos, gestão privada
Por Sérgio Lazzarini Poucos temas despertam mais polêmica do que a gestão privada de serviços públicos como educação, saúde e segurança. Para os defensores da privatização, a maior presença empresarial garantiria mais inovação e produtividade, além de maior impulso a investimentos essenciais que o setor público, sozinho, não tem tido fôlego para executar. Os defensores de maior participação do Estado apontam o risco de os gestores privados enfatizarem o lucro em detrimento da qualidade dos serviços prestados. Em realidade, avanços recentes em economia organizacional indicam que os dois argumentos têm mérito. Considere um caso particularmente controverso: a gestão privada de prisões. Um empresário cuidando de uma prisão privada tentará maximizar seu lucro cortando custos e melhorando a eficiência dos processos. Um gestor público, por outro lado, não sendo o dono do negócio, terá menos incentivos para tornar as operações mais produtivas, além de se sujeitar às diversas amarras burocráticas do setor público. Isso indica que, em geral, a produtividade da gestão privada tenderá a ser maior que a da pública. Porém, os maiores incentivos pró-eficiência, se não devidamente regulados, podem trazer riscos de "probidade" (termo usado por Oliver Williamson, Nobel de Economia em 2009). Ao cortar custos com as operações, o gestor privado pode também negligenciar serviços essenciais, como ações para ressocialização dos presos, assistência médica, apoio com procedimentos jurídicos, alimentação e vários outros. Ocorre que esses atributos de qualidade são difíceis de medir e de verificar por meio de contratos. Se esses atributos não forem devidamente controlados, o risco de deterioração da qualidade será, de fato, relevante. Seria possível atingir o melhor dos mundos, ou seja, uma gestão eficiente e com garantia de probidade? Em diversos casos, sim. Em uma série de estudos com Sandro Cabral e Paulo Furquim de Azevedo, analisamos a experiência de prisões híbridas no Paraná. Trata-se de modelo híbrido porque o diretor da prisão era um funcionário público responsável por supervisionar a qualidade do serviço da empresa privada. Essas prisões apresentaram menor custo e indicadores de qualidade iguais ou até mesmo superiores aos das públicas. É certo que esta empresa poderia subornar o supervisor para ele fazer vista grossa a cortes de custos afetando a qualidade. Mas, em geral, os diretores das prisões eram funcionários com bom histórico de desempenho e todo o processo era continuamente monitorado por organizações não governamentais e agências do governo. A outra possibilidade é definir métricas de qualidade do serviço e remunerar os executores privados de acordo com essas métricas. Um projeto-piloto nessa linha foi feito na Inglaterra, em uma prisão financiada por investidores privados. Criou-se um contrato por desempenho, denominado "social impact bond", prevendo uma remuneração extra aos investidores,…
Dez negócios desconhecidos no Brasil para inspirar novos empreendedores
Vai empreender ou já está liderando o seu negócio próprio? Não se acanhe em se inspirar em outros negócios. Grandes empreendedores fizeram ou fazem isto o tempo todo. Henry Ford se inspirou no processo que viu no frigorífico do seu amigo Gustavus Swift para criar sua famosa linha de produção. Phil Knight, co-fundador da Nike, guiou-se pelos calçados fabricados pela Adidas e quando criou sua primeira linha de roupas, foi buscar inspiração da Jantzen, pioneira na fabricação de maiôs nos Estados Unidos e na White Stag, marca de referência em roupas de esportes de inverno na época. Steve Jobs constantemente buscava padrões observados nos automóveis da Porshe, nos eletrodomésticos da Braun, na sofisticação da Sony e na simplicidade da Polaroid. Howard Schultz trouxe referências da própria Nike e da Apple, mas também pesquisou a logística da Zara e o design popular da Ikea para recriar a experiência das cafeterias Starbucks. Buscar inspiração nas grandes referências em suas categorias é uma atividade que não só sofistica a criatividade do empreendedor como também permite a criação de novos conceitos de negócios. Contudo também há outros exemplos bem menos conhecidos que podem inspirar os que estão realmente comprometidos com a criação e desenvolvimento de negócios inspiradores. Se estiver empreendendo na área de educação, por exemplo, conhecer os negócios que estão sendo investidos pelo fundo de investimento NewSchools é uma obrigação. Vai se encantar com dezenas de novas soluções educacionais inovadoras. Mas também conheça a tradicional Thames & Kosmos. Lembra-se daqueles kits de ciências para crianças? Se bateu uma saudade, vai ficar um bom tempo olhando a longa lista de opções que a empresa oferece. Mas mesmo que não atue em educação, será que o seu negócio não precisa transmitir conhecimentos para clientes, fornecedores, colaboradores ou parceiros? Se atuar em negócio que implique no uso e/ou produção de produtos químicos, deveria conhecer a Method. Fundada por um químico e um designer, a empresa cria produtos de limpeza que são lindos e totalmente sustentáveis. E mesmo que não atue com nada químico, ainda assim, deveria entender como Dam Lowry e Eric Ryan conseguiram deixar algo tão chato como limpar a casa em uma experiência um pouco mais prazerosa e inspiradora. Mas se atuar no mercado da moda, conhecer Yvon Chouinard e a Patagonia é ter acesso a uma lição de vida e de empreendedorismo de impacto. A empresa produz roupas esportivas de alta qualidade a partir de material reciclado e algodão orgânico, cobra bem mais caro do que seus concorrentes, tem uma legião de clientes apóstolos, cresce em faturamento anualmente (mesmo avisando que as pessoas não precisam de tanta roupa assim), é uma das melhores empresas para se trabalhar nos Estados…
Menos poder ao Leviatã
O Brasil precisa corrigir o excesso de intervenção do governo no mercado. Menos diretivo e mais catalisador, o Estado deve restabelecer as bases regulatórias para recuperar a confiança dos investidores. Na acirrada disputa presidencial deste ano, o papel do Estado na economia foi um elemento central do debate. Colocando a culpa no cenário externo, o governo insistiu que o país estaria muito pior sem a volumosa expansão de subsídios, isenções tributárias e diversas outras intervenções engendradas pelo aparelho estatal. É mais do que hora, portanto, de discutir o tipo de Estado de que o Brasil precisa - não somente em tamanho mas também na forma como interage com o setor privada O que nossa própria história e a experiência de outros países nos ensinam a esse respeito? No começo da década de 90, com uma estrutura estatal inchada e endividada, pouco restou ao governo senão iniciar um amplo programa de privatizações. Contudo, diferentemente do senso comum, as privatizações antes e durante o governo de Fernando Henrique Cardoso não removeram a centralidade do Estado na economia. É só lembrar que o próprio BNDES foi o agente operacional do processo, participando ativamente de inúmeros consórcios privados como acionista ou emprestador, ao lado de outros atores estatais, como os fundas de pensão de empresas controladas pelo governo. Com esse movimento, o Estado passou de controlador majoritário de poucas empresas a investidor minoritário em um grande número de companhias. Aldo Musacchio e eu (coautores do livro Reinventing State Capitalism, ainda inédito no Brasil) denominamos esse novo modelo de "leviatã minoritário": o Estado privatiza, mas se mantém amplamente enraizado na economia via participações acionárias e empréstimos. Passado o ciclo de privatizações, o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma postura relativamente ortodoxa para garantir sua credibilidade no mercado. Mas as raízes do leviatã minoritário já estavam plantadas. Faltava apenas um impulso para que os laços estatais já presentes na economia tomassem uma feição mais ativa. E esse impulso, também ao contrário do senso comum, não foi dado pela crise financeira de 2008. Sob o governo Lula, as agências reguladoras, tidas como resquício das privatizações, foram enfraquecidas. Em várias alas do governo havia o desejo de expandir o papel do BNDES e formar grandes "campeões nacionais". Basta notar que as conversações para a fusão de grandes grupos - Oi-Telemar, no setor de telecomunicações, e VCP-Aracruz, em papel e celulose, todos eles com participações minoritárias do BNDES ou dos fundos de pensão -já estavam em curso antes da crise. A proteção indústria local e o renascimento de programas para setores específicos (como a indústria naval) também já estavam na agenda. Dessa forma, se as…
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