Os dilemas éticos da delação
Denunciar práticas ilegais em organizações públicas e privadas é essencial para a prática da cidadania e a geração de um futuro mais ético. O grande obstáculo é que essa não é uma tarefa simples, pois é normal que alguns delatores temam retaliações por parte das instituições. E isso ocorre nas duas pontas do processo, tanto em relação aos profissionais que recebem a denúncia como no que se refere aos informantes, que precisam estar preparados para conduzir o processo da melhor forma possível. Por conta disso existem organizações voltadas exclusivamente à proteção de informantes, como a norte-americana Government Accountability Project (GAP), que oferece defesa judicial e assessoria a mais de cinco mil delatores. Atualmente, o projeto conta com programas de proteção direcionados a funcionários do governo federal dos Estados Unidos, do setor alimentício e das áreas financeiras e corporativas. A organização também atua com pessoas ligadas ao ramo de segurança nacional. Edward Snowden, por exemplo, foi representado pela GAP. Em 2013, o funcionário do serviço secreto norte-americano causou polêmica ao revelar como o governo dos Estados Unidos espionava líderes mundiais. Confidencialidade Encontrar formas para proteger informantes de retaliações é uma tarefa complicada. Beatrice Edwards, especialista em proteção de informantes e ex-diretora executiva da GAP, participou de um evento no Insper no qual destacou que a melhor estratégia para manter o delator seguro é garantir a confidencialidade. O anonimato também pode ser uma opção, mas traz complicações, pois é necessário fazer perguntas e garantir a autenticidade de provas e documentos. De acordo com a profissional, é preciso ter leis que protejam o delator. Além disso, ele deve ter acesso a um fórum justo, que não deve estar ligado de nenhuma forma à instituição que está sendo acusada. É importante frisar que organizações como a GAP e executivos de empresas que recebem denúncias também são alvos de pessoas mal-intencionadas. “Alguns delatores tentam plantar notícias sem fundamento. Isso acontece por questões de interesse”, disse Fábio Barbosa, ex-presidente da Abril Mídia e do Banco Real e Santander e atual conselheiro de diversas instituições, incluindo Banco Itaú-Unibanco e Insper. O especialista brasileiro debateu o tema ao lado de Edwards durante o evento “Os Dilemas do Posicionamento Ético”, promovido pelo Centro de Liderança e Inovação (CLI) do Insper. O encontro ocorreu no dia 18 de abril. Tipos de delatores A ex-diretora executiva da GAP afirmou que não existe um perfil específico para definir delatores nos Estados Unidos. Entretanto, é possível identificar algumas categorias mais comuns. Confira no infográfico abaixo: De olho no futuro Para Barbosa, as instituições que querem evitar problemas devem criar uma espécie de “cultura de risco”. O conselheiro ressaltou que uma infração aceitável hoje,…
Como medir ações de impacto
Ferramenta fundamental para medir a eficácia de ações de impacto, o Guia para Avaliação de Impacto Socioambiental, iniciativa do Insper Metricis, ganhou nova roupagem, com foco em verificação de adicionalidade, de acordo com o coordenador do núcleo Sérgio Lazzarini, também professor titular da cátedra Chafi Haddad do Insper. O método é indicado, principalmente, para avaliar resultados de investimentos de impacto e negócios sociais. "As medições são processos caros e difíceis, por isso pensamos em criar um guia didático para medir e validar os resultados de ações de impacto", explica Lazzarini. Ainda que não exista consenso internacional sobre a metodologia mais apropriada para avaliar ações de impacto, o foco em adicionalidade traz informações precisas, que descartam evoluções que não seriam necessariamente impactadas por estas ações. Lazzarini faz uso de uma analogia com testes de medicamentos, nos quais um dos grupos é submetido ao uso de placebos – e ainda assim, parte dos indivíduos pesquisados apresenta melhoras no quadro clínico. A verificação por adicionalidade usa grupos de controle fora do foco das ações para medir a efetividade real. "Pode-se dizer que o modelo é um passo adiante." O Insper Metricis já tem aplicado o guia para projetos de organizações interessadas em gerar impacto efetivo. Ao criar uma forma padronizada de reportar e comunicar planos de medição, o guia também ajuda a criar processos robustos para validação de métricas de impacto. "É possível medir resultados de forma confiável e melhorar as práticas”, acrescenta Lazzarini. O guia ganha importância pelo aumento de demanda de ações de impacto socioambientais patrocinadas por investidores, interessados em medir o retorno financeiro e a efetividade do ganho social. "O guia foi desenhado para ser aplicado a qualquer situação", diz Lazzarini. "Antes, bastava citar as ações sociais no relatório anual da empresa. Agora, se pede para mostrar exatamente, com base em números, o que foi realizado. O Insper Metricis é um núcleo de medição de investimentos de impacto socioambiental da instituição e realiza estudos sobre estratégias empresariais de alto impacto, com ênfase no desenvolvimento de ferramentas para avaliação e remuneração por impacto e a validação de medidas realizadas por organizações e governos. Conheça mais em Insper Metricis.
Confiança violada: o histórico de relacionamento importa?
Apesar de a confiança desempenhar papel fundamental para viabilizar e manter relacionamentos, são inúmeros os episódios em que a confiança entre as partes pode ser rompida: mentiras, promessas não cumpridas e quebras de contratos são apenas alguns dos casos de violações de confiança reportados. As reações a violações de confiança podem variar consideravelmente: desde pessoas que querem se vingar e retaliar até outras que preferem dar nova chance e se reconciliar. Dentre os fatores que podem influenciar e aliviar os efeitos negativos de confiança quebrada, o relacionamento prévio importaria? Os pesquisadores Tatiana Iwai e Paulo Furquim de Azevedo realizaram um experimento em ambiente laboratorial para analisar a questão e testar a reação dos envolvidos a uma violação de confiança, de acordo com diferentes históricos de cooperação. No experimento, os participantes foram alocados em duplas para cooperar em um jogo econômico sob duas condições diferentes: para um grupo, a cooperação foi incentivada por meio de incentivos econômicos (prêmio para comportamento cooperativo); no outro grupo, a cooperação foi facilitada por meio de processos interpessoais (comunicação face a face). Então, um choque externo foi introduzido no jogo para criar a percepção de confiança quebrada. A pesquisa mostrou que, após o evento negativo, relacionamentos em que processos interpessoais foram utilizados para fomentar cooperação estão associados a uma maior atribuição causal externa. Isto é, considera-se que a quebra de confiança deveu-se mais a fatores situacionais do que a uma decisão deliberada do parceiro de violar a confiança depositada. Além disto, este tipo de relacionamento leva a uma maior benevolência e integridade percebidas sobre o outro, assim como maior disposição para se reconciliar. Mais ainda, no grupo comunicação, as partes se colocam em maior posição de vulnerabilidade, mesmo após a suposta violação de confiança. Este comportamento de risco, após um evento negativo entre os parceiros, é particularmente importante, porque, ao assumir mais riscos, envia-se uma mensagem de confiança que aumenta as chances de comportamento de reciprocidade positiva do outro. Com isto, a principal mensagem da pesquisa é que relacionamentos baseados em processos interpessoais são mais resistentes a eventos negativos do que aqueles baseados em incentivos econômicos. O artigo foi publicado no Brazilian Administration Review. Leia aqui: Economic Incentives or Communication: How Different Are their Effects on Trust
Perfil do líder em um time de vendas: um desafio
Por Marilda Peres Andrade Sempre que um profissional é promovido para um cargo de liderança, é sabido que novas habilidades são exigidas dele. Estas novas habilidades são, na esmagadora maioria das vezes, muito mais relativas a comportamentos do que a conhecimentos técnicos. Nas áreas comerciais, esta mudança de expectativa com relação ao comportamento do novo líder acaba por tornar-se um grande desafio para todos os envolvidos, principalmente para ele mesmo, por diversas razões. A primeira delas, e talvez a mais importante, é que estas novas aptidões são, comumente, diametralmente opostas àquelas que consagram um campeão de vendas. Mais do que em algumas outras áreas, vale aqui a máxima de que, ao promover-se o melhor técnico (diga-se o melhor vendedor), corre-se o duplo risco de se “perder” um ótimo técnico e se “ganhar” um gestor medíocre. Claro que isto acontece em todas as áreas, e não só no ambiente empresarial. Como exemplo, pode-se citar o futebol, em que o melhor treinador não é necessariamente aquele que foi um jogador brilhante. Mas, nas áreas comerciais, pode-se afirmar que, dependendo do tipo de negócios e do mercado da empresa, aquelas habilidades que transformam o profissional em um campeão de vendas podem ser as mesmas que determinam o fracasso como gestor. Vendedor X Gestor O trabalho do vendedor é uma atividade, na maioria das vezes, individualista, que requer certa dose de agressividade, competitividade e que não exige muito da capacidade administrativa do profissional. Não há, ainda, comumente, a necessidade de uma visão estratégica e de mais longo prazo, já que seu sucesso é medido por resultados de curto prazo – geralmente mensais. Já o líder de um time de vendas, dada a própria natureza de seus liderados, tem que desenvolver, principalmente, um trabalho de “coaching”. Como é própria do trabalho do vendedor a execução de suas atividades se dar, em grande parte, longe da supervisão direta do líder, o principal objetivo deste tem que ser o desenvolvimento pleno do potencial de todos os integrantes do grupo. Mudanças Necessárias Isso requer uma postura muito mais altruísta e um espírito de equipe bastante desenvolvido. Requer, ainda, grande aprimoramento das habilidades de desenvolver empatia, de provocar a motivação das pessoas e de compartilhar suas experiências. A competitividade deve ser substituída pela construção de um ambiente em que se compartilhem os interesses e as ações sejam voltadas para a edificação da visão e da missão empresarial. Uma concepção estratégica se faz necessária para o correto entendimento dos objetivos de longo prazo da organização, de forma a delinear e conduzir a equipe com vistas à concretização das etapas que levem à realização desses objetivos. As mudanças aqui citadas são somente…
Preservação ambiental e sustentabilidade como oportunidade de negócios
Como criar estratégias para a superação entre a dicotomia negócios e meio ambiente? É possível a conciliação dessas duas frentes? Esse foi o tema do seminário “Empreendedorismo e empresas com propósito”, que marcou o lançamento da Cátedra Economia e Meio Ambiente, parceria entre o Instituto Escolhas e o Insper. No evento, o empreendedor José Luiz Majolo apresentou sua trajetória na área de sustentabilidade e debateu o tema com a professora da casa Priscila Claro e da diretora científica do Instituto Escolhas Lígia Vasconcellos. No Brasil, o tema de economia e meio ambiente ainda não figura entre o mainstream das pesquisas acadêmicas. Ao abrir o evento, o presidente do Insper Marcos Lisboa destacou o crescente interesse pela área, devido aos problemas ambientais gerados pelo modelo de desenvolvimento baseado na exploração dos recursos naturais. Indústrias e empresas começam a voltar a atenção para modos de produção mais sustentáveis e menos agressivos ao meio ambiente. Esse é o caso de José Luiz Majolo, que apresentou sua trajetória na área de química verde e preservação ambiental. Uma trajetória em busca da sustentabilidade Majolo começou sua carreira como empreendedor verde aos 53 anos, depois de atuar por 35 no mercado financeiro. Quando esteve à frente do ABN AMRO Real, liderou a área socioambiental, com o desafio de criar linhas de crédito voltadas para desenvolvimento sustentável. “O trabalho que realizei no banco me deu muito prazer, mas a burocracia me cansava. Resolvi sair e pensar no que eu gostaria de fazer. As crenças eu já tinha: viver sem destruir o futuro; lucrar sem transgredir a ética; respeitar o entorno e a comunidade”, disse Majolo. Foi então que surgiu o projeto de construção de uma pousada sustentável em meio à mata atlântica. A razão de ser da Pousada Ronco do Bugio, em Piedade/SP, é a preservação da natureza local como atividade produtiva. Para tal, a construção seguiu como princípios norteadores o não desmatamento e o uso de materiais sustentáveis. Ou seja, as fundações da pousada foram feitas em locais já desmatados e portas, janelas e vigas vieram de materiais de demolições de fazendas mineiras. Não apenas o processo de construção seguiria matrizes da sustentabilidade, mas para Majolo o funcionamento da pousada também deveria estar em harmonia com a natureza, reduzindo ao mínimo o impacto ambiental. Assim, a pousada adotou um sistema de energia limpa, a partir da queda d’água que fornece 40% do que é consumido na pousada. “Eu sempre quis implantar um sistema de energia solar. Porém, quando faço os cálculos, o custo não compensa. O retorno é muito demorado”, disse Majolo. A pousada trabalha também com o tratamento de resíduos orgânicos, com ações para neutralizar o…
Reflexão e diálogo nas organizações: o papel da liderança nas culturas inovadoras
Qual a característica mais importante de um CEO para o desenvolvimento da cultura de inovação em uma organização? A resposta do professor de Liderança no IMD, escola de negócios suíça, Ben Bryant, é objetiva: interesse genuíno em aprender. Especialista em execução estratégica, cultura, crenças e valores em grandes organizações, Bryant tem grande experiência com desenvolvimento de executivos. Seu estudo mais recente trata do desenvolvimento da cultura inovadora por meio do diálogo. “Inovação é sobre pessoas, não sobre ciência. ” Na última quarta-feira, 22 de novembro, o professor fez a apresentação Cultura inovadora e criação de valor: o papel da reflexão e diálogo nas organizações para cerca de 70 profissionais brasileiros. A palestra foi realizada pelo Centro de Liderança e Inovação do Insper (CLI) em parceria com a Fundação ARYMAX, e reforçou os fenômenos e mecanismos que ajudam lideranças na construção do diálogo e na transformação da cultura das organizações. O que está acontecendo ao seu redor? O professor reforça que mudanças e inovações começam pela percepção que os líderes têm dos contextos que envolvem suas relações e organizações. Executivos absolutamente focados em seus projetos, reduzem a sua capacidade de perceber o que está acontecendo ao seu redor. Segundo o professor, a meditação pode ser uma forma de ajudar os executivos a se acalmarem, para notar o que está acontecendo e para conduzir as mudanças necessárias. Esse novo nível de percepção será importante na dinâmica do grupo de líderes e para o desenvolvimento da cultura inovadora e na criação de valores para a empresa. Diversidade não é sinônimo de inovação “Ter diversidade em uma equipe significa 5% do trabalho. Os outros 95% do trabalho de inovação são fazer com que as pessoas falem e trabalhem dentro da dinâmica do grupo”, garante Bryant. Portanto, segundo o professor, ter uma equipe com representantes de minorias não é garantia de resultados inovadores, pois visões diferentes não são suficientes para criar mudanças. A dinâmica do relacionamento entre os membros de uma equipe é o que definirá a sua capacidade de mudar. Segundo o modelo desenvolvido por Bryant, os elementos que devem ser considerados no desenvolvimento da dinâmica de um grupo são: autoridade, competitividade, coalizões, conflitos e transparência. Todos esses elementos impactam a capacidade de geração de mudanças e inovação das organizações e estão absolutamente interligados. Acesse aqui a apresentação: Innovation Culture and Value Creation O professor observa, no entanto, uma relação especial entre os elementos competitividade e transparência. Quanto maior o nível de compartilhamento de emoções e experiências – o que gera transparência - menor o nível de competitividade destrutiva. Bryant explica que a ideia de que profissionais deixam as emoções do lado de fora da…
Responsabilidade social das empresas e a satisfação dos funcionários
Estudiosos já observaram que empresas que adotam políticas de responsabilidade social (CSR, na sigla em inglês) aumentam o grau de satisfação no trabalho dos funcionários, gera emoções positivas e maior comprometimento com metas. Um longo estudo, publicado recentemente na revista acadêmica Management Decision, confirma esta observação. Realizada pela professora Giuliana Isabella, do Núcleo de Marketing Analítico, em coautoria com Simone Barakat, João Mauricio Boaventura e José Afonso Mazzon, da USP, a pesquisa aborda a conceituação de responsabilidade social e como o CSR age na identificação dos colaboradores com os valores da empresa e os efeitos gerados na motivação e no comprometimento. Com a utilização de dados secundários do Programa de Estudos em Gestão de Pessoas, o estudo foi baseado em mais de 85 mil questionários, de 381 empresas brasileiras, com perguntas sobre satisfação e imagem corporativa. Hipóteses O estudo partiu de duas hipóteses, com base na literatura sobre o tema. A primeira afirma que uma companhia que adota práticas de responsabilidade social relaciona-se positivamente com a satisfação de seus colaboradores. E, a segunda, que a imagem organizacional é o fator de mediação nesse relacionamento. Os resultados dos testes estatísticos mostraram que a CSR está, sim, relacionada com uma visão favorável da satisfação dos empregados, e confirma a hipótese da imagem organizacional como mediadora. "As ações orientadas à responsabilidade social por empresas leva a uma melhora da imagem da organização e esta, por sua vez, conduz a uma maior satisfação do empregado." A íntegra pode ser acessada neste link, exclusivo para assinantes da publicação: The influence of corporate social responsibility on employee satisfaction
Como resolver problemas complexos nas empresas?
por Lars Meyer Sanches Um recente estudo feito pela consultoria de educação corporativa AfferoLab junto a profissionais de recrutamento e seleção aponta que a competência mais difícil de ser encontrada em profissionais brasileiros é a capacidade de resolver problemas complexos. Essa mesma competência também foi considerada a mais relevante segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado em janeiro de 2016. Quando falamos de complexidade de problemas, existem dois tipos: a combinatorial e a dinâmica. A combinatorial é, por exemplo, a definição da rota de um veículo para entregar produtos de uma empresa de e-commerce. Ou como uma companhia aérea aloca seus funcionários nos diferentes voos de um período. Em ambos os casos, existe uma grande quantidade de possíveis combinações que precisam ser testadas. Já a dinâmica ocorre quando o número de possíveis alternativas não é grande, mas existem outros elementos que tornam o problema complexo. Esses tipos de problemas acontecem tanto em decisões internas de uma empresa, como em decisões que envolvam outras empresas, consumidores ou demais agentes. É quando a alta gerência de uma empresa precisa priorizar seus investimentos para alcançar um determinado objetivo. Uma empresa de telefonia móvel que busca aumentar seu faturamento deve priorizar investimentos para atrair novos clientes ou investir nos processos internos para melhorar o atendimento aos clientes atuais? Uma empresa que está sofrendo com alto turnover de funcionários deveria aumentar a remuneração dos colaboradores ou o número de recém-formados que serão contratados? Se uma empresa sofre com a entrada de um concorrente, deve reduzir preços ou investir no desenvolvimento de produtos/serviços que a diferencie da concorrência? Em todos esses casos, existem agentes (clientes, funcionários, concorrentes) com objetivos próprios e que irão reagir às decisões tomadas pela alta gerência. Essas reações podem demorar a surtir efeito. São esses os elementos que caracterizam um problema como complexidade dinâmica. Decisões Estratégicas Para lidar com problemas de complexidade combinatorial, as empresas estão cada vez mais usando softwares capazes de selecionar a melhor alternativa entre as milhares (e às vezes milhões) de combinações possíveis. O grande desafio está na forma com que muitos executivos lidam com problemas de complexidade dinâmica. Muitas das decisões estratégicas acabam sendo tomadas a partir do feeling de executivos ou em análises simplistas que não consideram as reações dos agentes e o tempo para que os efeitos das decisões apareçam. Tomar decisões estratégicas baseadas em uma lista de vantagens e desvantagens, ou até mesmo por meio de uma análise SWOT, pode gerar resultados abaixo do desejado. Felizmente, existem métodos e ferramentas adequadas para a tomada de decisão em ambientes com complexidade dinâmica. Umas delas é a Dinâmica de Sistema, ou Business Dynamics, usada por…
Os rumos e desafios da inovação social
Muito se fala sobre tecnologia e inovação. Mais do que isso, existe uma certa ‘tecno utopia’ que atribui à conectividade, cada vez maior entre as pessoas, a promoção da democratização instantânea e da prosperidade. Mas será que a tecnologia em si tem o poder de reconstruir o mundo ou será que há um potencial não explorado e ainda mais transformador por trás dessas mudanças? Para discutir esses e outros dilemas, o Centro de Liderança e Inovação ao lado da Fundação Arymax, receberam o Diretor Executivo do centro cultural e comunitário 92Y, de Nova York, Henry Timms. Ele e a diretora executiva e co-fundadora do Centro, Carolina da Costa, debateram sobre os principais rumos e desafios da inovação social. Segundo ele, uma visão muito mais interessante e complexa, onde dois poderes distintos se contrapõem, pode ser a resposta para uma transformação que na verdade estaria só começando. Henry Timms afirma que a principal mudança da nossa sociedade não está na tecnologia em si, mas na forma como enxergamos o poder. Assim, ele diferencia dois cenários: o poder antigo e o novo. O antigo poder seria representado por algo mais restrito, para poucos. “Funciona como uma moeda que deve ser poupada”, explica. Já o novo poder opera de forma diferente, traria um conceito mais participativo e transparente, no qual o objetivo principal não é armazenar o poder (ou a moeda), mas canaliza-lo. Segundo ele, essa mudança também constitui novas lideranças e perspectivas por parte do grupo. Neste sentido, cada vez menos esperamos soluções prontas. Esperamos que as lideranças criem contextos para a solução de problemas em conjunto. [caption id="attachment_2300" align="alignnone" width="5333"] Henry Timms e Carolina da Costa durante debate[/caption] A Inovação Social O novo poder ganha força a partir de grupos de indivíduos com capacidade de ir além do simples consumo de ideias e bens. Com a inovação social, os valores criados a partir de uma nova concepção de poder passam a transformar a forma como as pessoas se sentem, no que acreditam e como se comportam. Diante disso, se antes não se exigia muito do consumidor além da compra, agora o novo poder traz um fator revolucionário que é a participação, tornando o engajamento com uma causa a maior missão e desafio da inovação social. Na “Escala de Participação” desenhada por Henry Timms em parceria com seu colega Jeremy Heimans, o modelo novo tem nas pessoas seu principal alicerce, de modo que qualquer campanha precisa e depende da adesão e do engajamento de forma orgânica. Isso já acontece, por exemplo, em plataformas como YouTube, Airbnb ou Wikipedia. Segundo ele, o termômetro de uma boa campanha começa com o consumo tradicional de conteúdo, passa pelo compartilhamento,…
Search Funds: um novo modelo no mercado brasileiro de Private Equity
Nosso Centro de Empreendedorismo e a TAQIA Capital uniram-se para realizar um seminário sobre Search Funds, uma modalidade de investimento estabelecida nos EUA desde o início da década de 80 e que vem ampliando sua atuação no mercado brasileiro, no segmento de middle market. Investimentos escolhidos a dedo Diferente de um fundo de Private Equity, o modelo de Search Fund funciona com um empreendedor à frente do negócio, não só sob o ponto de vista financeiro, mas também de gestão, já que se tornará o principal líder da organização. Esse processo de escolha, portanto, deve ser muito criterioso devido ao risco de investimento e de performance do gestor. O Search Fund diferencia-se também de um Venture Capital, em que normalmente os investidores buscam diversas oportunidades de negócios embrionários e lucram com apenas alguns deles. Para Rafael Somoza, co-CEO e fundador da QMC Telecom International Holdings LLC, a principal diferença talvez seja o perfil do investidor. “Todos têm veia de empreendedor. Mas nos Search Funds, é preciso ter aquele algo a mais. É mais do que o fator risco, é saber lidar com o incerto”, explica. Receita do sucesso Somoza aponta alguns fatores-chave que podem ser considerados parte da “fórmula de sucesso” para aqueles que demonstram interesse e habilidade por esse tipo de operação. 1 – Perfil jovem com excelente currículo e pouca experiência profissional, agressivo e motivado; 2 – Forte valor agregado, base de investidores e conselho administrativo; 3 – Indústria atrativa: modelo de negócio simples e confiável, sem grandes riscos; 4 – Empresa estável com potencial de crescimento e oportunidade de melhorias operacionais; 5 – Compra a um preço razoável. Outro ponto que Somoza reforçou foi a importância de trazer conselheiros experientes e com know-how no segmento escolhido. Como normalmente o empreendedor tem um perfil mais jovem, um conselho de administração experiente é fundamental para o sucesso da empresa a longo prazo. No caso de investimento estrangeiro, o executivo lembra da importância de parceria com empresários e investidores locais. Essa união é importante para que os novos empresários conheçam melhor o mercado de atuação. Acesse a apresentação de Rafael Samoza sobre o modelo de Search Funds. Empresas de middle market O coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, Paulo Furquim de Azevedo, apresentou o contexto brasileiro para a consolidação de empresas de pequeno e médio porte. A produtividade é um fator muito importante para a estabilização de uma empresa e, neste sentido, o Brasil apresenta crescimento significativo em apenas dois setores: agricultura e na área financeira, em especial quando comparado com outros países desenvolvidos. Nos demais países percebe-se a importância da tecnologia, que vem impulsionando o crescimento e produtividade de outros segmentos. Segundo o pesquisador, esta é uma oportunidade para…
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